Sting entrega show emocionante com ótima performance para público animado no Rio

Texto: Gustavo Franchini

Foto: Paty Sigiliano

O cantor e baixista britânico Sting, conhecido mundialmente pela sua passagem na famosa banda The Police, presenteia os fãs brasileiros com um retorno ao país (depois de 8 anos desde sua mais recente visita) para sua turnê Sting 3.0, na qual apresenta músicas que mesclam sua carreira solo com sucessos do passado com o seu antigo grupo, em formato power trio, ou seja, relembrando a sonoridade de outrora. As cidades escolhidas para o espetáculo foram Rio de Janeiro (14), São Paulo (16) e Curitiba (18).

Como era de se esperar de um artista inglês, às 21h em ponto estavam os três ali no palco prontos para um dos melhores shows da década. Sim, aos 73 anos, Sting entrega tudo que se espera e muito mais. Além de uma escolha acertada no setlist (variado e coeso), não há enrolações, nem produções exageradas para disfarçar qualquer tipo de falha ao vivo; sem playback, sem samples, quase nenhum efeito no microfone. Iluminação bacana, telão criativo e música raiz. É isso que representa um verdadeiro músico. E Sting prova que é realmente uma lenda viva, em ótima forma, sabendo respeitar seus limites da idade e mantendo ótima qualidade do início ao fim.

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Tendo o público nas mãos durante interações, falando um bom português de vez em quando e demonstrando admiração pelos outros dois integrantes que completavam a entrosada cozinha, o excelente Dominic Miller (guitarra e backing vocal, sideman de Sting desde a década de 90) e o versátil Chris Maas (bateria; entrou no ano passado), não seria um absurdo pedir por um show dele a cada dois anos em terras tupiniquins. A alegria da plateia estava escancarada nos rostos, sempre sorrindo, inclusive chorando com melodias tão marcantes, pulos e gritos de “Sting, Sting!”, cantando junto, foi realmente lindo de ver. Aliás, haviam pessoas de todas as idades, mostrando que boa música ultrapassa gerações.

Claro, grande parte dos presentes estava ali para ouvir os clássicos do The Police, mas muitos também conheciam a espetacular discografia da carreira solo de Sting, que realmente é impressionante no quesito premiações e vendas de modo geral. E quem ainda nunca tinha ouvido uma ou outra que foi executada nesta celebração da sensacional carreira do cantor/baixista, se surpreendeu com a força de cada uma delas. Vale ressaltar que o músico, apesar de ser mais conhecido pela sua icônica voz, é um baixista de mão cheia, não apenas na técnica, mas na arte de compor linhas tão brilhantes que são o suco perfeito de simplicidade e bom gosto, o que me lembra bastante seu conterrâneo Paul McCartney (ex-The Beatles) pelo mesmo motivo. Não há uma nota sequer que está ali ao acaso; tudo é pensado de maneira acertada para se adequar ao que a canção pede. Nem menos, nem mais, na medida ideal. Gênio!

A abertura já vem com uma pedrada, “Message in a Bottle”, aquecendo a todos para o que estava por vir, ‘levando a galera à loucura’, como diz o clichê. Logo puxa duas joias de sua carreira solo, “If I Ever Lose My Faith in You” e “Englishman in New York”, respectivamente dos renomados álbuns Ten Summoner’s Tales (1993) e …Nothing Like the Sun (1987). Só de ouvir essas dá pra perceber o por quê de sempre ter sido o principal compositor nos tempos de The Police. A balada “Fields of Gold”, considerada um verdadeiro hino da época, é realmente atemporal e não poderia faltar, pois se trata de uma das melhores de sua autoria. “Never Coming Home” mostra o gosto eclético de Sting, new wave poderoso com ritmo dançante, enquanto que “Mad About You” é um world music de primeira com arranjos de diversos instrumentos eruditos. “Seven Days” flerta com o jazz fusion e tem uma harmonia simplesmente sensacional em seu refrão.

Uma canção bem oitentista em todos os aspectos (que curiosamente faz parte do The Soul Cages, de 1991) é “Why Should I Cry For You?”, gerando aquela vibe bem suave e relaxante para os milhares de sortudos que tiveram a honra de estarem ali. O hit “All This Time”, do mesmo álbum, é pura alegria e êxtase do leme ao pontal. Quando Sting sentiu que o público ia começar a pedir alguma do The Police, emendou a fabulosa sequência “Wrapped Around Your Finger”, “Driven to Tears” e “Can’t Stand Losing You/ Reggatta de Blanc”, ou seja, pra nenhum fã botar defeito. A essa altura do campeonato, ele já tinha conquistado a todos e a apresentação estava ainda na metade da duração.

Foto: Paty Sigiliano

E aí veio uma das mais belas canções da história da música contemporânea, provavelmente top 10 dos anos 90: “Shape of My Heart”. Se tem uma hora certa dos casais amorosos se abraçarem, é essa. Se está precisando derramar uma lágrima, pode ficar tranquilo, chegou o minuto adequado para tal. Empolgado com a reciprocidade de sua nova turnê, Sting nos apresentou sua mais nova canção, a country/blues rock “I Wrote Your Name (Upon My Heart)”, muito boa por sinal. Acompanhado de um fundo que lembra o céu estrelado e o tema espacial, sim, isso mesmo, “Walking on the Moon”, cantada em uníssono por todos em seu refrão bem reggae, que coincidentemente (ou não?) foi posta ao lado de “So Lonely”, que o próprio Sting afirmou em entrevista ter sido muito influenciado pelo rei do reggae Bob Marley na hora de pensar no andamento rítmico desta mencionada. Nesta, o cantor deu uma boa reduzida na afinação original para conseguir cantar em tom mais grave as notas agudas extremamente complicadas que gravou há mais de 40 anos. Está tudo bem, nós entendemos, afinal, ficou linda do mesmo jeito!

Até espaço para música oriental (em uma atmosfera vibrante calcado no egípcio) tivemos com “Desert Rose”, provocando danças do ventre humorísticas por parte do público. A deliciosa “King of Pain” anuncia talvez a mais esperada da noite: o hit máximo “Every Breath You Take”, canção esta que fez o The Police alcançar um nome forte mundialmente e que ficou nas paradas de diversos países por um longo tempo. Após o rápido bis, veio a genuína obra de arte, a que por muitos é definida como a melhor da banda. Pois é, estamos falando de “Roxanne”, que fez a plateia inteira sair do chão e berrar sem parar, mostrando como somos apaixonados por música de verdade. Pra encerrar, a emocionante “Fragile” com Sting tocando violão, saindo do palco e deixando para sempre na memória dos brasileiros um dos melhores shows que já rolaram na Cidade Maravilhosa. Agora resta aguardar por um retorno dele, mesmo que sejam em algum festival, quem sabe? Que tenha uma vida e carreira ainda mais longeva!

Nossos agradecimentos a todos os responsáveis por tornarem o evento possível e, em especial, para a Live Nation e Motisuki PR pela parceria, confiança e credibilidade dada mais uma vez à equipe do Universo do Rock.


Veja a galeria de fotos do show (Sting/ RJ):



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