Sting enfileira sucessos do The Police e de sua carreira solo em show memorável na cidade paulista

Texto: Ana Carolina Dias
Revisão e Edição: Gustavo Franchini

Foto: Camila Cara

Ex-vocalista e baixista do The Police, além de vencedor de dezessete Grammys, Sting subiu ao palco do Auditório do Ibirapuera, em São Paulo, no último domingo (16), para um show impecável. O artista encantou o público com clássicos da banda que marcou sua trajetória por décadas, além de sucessos de sua carreira solo. Em um dia de calor intenso, o local mostrou-se um ambiente agradável com sua ampla área arborizada, proporcionando conforto ao público. Além disso, ilhas de hidratação garantiram a distribuição gratuita de água, em conformidade com a portaria GAB-SENACON/MJSP nº 44, de 26 de agosto de 2024, da Secretaria Nacional do Consumidor, que exige que organizadores de grandes eventos, como shows e festivais, ofereçam água potável ao público.

Acompanhado do guitarrista Dominic Miller e do baterista Chris Maas, o músico britânico, que não se apresentava no Brasil há oito anos, iniciou sua passagem pelo país com um show emocionante no Rio de Janeiro, onde foi aclamado pelo público carioca. Depois de São Paulo, o trio seguirá para Curitiba, última parada da turnê “Sting 3.0” no Brasil, que acontece nesta terça-feira (18).

O show, programado para começar às 19h30, teve seu início pontual às 19h34. A noite foi aberta com o clássico “Message in a Bottle”, faixa que também dá início ao segundo álbum de estúdio do The Police, Reggatta de Blanc (1979). Logo nos primeiros acordes, Sting saudou o público em português com um simpático “Oi, paulistas”, arrancando gritos entusiasmados da plateia. Ao fim da música, ele agradeceu com um caloroso “Obrigado”, conquistando ainda mais os fãs.

Na sequência, apresentou dois de seus grandes sucessos solo: “If I Ever Lose My Faith in You” e “Englishman in New York”. O público se entregou à performance, acompanhando com palmas e cantando o refrão em uníssono. O artista aproveitou para apresentar sua banda e, ao mesmo tempo, exibiu sua maestria no baixo, presenteando a todos com um solo estendido que arrancou aplausos entusiasmados. Em “Every Little Thing She Does Is Magic” (The Police), Sting mais uma vez interagiu com o público de forma carinhosa, agradecendo: “Muito obrigado, estou muito feliz de estar aqui com vocês.”

De volta aos sucessos de sua carreira solo, “Fields of Gold”, lançada no álbum Ten Summoner’s Tales (1993), se consolidou como um dos maiores clássicos de Sting. A música se destaca pela simplicidade e profundidade emocional com uma interpretação sincera, o que a transformou em uma das favoritas dos fãs. Além disso, esta linda canção foi amplamente aclamada pela crítica, evidenciando a habilidade de Sting como compositor. “Never Coming Home” foi um momento de destaque, oferecendo ao público a oportunidade de apreciar a habilidade individual dos músicos da banda. Com solos de baixo, guitarra e bateria, ficou claro que a qualidade técnica do trio é inegável. Não há surpresa nisso, afinal, desde os tempos de The Police, Sting se consolidou como um artista completo, demonstrando seu talento em diversas facetas musicais.

Foto: Camila Cara

Uma grata surpresa da noite foi a execução de “Synchronicity II” (The Police), música que ficou de fora da apresentação no Rio de Janeiro e que, além disso, ainda não havia sido tocada em 2025. No entanto, parece ter ocorrido uma troca estratégica na escolha dos setlists das duas apresentações até o momento. Por exemplo, o público de São Paulo ficou sem a execução de “Why Should I Cry for You?”. Essas foram as únicas diferenças entre as noites no Rio e em São Paulo. Agora, resta aguardar para ver o que o setlist de Curitiba tem reservado.

Antes de convidar o público às palmas em “Seven Days”, Sting apresentou “Mad About You”, uma canção com uma instrumentação riquíssima, que mistura habilidosamente elementos do rock e do pop. A dançante “All This Time” veio logo em seguida a essa sequência de três músicas de sua carreira solo. Em um dos pontos altos da noite, Sting emendou a trinca de sucessos do The Police: “Wrapped Around Your Finger”, “Driven to Tears” e “Can’t Stand Losing You/ Reggatta de Blanc”. Esse foi um dos momentos em que o público se entregou completamente, cantando, aplaudindo, dançando e participando em coro, a pedido do frontman.

As três músicas compartilham elementos marcantes: além de serem grandes sucessos do The Police, todas exploram temas emocionais ligados a relacionamentos, mas de maneiras distintas. “Wrapped Around Your Finger” aborda o poder e a manipulação em um relacionamento, “Driven to Tears” fala sobre a frustração e angústia diante das injustiças do mundo, e “Can’t Stand Losing You” expressa a dor de um amor não correspondido. Outro ponto comum entre elas, que se torna ainda mais evidente quando executadas em sequência, é a complexidade musical. As três canções apresentam arranjos sofisticados, misturando elementos do rock, reggae e jazz, uma característica marcante do som do The Police. Além disso, elas possuem mudanças de ritmo e dinâmicas que exigem habilidade técnica tanto dos músicos quanto dos ouvintes.

