Por: Danielle Barbosa
Podia ser só mais um simples fim de noite no meio da semana. Mas não era. Na última quarta-feira (8), Jason Mraz se apresentou no Rio, tendo como palco o Citibank Hall, casa de espetáculos localizada na Barra da Tijuca, zona Oeste da cidade. O cantor veio ao Brasil pela quarta vez e teve companhia da banda Raining Jane, com a qual faz parceria. O show fez parte da turnê do álbum YES!, quinto disco de estúdio do músico, lançado em 2014.
Com a casa parcialmente cheia e um pouco antes do horário programado, a Raining Jane, composta pelas cantoras Mai Bloomfield, Becky Gebhardt, Chaska Potter e Mona Tavakoli, abriu a noite com um som bastante suave e gostoso de ouvir. O público, sentado em seus assentos dispostos pelo salão ou no camarote, fez questão de dar as boas-vindas às meninas com bastante calor humano e aplausos no fim de cada música. O carinho foi certamente apreciado por elas. “Somos da Califórnia. Não poderia estar melhor. Obrigada!”, disseram.
Entre uma piada e outra, elas fizeram questão de contar um pouco da formação da Raining Jane e a parceria com o cantor Jason Mraz. A banda, criada no ano de 1999 por ex-alunas universitárias da Califórnia, já gravou quatro álbuns em estúdio desde então. Mas foi em 2006 que a oportunidade de trabalhar com Jason apareceu e, hoje, são amigas e trabalham com ele há 8 anos.*
*inclusive, o álbum YES! foi composto 100% com a participação da Raining Jane no projeto.
Logo após contar o breve histórico da banda e da relação que elas têm com Jason, Mon teceu alguns elogios ao artista e o convidou ao palco. As cortinas se abriram e ele veio em direção ao palco caminhando bem lentamente, usando seu tradicional chapéu e com um violão nas mãos. Típico de uma performance acústica.
A faixa que abriu o espetáculo foi “Love Someone”, primeiro single do álbum YES! O cenário, que até então era apenas uma cortina preta como pano de fundo, se transformou em um enorme papel de parede interativo, que mudava de acordo com a música escolhida e que deu vida a todo o show. Um efeito que fez toda a diferença e deixou o visual da apresentação (ainda) mais agradável.
O show teve mais de 2h de duração e foi conduzido com muita inteligência por Jason, que soube mesclar seus hits consagrados (que, convenhamos, não são poucos!) com faixas de seu trabalho mais recente. O resultado disso foi uma plateia hipnotizada durante todo o concerto e sem perder a atenção no que o americano de 37 anos fazia ou falava. Ele, por sua vez, entregou aos fãs uma performance impecável e emocionante. Entre uma canção e outra, era possível observar casais fazendo juras de amor, amigos se abraçando e cantando as músicas do setlist com lágrimas nos olhos.
Mas não só de choro se faz um bom show, certo? O cantor fez tudo o que um artista tem de fazer para agradar um fã. Interagiu bastante, se esforçou para falar ao menos um pouco de português (embora só tenha saído um “Oi, tudo bem?”), pediu a participação da audiência com palmas e coreografias, além de se mostrar extremamente simpático e comunicativo. Se preocupou, realmente, em curtir cada momento e dividi-lo com o público.
A apresentação teve diversos momentos divertidos e o músico demonstrou bastante humor com todas as situações extra-show. Durante as pausas entre uma canção e outra, os fãs aproveitaram para gritar algo que demonstrasse seu afeto por Jason. “Case comigo!”, gritou uma fã. “Muitas possibilidades nessa noite”, disse Jason, levando todos às gargalhadas. “Lindo!”, emendou uma outra fã. “Isso eu não entendi”, se divertiu o músico.
Além de tudo isso, Jason fez valer o ingresso com cada agudo e falsete. Milimetricamente precisos, sem desafinar. Um dos momentos que, sem dúvidas, impressionou a todos foi durante “Mr. Curiosity”. Apesar da canção já ser de um trabalho mais antigo, foi impossível não se arrepiar com o canto lírico e emoção transmitidos durante toda a música, performada quase que de maneira solo e bem íntima com o público. Jason, o piano e os fãs.
A relação do americano com a música e o quanto trabalhar com isso parece ser algo que o apaixona ficou evidente a cada vez que mencionou a importância e papel da música em sua vida. “Gosto de escrever músicas felizes. Tem tanto sofrimento no mundo, a música é como uma saída. Me faz bem.”, disse e a plateia pareceu concordar com cada palavra que ele dizia naquela noite. “Não é sobre ser inocente e nem achar que todos são felizes, mas sonho com um mundo que tenha paz.”, completou. Já sabemos o por quê o trabalho do músico americano é tão bem sucedido, certo?!
Mais de duas horas. E todos os ingredientes tinham feito parte daquela noite. Lágrimas, (muitas) risadas e uma sintonia entre artista e seu público difícil de encontrar. O melhor, no entanto, foi guardado pro final. O combo “93 Million Miles”, “I’m Yours” e “I Won’t Give Up”, provavelmente as três faixas de maior sucesso do cantor, levantou o Citibank Hall e fez com que um coro em uníssono (e deveras de respeito) encerrasse a noite. E, bom, os assentos mencionados logo no início do texto não importavam mais. Uma multidão se juntou na frente do palco e acompanhou Jason e as meninas da Raining Jane até a última nota de “I Won’t Give Up”. Uau! Uma sensação indescritível tanto para banda quanto para quem compareceu ao show.
Impressionados com o calor e amor dos brasileiros, o grupo – enquanto era ovacionado – se reuniu uma última vez no centro do palco e agradeceu por alguns minutos o carinho com acenos e aplausos, meio que concordando com o quão especial a noite havia sido.
É, pode voltar Jason Mraz… artistas como você sempre serão bem-vindos aqui!
Curtinhas do(a) Redator(a):
– A apresentação em uma palavra: irretocável. Jason Mraz mostrou ser um artista completo (não só pela voz, mas principalmente pela capacidade de envolver uma casa de espetáculos lotada por mais de 2h). A tônica de todo o show foi de muita leveza e era quase como se todos estivessem em um luau com os amigos aproveitando boa música.
– É importante dizer que as meninas que o acompanham nas turnês são super talentosas, também. A variedade instrumental não fica atrás: percussão, violoncelo, teclado, violão… uma diversidade sonora que só explica a qualidade musical dos álbuns de Jason.
– Jason Mraz é engajado em causas ambientais! O americano mostrou fotos e um vídeo durante o show sobre uma viagem que fez à Antártica. Ele é um ativista da causa em prol do planeta e comentou ter ficado preocupado com o efeito que as mudanças climáticas já fez nas geleiras. Um assunto sério e é muito bacana que ele leve essa mensagem atrelada ao seu nome por todos os lugares do mundo que toca! O cantor quebrou o gelo e fez piada de uma das imagens que apareceram no telão com vários pinguins juntos: “É o America’s Got Talent dos pinguins, todos estão esperando pelas audições”, brincou. “Eu e Mon vimos o quanto gastamos de energia com nossas viagens e decidimos voltar para os Estados Unidos remando um caiaque. Ela remou.”, completou, arrancando risos do público.
– A variedade de faixas etárias presentes no show chamou a atenção. Crianças, jovens, idosos… Todos demonstraram que sabem apreciar a qualidade vocal e sonora que Jason trouxe para o país.
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