Angra Fest esquentou o clima com grandes nomes do metal nacional em Curitiba

Com alta temperatura na casa de shows, o público presente prestigiou artistas do cenário

Por Vic Heloise

Electric Mob – Foto: Vic Heloise

Conhecida por invernos rigorosos e chuvas ininterruptas, a capital paranaense vem tendo uma semana com recordes de temperatura alta, e não poderia ter sido diferente neste sábado (25). Mal poderíamos prever que o calor extremo e incomum para Curitiba iria definir o termômetro do Angra Fest. O clima no White Hall Jockey Eventos começou animado pelo público que vivenciaria quatro icônicas bandas em uma só noite: Os primeiros foram os curitibanos da Electric Mob, banda de rock autoral que acaba de lançar o álbum 2 Make U Cry & Dance. Energizados pela presença em um festival com os maiores nomes do metal nacional, o grupo entregou sua alma e suor no palco.

E haja suor! A casa que geralmente é utilizada para outros tipos de eventos não forneceu conforto para ninguém: músicos, fotógrafos, seguranças, staff, vendedores de merchandising e, principalmente, os fãs sofreram com um calor intenso e inconfundível. O espaço não dispunha de ar-condicionado e somente quem ficou na pista conseguiu minimamente um vento vindo das portas abertas para a área interior. 

Mas a noite só estava começando, e o público estava só se aquecendo – literal e figurativamente – com os curitibanos que tem uma pegada da cena underground americana. Conhecidos em eventos locais como o Festival Crossroads, a banda ganhou participação do público em singles como “Devil You Know”, “Upside Down”, “King’s Ale” do debut Discharge e “Sun Is Falling”, “Love Cage” e “It’s Gonna Hurt” do lançamento deste ano. O destaque foi para o vocalista Renan Zonta que caprichou na voz rasgada e poderosa, e manteve o público firme para a próxima atração: Viper.

Viper – Foto: Vic Heloise

Se tem uma banda que ganharia o troféu de simpatia, essa banda seria o Viper. É inegável que, além da qualidade musical, o grupo tem a maior felicidade em pisar nos palcos. Pit Passarell constantemente distribuía sorrisos para a audiência, enquanto Leandro Caçoilo segurava as notas em “Knights Of Destruction”, do Soldiers Of Sunrise.

Já Felipe Machado e Kiko Shred esbanjaram suas técnicas de guitarra, com muito feeling e empolgação. A “Cry From The Edge”, de Theatre Of Fate, seguida de “Evolution” e “Coma Rage” com Pit Passarell nos vocais provou que a banda dos anos 80 se mostra mais firme do que nunca, e especialmente renovados com o recente retorno das turnês e gravações dos últimos singles. Por enquanto, o novo álbum Timeless ainda não teve a data de lançamento divulgada e só teve o single “Under The Sun” contemplado no setlist.

Destaque foi para “Living For The Night”, do Theatre Of Fate, que teve participação do público com palmas e coro, saudando o maestro Andre Matos. É impossível dissociar Viper e Angra da voz de um dos maiores cantores nacionais e que, infelizmente, perdemos cedo demais. Uma homenagem também seria feita, mais tarde, por Rafael Bittencourt e Fabio Lione na música “Make Believe”, do Holy Land.

Munidos de uma banda novata e de uma banda clássica, a audiência agora se prepara para os cariocas do Matanza Ritual. Em contraponto aos colegas com letras em inglês, o vocalista Jimmy London chegou pesando palavras em português com “O Chamado do Bar”, do álbum A Arte do Insulto. A postura carrancuda do vocalista abriu portas para a formação de moshs ao longo do show.

Matanza Ritual – Foto: Vic Heloise

Mas esse foi outro ponto quente da noite. Os seguranças impediram os moshs do público. Tradicional em shows do Matanza, houveram relatos de que a brincadeira foi diversas vezes interrompida de maneira impositiva e agressiva pelos seguranças da casa. Apesar disso, as rodinhas continuavam – ao menos na pista premium – durante o andar do show. Como, em geral, as músicas do grupo tem menor duração, o setlist contemplou muitas canções, principalmente do álbum de 2006, A Arte do Insulto. Dentre as mais conhecidas estavam a “Clube dos Canalhas”, “Eu Não Gosto de Ninguém”, “Tempo Ruim” e “A Arte do Insulto”.