“Shape of My Heart”, uma das músicas mais emblemáticas da carreira solo de Sting, trouxe um toque introspectivo e emotivo ao seu repertório. A canção foi aclamada pela crítica e rapidamente se tornou um clássico, conquistando a apreciação de fãs e críticos ao longo dos anos. Além disso, sua popularidade foi ainda mais consolidada após ser incluída na trilha sonora do filme Léon: The Professional (1994), o que ajudou a alcançar um público ainda maior e a garantir seu lugar como uma das faixas mais memoráveis de Sting. Na sequência, a mais recente “I Wrote Your Name (Upon My Heart)” (lançada em 2024, inspirada pela turnê), que quebra o clima mais suave e traz uma bateria mais intensa.

Na reta final da apresentação, o britânico embalou os hits do The Police, com sete das próximas canções sendo da banda, e apenas duas de sua carreira solo. Em “Walking on the Moon”, o público cantou com tanta intensidade que suas vozes quase sobressaíram a de Sting, que aproveitou a oportunidade para interagir mais uma vez com os fãs. Ele convidou todos a participarem de uma espécie de ensaio “call-and-response” — uma técnica comum em shows ao vivo, onde o cantor faz uma “chamada”, cantando uma frase ou palavra, e o público responde, repetindo a mesma palavra. O objetivo é criar uma interação enérgica, amplificando a conexão entre o artista e os fãs, gerando momentos inesquecíveis. E funcionou perfeitamente.

Foto: Camila Cara

“So Lonely” foi outro momento marcante da noite, e, nesse ponto, o público tirou os celulares dos bolsos em massa para registrar a apresentação, que estava simplesmente espetacular. Apesar de ter recentemente adiado algumas apresentações nos Estados Unidos devido a uma infecção na garganta, Sting se manteve em excelente forma ao longo de todo o show. No entanto, foi possível perceber que ele abaixou mais de um tom para cantar esta com mais segurança. “So Lonely”, que foi originalmente gravada para o álbum Outlandos d’Amour (1978), completa quase 50 anos desde seu lançamento, e Sting, agora com 73 anos, ainda entrega essa performance com a mesma energia e emoção.

Com um dos estilos musicais mais diferentes de todo o repertório, “Desert Rose” é apresentada com uma temática psicodélica nas imagens exibidas nos telões. É uma colaboração com o cantor argelino Cheb Mami, que contribui com vocais em árabe. A fusão dos estilos ocidentais e orientais deu à canção uma sonoridade única e a tornou um grande sucesso internacional. O momento foi muito descontraído para o público, que aproveitou para dançar e até imitar movimentos no estilo “Caminho das Índias” (telenovela popular da TV Globo de 2009), uma brincadeira cultural que ressoa com o senso de humor enraizado no povo brasileiro.

“King of Pain” é mais uma canção emblemática do The Police, que se tornou uma das favoritas dos fãs e é considerada uma das melhores faixas do álbum Synchronicity (1983). Não é surpresa que, durante a apresentação, o público tenha se unido a Sting, cantando a música inteira com grande entusiasmo e em alto e bom som. “Every Breath You Take”, um mega hit e, sem dúvida, uma das canções mais esperadas da noite, é anunciada já com um tom de despedida. No entanto, isso não desanima o público, que canta a música inteira com entusiasmo, soltando a voz a plenos pulmões. A música foi um grande sucesso, alcançando o topo das paradas em vários países e se tornando uma das canções mais reproduzidas em rádios. Ela também ganhou diversos prêmios, incluindo o Grammy de Melhor Canção do Ano em 1984. É, sem dúvida, um dos clássicos do legado do The Police e continua sendo uma das mais populares até os dias de hoje.

Sting aproveita o entusiasmo do público para apresentar a banda mais uma vez, conduzindo o refrão e incentivando um coro vibrante com os fãs. Ao final, se despede, a banda deixa o palco e as luzes se apagam — um encerramento que poderia ser quase perfeito, mas que deixou no ar aquele gostinho de quero mais. No entanto, a espera durou menos de dois minutos: logo, a banda retorna ao palco para o encore com a emblemática “Roxanne”. O Auditório do Ibirapuera pareceu estremecer com a empolgação do público, que tirou os pés do chão e cantou sem parar, transformando o momento em mais um dos pontos altos da noite.

Em um momento mais intimista, Sting surge sentado no palco, desta vez sem o baixo, e executa “Fragile” em um delicado dedilhado no violão. A canção, uma das mais emocionantes de sua carreira solo, traz influências da música latina e do jazz, criando uma atmosfera introspectiva e melancólica. Sua voz suave, aliada aos arranjos minimalistas, amplifica a sensação de sensibilidade e contemplação. Foi um dos momentos mais belos e tocantes da noite, levando o público a uma imersão completa.

Aos 73 anos e com quase duas horas de apresentação, Sting continua provando que sua técnica, habilidade, carisma e presença de palco seguem intactos. Sua performance foi impecável, mostrando que a experiência só aprimorou o seu talento. Foi uma daquelas noites inesquecíveis, que deixaram no público não apenas saudade, mas também a esperança de revê-lo em breve.

Nossos agradecimentos a todos os responsáveis por tornarem o evento possível e, em especial, para a Live Nation e Motisuki PR pela parceria, confiança e credibilidade dada mais uma vez à equipe do Universo do Rock.

Foto: Camila Cara


Veja a galeria de fotos do show (Sting/ SP):



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