Bruce Dickinson presenteia fãs cariocas com show memorável que percorre toda a sua carreira solo

Por Gustavo Franchini


Após uma longa espera (precisamente 25 anos), os fãs brasileiros que residem na Cidade Maravilhosa tiveram a oportunidade histórica de presenciar um verdadeiro espetáculo: o vocalista Bruce Dickinson (Iron Maiden), a lenda viva do heavy metal internacional, em show completo de sua premiada carreira solo, que possui tantas músicas de qualidade que fica até difícil reunir tudo em um setlist só. Em turnê pelo Brasil com The Mandrake Project, fez show também em Curitiba, Porto Alegre (antes das enchentes no RS), Brasília, Belo Horizonte, Ribeirão Preto e São Paulo com abertura da banda paulista Noturnall (veja fotos da apresentação ao final da resenha).

Memórias do clássico Scream for me Brazil (1999), gravado em São Paulo, vieram à tona com a escolha de músicas que percorreram principalmente os dois mais pedidos pelos fãs; Accident of Birth (1997) e The Chemical Wedding (1998), considerados pela mídia mundial como um dos grandes álbuns de metal da história, presente em diversos top 10. Isso se deve ao fato de o ‘gigante senhorzinho’ inglês de 65 anos ter gravado no auge de sua criatividade e qualidade como cantor, em um nível tão alto a ponto de se tornar quase impossível de fazer cover. Sim, só o próprio Bruce consegue reproduzir ao vivo tais canções com tamanha fidelidade.

(Confira nos destaques do Instagram os melhores momentos do show!)

Com certeza o guitarrista, produtor e principal parceiro de composição Roy Z fez falta nos shows brasileiros, mas com seus compromissos de trabalho se tornou inviável participar das datas. Ao invés disso, tivemos a cozinha completada por Philip Naslund e Chris Declercq nas guitarras, além do simpático Mistheria nos teclados, o excelente Dave Moreno nas baquetas e, claro, a competente baixista Tanya O’Callaghan, que também acompanhou o músico no ano passado, quando esteve aqui com orquestra em um concerto homenageando a lenda Jon Lord e o Deep Purple. Apesar de alguns deslizes na parte instrumental em trechos específicos, os intregrantes parecem entrosados e é de se esperar futuras colaborações.

Ao soar a introdução com “Toltec 7 Arrival”, a noite já começa com “Accident of Birth”, seguida de “Abduction” (a única do Tyranny of Souls, de 2005) e “Laughing in the Hiding Bush”, do ótimo segundo disco Balls to Picasso (1994). Com muita energia no palco e o carisma de sempre, Bruce teve o público nas mãos desde o início, mostrando que depois de tantos anos ainda continua com a sua voz praticamente intacta, sem fugir de nenhuma nota complicada e interpretando as composições autorais com maestria. Uma tela ao fundo mostra imagens que se conectam às canções e criam um clima para que todos se sintam imersos no espetáculo. A iluminação, por sinal, estava bem sincronizada com a bateria, o que gerou ainda mais empolgação da plateia.

E parece que o hiato em sua carreira solo se mostrou acertado, já que após um álbum não tão empolgante, Bruce nos entrega neste ano The Mandrake Project com boas composições, dentre as quais quatro delas marcaram presença no repertório, tendo uma decente receptividade do público e muita força ao vivo. Contudo, nada supera a reação em “Chemical Wedding”, “Gates of Urizen”, “The Alchemist” e o hit “Tears of the Dragon”. O cover de The Edgar Winter Group, “Frankenstein”, também se mostrou interessante. O vocalista se divertiu bastante tocando percussão e teremim, arrancando sorrisos de todos.


O negócio ficou sério quando simplesmente “Darkside of Aquarius” foi executada, após 12 músicas serem tocadas no show, o que é de se impressionar, visto que é uma das mais difíceis de cantar e Bruce, como sempre, tirou de letra. O bis veio após um curto intervalo com uma trinca de causar inveja a qualquer artista que se preze a fazer carreira solo; a belíssima “Jerusalem” (no lugar da balada “Navigate the Seas of the Sun”), a sensacional “Book of Thel” e a porradeira “The Tower”. Que apresentação!

A boa notícia é que Bruce Dickinson prometeu voltar ao país em 2025. Considerando que o Iron Maiden fará um show único em São Paulo no final do ano, é possível imaginar que seja novamente com a sua carreira solo. E os brasileiros agradecem!

Nossos agradecimentos a todos os responsáveis por tornarem o evento possível e, em especial, para a Rider2 e Midiorama pela parceria, confiança e credibilidade dada à equipe do Universo do Rock.


Veja a galeria de fotos do show (Bruce Dickinson no Rio de Janeiro/ RJ):


Veja a galeria de fotos da banda de abertura (Noturnall no Rio de Janeiro/ RJ):



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