Por: Gustavo Franchini
No dia seguinte (25), nomeado Dia do Metal, a Cidade do Rock foi tingida de preto, pois tudo que era possível enxergar em um raio de 200 metros eram fãs de camisas pretas, animados e prontos para o dia mais pesado do festival! O dia prometeu e cumpriu, foram apresentações excelentes, do começo ao fim.
O Matanza abriu o Palco Sunset com grande estilo! Com um repertório grande, apesar da curta duração da apresentação, o grupo liderado pelo vocalista Jimmy London comandou o público durante todo o show, lotando o espaço destinado para a plateia. A intensidade foi bastante sentida por quem estava passando ao lado e observou os fãs pulando e cantando todas as músicas, além de agitarem os braços, sem nenhum intervalo entre uma canção e outra. A qualidade técnica do palco ainda estava muito boa no início, o que favoreceu para que cada riff de guitarra fosse perfeitamente audível. O convidado do show foi o rapper BNegão, que tocou músicas de sua carreira e do Matanza, além da participação mais do que especial de Paulão (ex-Gangrena Gasosa), que animou ainda mais o público.
O thrash metal do Korzus se apresentou logo em seguida, com um som pesadíssimo, digno da reputação que carrega dentro do cenário do metal nacional. Mesmo com as dificuldades técnicas (em especial, durante a participação do The Punk Metal Allstars), o vocalista Marcello Pompeu levantou a plateia, que empolgava em todas as músicas e respondia muito bem ao som da banda, como todo mérito!
ANGRA
Já o Angra não teve a mesma sorte, pois enfrentou problemas extremos na parte técnica, o que comprometeu toda a sua apresentação, com ênfase no vocalista Edu Falaschi, que estava cantando abaixo do normal, pois não tinha retorno algum, o que prejudica bastante sua performance. As guitarras eram praticamente inaudíveis em alguns momentos e o baixo só aparecia em certos momentos, o que tornou tudo bem complicado. Contudo, a banda não abaixou a cabeça e fez um show com energia e dedicação, com o forte apoio dos fãs. A participação da vocalista Tarja Turunen (ex-Nightwish) não melhorou a apresentação, apesar da bela voz e do esforço da mesma para cantar as músicas, pois a questão técnica atrapalhou seu talento. É uma pena!
SEPULTURA
Os gigantes do Sepultura também sofreram com este problema, o que causou certa revolta do guitarrista Andreas Kisser, durante a apresentação, no que prometia ser um grande show com a participação de Tambours du Bronx. A experiência de ambas as bandas conseguiu tornar possível um espetáculo que agradasse aos fãs, mas a sensação de que poderia ser melhor é inegável. Aliás, por que bandas com tamanho peso e renome no cenário não estavam se apresentando no Palco Mundo, lugar mais do que merecido?
GLORIA
No Palco Mundo, os paulistanos do Glória fizeram um show que não chamou a atenção da maior parte do público presente, que além de não conhecer a banda, também não se cativou com a falta de peso proposta pelo quinteto, que conta com um novo integrante, o jovem e ótimo baterista Eloy Casagrande, conhecido por ter excursionado com o lendário vocalista André Matos (ex-Angra, Shaaman e Viper). A banda apelou para covers do Pantera, como em“Domination” e “Walk”, único momento em que a plateia pulou e se empolgou de verdade.
COHEED AND CAMBRIA
Logo em seguida, os norte-americanos do Coheed and Cambria repetiram o feito: tocaram para um público desanimado e que desconhecia sua carreira, com destaque para a execução do cover da clássica “The Trooper”, do Iron Maiden, que assim como no show do Glória, foi o único momento em que a maioria pulou e cantou em uníssono.