Os nervos aflorados, o dia quente, as letras sugestivas, o horário do festival (que a essa altura chegava às 23h) e o setlist longo do Matanza formaram uma somática de cansaço. Por mais animado que o show dos cariocas tenha começado, a banda foi perdendo a aderência do público que se apresentava mais fadigado. Porém, as últimas gotas de esforço viriam para o headliner.

O Angra ressuscitou a energia do público quando subiu ao palco para a sua apresentação. Começando com “Newborn Me”, do álbum Secret Garden, e já emendando com “Nothing To Say”, do Holy Land, os fãs agora estavam renovados e cantando o mais alto que conseguiam. A turnê que celebra 30 anos da banda trouxe no setlist os principais singles e hits da banda. Mas era evidente que músicas como “Angels Cry”, “Lisbon” e, principalmente, “Rebirth” eram as que conseguiam arrancar mais fôlego da audiência. Esta última, inclusive, foi a que sem dúvidas teve o coro mais alto da noite e a participação ilustre do curitibano Fabio Lima. O premiado artista garantiu o som mais limpo nas primeiras notas de Rebirth e foi ovacionado na casa.

Angra – Foto: Vic Heloise

Essa noite que trouxe até novidades como “Lease Of Life”, do álbum Aqua, que não era tocada desde 2011 ganhou uma nova roupagem com os vocais de Fabio Lione. O italiano conhecido pela poderosa voz foi, como sempre, muito simpático com o público. Como de costume, pediu para os fãs repetirem melismas no palco, mostrando um range vocal impressionante – apesar de estar mascando chicletes durante a apresentação. 

Seguindo para a seção acústica do espetáculo, Rafael Bittencourt, o único membro da formação original atualmente na banda, teve um momento intimista com a plateia. Ele começou agradecendo Curitiba por mais um show, e relembrou a importância da cidade nos primeiros passos da jornada do grupo. A homenagem para a capital foi com “Reaching Horizons”, do EP Freedom Call.

Como citamos anteriormente, a homenagem da vez foi para Andre Matos com “Make Believe”. Rafael pontuou que o Angra não teria existido sem o vocalista que marcou a história de grandes bandas brasileiras. E as emoções não pararam por aí: apesar de uma relação de altos e baixos, Bittencourt fez questão de também homenagear Edu Falaschi com “Bleeding Heart” – postura que foi recebida com surpresa e positividade pelo público que acompanha as tretas.

Antes da famosa dobradinha, “Magic Mirror” do álbum Omni deu uma esfriada no público. Em geral, as músicas do último álbum não tiveram grande participação da audiência, que se firmou mais com músicas das outras eras da banda. Mas agora era hora dos maiores hits do Angra: “Carry On” e “Nova Era”. Já passava das 3h da manhã quando todos fizeram o último esforço para pular ao som dos maiores clássicos da banda, e que nunca são demais num setlist. Era o momento mais aguardado da noite e, sem dúvidas, que fez valer todo o esforço de ficar horas em pé.

Angra – Foto: Vic Heloise

Apesar dos pesares, o Angra Fest foi uma boa intenção para unir bandas de cenas diferentes, prestigiando artistas locais e homenageando grandes músicos. Nesse sentido, o evento foi muito bem sucedido com músicos extremamente competentes no palco. Porém, os pagantes da pista comum ficaram indignados, pois ao ficarem em uma posição absurdamente longe do palco, pessoas com baixa estatura – como a quem vos escreve – viram o espetáculo com muita dificuldade. Espero que tal situação seja esclarecida nos dias a seguir e que o sucesso na performance das bandas no evento não seja afetado pela opinião pública sobre os problemas enfrentados. Que mais artistas encontrem em Curitiba uma opção de destino para suas respectivas turnês.

Um agradecimento à assessoria e produção do evento pela oportunidade em cobrir o festival na cidade!


GALERIA DE FOTOS (ANGRA/ CWB):


GALERIA DE FOTOS (ELECTRIB MOB/ VIPER/ MATANZA RITUAL/ CWB):


SETLIST ANGRA:
1 – Newborn Me
2 – Nothing to Say
3 – Travelers of Time
4 – Angels Cry
5 – Lisbon
6 – Ego Painted Grey
7 – Late Redemption
8 – Rebirth
9 – Winds of Destination
10 – Lease of Life
11 – Black Widow’s Web
Set Acústico
12 – Reaching Horizons
13 – Make Believe
14 – Waiting Silence
15 – Bleeding Heart
16 – Magic Mirror
BIS
17 – Unfinished Allegro/ Carry On
18 – Nova Era


Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*