Men at Work esbanja sucessos com maestria para público de todas as idades no Rio de Janeiro

Por Gustavo Franchini


A década de 80 é um dos períodos mais prolíficos da música mundial. Muitas bandas e artistas da época lançaram verdadeiras artes, obras-primas que ficaram marcadas por gerações. E uma delas, sem sombra de dúvidas, veio na forma dos australianos do Men at Work, que com seus discos Business as Usual (1981) e Cargo (1983) se solidificaram como um dos maiores nomes do pop rock internacional. Sua mistura bem-sucedida do gênero com new wave (e até mesmo reggae) gerou músicas muito criativas que certamente acompanham a vida de muitas pessoas. O líder, principal compositor, frontman, vocalista e guitarrista Colin Hay é o único integrante remanescente do quinteto, tendo a missão de carregar o precioso legado em sua nova turnê que passa pelo Brasil.

O primeiro show da perna brasileira presenteou os cariocas no dia 17 (sábado) na casa de shows Qualistage, que comportou um público que praticamente lotou todos os setores. O mais curioso é que foi possível observar o impacto da música da banda em todas as faixas etárias, já que haviam jovens adultos, adolescentes, idosos etc, ou seja, boa música não tem idade! E com essa vibe que Colin Hay e cia subiram ao palco e abriram o show com “Touching the Untouchables”, do primeiro álbum, e logo de cara o que dava pra perceber é que a voz do senhor de 70 anos estava afiadíssima, surpreendentemente mantendo todas as notas originais e sem apresentar tanto esforço para alcançar tons mais agudos.


Na sequência veio “No Restrictions”, canção do segundo álbum que possui linhas intrincadas de flauta, já remetendo ao trabalho saudoso de Greg Ham, que seria lembrado durante toda a noite através de muitas frases marcantes tanto neste instrumento como no saxofone e teclado. E a responsável por carregar tal tarefa foi a multi-instrumentista americana Scheila Gonzalez, que conquistou a todos com sua performance de tirar o fôlego, seja na fidelidade de reprodução da gravação original ou até mesmo nos solos improvisados muito inspirados. Definitivamente uma ótima escolha para formar a sua cozinha, que ainda conta com a divertida peruana Cecilia Noël (esposa de Hay) na percussão e vozes adicionais, além de três cubanos muito competentes; o guitarrista San Miguel Perez, o baixista Yosmel Montejo e Jimmy Branly nas baquetas.

A carreira solo de Hay também se fez presente na inspirada “Come Tumblin’ Down” e “Can’t Take This Town”, enquanto o público começou a se preparar para as mais esperadas, ou seja, os hits que tanto embalaram casais até mesmo em novelas da Globo. Após a primeira canção que levantou os ânimos em “Down by the Sea”, tivemos o reggae de “Blue for You” e, então, “I Can See It in Your Eyes” fez com que até o mais sonolento começasse a dançar com a melodia de sintetizador tão característica e seu refrão marcante. A animada “Dr. Heckyll & Mr Jive” abriu espaço para a psicodélica “No Sign of Yesterday” (uma das melhores de Cargo) e o hit máximo “Who Can It Be Now?” com uma das mais emblemáticas frases de saxofone da história da música, cantada em uníssono pela plateia.


Aliás, algo que o Men at Work sempre fez muito bem foi criar músicas com estruturas simples e, ao mesmo tempo, com melodias cativantes, que ficam sendo cantadas na cabeça por um longo tempo após ouvir. “Underground” e “Upstairs in My House” mantiveram o ritmo de festa que “Catch a Star” (demonstrando novamente as influências de reggae) complementou antes da verdadeira celebração começar com uma das mais sensacionais canções do gênero, arrancando sorrisos, pulos e gritos do público em “It’s a Mistake” e o total êxtase em “Down Under”, lembrada pelo genial riff de flauta e seu clipe hilário (vale a pena conferir no YouTube), que levantou o nome da banda às alturas.

Após um breve bis, a alegria é retomada com o hino “Overkill”, a mais pedida da noite, levantando até as pessoas das cadeiras do camarote, tornando quase impossível ouvir a voz de Hay com tanta gente berrando as letras da música! “Into My Life” é especial para os brasileiros e “Be Good Johnny” encerra com maestria um setlist tão bem escolhido e que arrancou tantos aplausos dos presentes. A turnê por aqui continua em Curitiba (20) e São Paulo (21), duas cidades que terão a honra de receber a autêntica celebração de boa música. Agora nos resta aguardar por uma nova passagem da banda por terras tupiniquins!

Nossos agradecimentos a todos os responsáveis por tornarem o evento possível e, em especial, para a MCA Concerts, Rider2 e Midiorama pela parceria, confiança e credibilidade dada à equipe do Universo do Rock.


Veja a galeria de fotos do show (Men at Work/ RJ):



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