MOTÖRHEAD
E como diz o ditado “panela velha é que faz comida boa”, os ingleses do Motörhead vieram ao palco para mostrar que a experiência é essencial para garantir uma apresentação destruidora. E como! Foi uma porrada (literalmente) de clássicos, um atrás do outro, com interação a todo momento e ainda um solo de bateria impecável de Mikkey Dee. O público não parava de abrir rodinhas e pular por um minuto sequer! O setlist contou com hits como “Iron Fist”, “Ace of Spades” e até uma homenagem ao Brasil com “Going To Brazil”, além de “Metropolis”,“Killed By Death”, entre outras. Apesar da produção de palco bem simples, que não condiz com recentes apresentações da banda, o power trio deu uma aula de rock´n´roll!
SLIPKNOT
Porém, a noite definitivamente estava destinada para os norte-americanos do Slipknot. Com uma performance maravilhosa (para não dizer perfeita), produção de palco de lacrimejar os olhos e presença de palco incomensurável de todos os integrantes, os mascarados mostraram com o seu nu metal o que é possível fazer em cima de um palco para proporcionar um espetáculo visual e sonoro de máxima qualidade.
Estamos falando aqui de uma percussão que se move por elevações nas laterais; um vocalista que, apesar de ter feito um show inteiro na noite anterior, não parou de correr de um lado para o outro do palco e interagir com a plateia, além de uma excelente técnica vocal; uma bateria que simplesmente gira e se posiciona na vertical (isso mesmo!!!), algo que jamais vi em minha vida; um DJ que pula no meio da plateia, de uma distância de 4 metros; efeitos pirotécnicos para todos os lados e um público que, além de cantar todas as músicas com enorme empolgação e felicidade, ainda clamava por mais!
Ah, não posso me esquecer do momento em que o vocalista Corey Taylor pediu para que todos abaixassem (sim, isso mesmo, 100.000 pessoas abaixadas ao mesmo tempo) e, logo depois, pulassem com a execução da música… Indescritível sensação! Se for possível destacar alguma música sem ser injusto, os créditos vão para “Wait and Bleed”, “Psychosocial”, “Duality” e, a melhor de todas, “People = Shit”.
METALLICA
Para fechar a noite com “chave de ouro”, nada mais nada menos do que o tão esperadoMetallica, que fez com que o mais cansado metaleiro na Cidade do Rock se levantasse e bravejasse cada uma das letras das memoráveis músicas do quarteto, considerada uma das maiores bandas de heavy metal da história. Além de estar com uma qualidade técnica de som perfeita em sua apresentação, os gigantes do Metallica não pouparam esforços para dar o melhor para o público. Efeitos pirotécnicos e fogos de artifício estavam presentes a todo momento, somado ao incrível fôlego dos integrantes, que já são quarentões, e mesmo assim demonstraram que a paixão pela música é ainda mais forte do que a idade! Todavia, o grande fator decisivo para tornar esta noite tão especial foi o setlist escolhido pelos mestres. Que setlist! Para fã nenhum botar defeito!
Músicas excepcionais e que estão guardadas na cabeça de todos os verdadeiros headbangers, como por exemplo “Creeping Death”, “For Whom the Bell Tolls”, “Ride The Lightning”,“Fade to Black”, “Sad But True”, “One”, “Master of Puppets”, “Blackened”, “Enter Sandman”, entre outras, fizeram o público enlouquecer. A surpresa veio com a homenagem ao falecido baixista Cliff Burton, com a linda “Orion”, que emocionou a todos. Para quem pensou que nunca ouviria “Whiplash” ao vivo, lá estava ela. O hit “Nothing Else Matters”, como não poderia deixar de ser, também marcou presença. O público tanto pediu, que conseguiu: “Seek & Destroy” para fechar a noite, com direito a dezenas de balões enormes para entreter o público durante sua execução e fãs ainda entregaram uma bandeira em homenagem a Cliff Burton, que foi devidamente pendurada no meio do palco pelos integrantes. Que honra! Em mais de 2 horas de show, 18 músicas e produção de palco que só perde para o Slipknot, o Metallicamostrou por que consegue reunir um público imenso e fanático pela banda, com milhões de fãs espalhados ao redor do mundo. Que noite inesquecível para os apreciadores da boa música!
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