Por: Danielle Barbosa
Grupo californiano de pop/rock emplacou hit atrás de hit em show de curta duração.
É impossível falar em Maroon 5 e não vir à cabeça pelo menos uns cinco hits que você já cansou (ou não!) de ouvir nas rádios e premiações ao redor do mundo, mesmo que não sejas o maior fã da banda. O popular grupo de pop/rock, formado por Adam Levine (vocais), James Valentine (guitarra), Matt Flynn (bateria), Jesse Carmichael (guitarra), Mickey Madden (baixo) e PJ Morton (teclados) é uma máquina de compor e gravar sucessos.
O som empolgante e energizante dos músicos de Los Angeles estourou em todos os continentes e alcançou o topo das principais paradas musicais desde 2002, quando o consagrado álbum “Songs About Jane” foi lançado, com faixas como “This Love”, “She Will Be Loved”, “Sunday Morning” e “Harder to Breathe”. Daí pra cá, a banda alçou vôos cada ano mais altos e se impôs como uma das maiores bandas pop dos anos 2000, quiçá das últimas décadas. Um dado que comprova isso são os números: em 22 anos de carreira (contando o período como Kara’s Flowers), o Maroon 5 já produziu cinco discos de estúdio, vendeu mais de 20 milhões de cópias vendidas e faturou três Grammys, em 2005, 2006 e 2008.
A relação dos artistas com o Brasil é bastante íntima. A turnê “V”, que passou por Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza e São Paulo antes de desembarcar no Rio, foi a quinta passagem dos californianos pelo país (eles já tocaram por aqui em 2003, 2008, 2011 e 2012). Muitos talvez nem saibam, mas a primeira vez que os músicos vieram ao Brasil foi pouco após o lançamento de “Harder to Breathe” e as apresentações em Rio e São Paulo foram bastante acanhadas, o oposto do que se vê hoje em dia. Em 2008, com o estouro do álbum de estréia, o coro de fãs já foi bem maior, mas a real relação de amor do Maroon 5 com o Brasil teve início no Rock in Rio de 2011. Desde então, o que se observa é uma paixão desenfreada e alucinada dos fãs, que formaram longas filas e esgotaram os ingressos de todos os shows da recente turnê com mais de seis meses de antecedência.
O” esquenta” que não empolgou tanto assim
A abertura do show do Maroon 5 ficou por conta dos também norte-americanos do Dashboard Confessional, banda de rock melódico que ficou conhecida entre os fãs da Marvel por fazer parte da trilha sonora de um dos filmes da marca com a faixa “Vindicated”. O vocalista Chris Carrabba fez questão de tocar no assunto ao introduzir a música no show: “Esta é uma faixa sobre o Peter Parker”, disse ao mencionar o nome do personagem que dá vida ao Homem Aranha nos quadrinhos e telonas.
Bastante pontuais e ligeiros, os roqueiros da Flórida subiram ao palco desejando boa noite à plateia – que começava a lotar a Praça da Apoteose. “É uma noite linda! Nós somos o Dashboard Confessional!”, apresentou-se Chris. “É maravilhoso estar aqui com vocês, estamos muito felizes!”, adicionou com um sorriso no rosto.
Ainda que a banda tenha transparecido satisfação e emoção durante a apresentação, poucas pessoas cantarolavam um verso ou outro, deixando claro que estavam ali pelo Maroon 5 e pouco ou nada conheciam do Dashboard Confessional. “Quem são eles?”, ouvi de diferentes pessoas. Quando respondia e salientava os trabalhos mais populares da banda, percebia que a dúvida permanecia.
Mesmo pouco notados na noite que era exclusivamente de Adam Levine e seus companheiros, o Dashboard Confessional puxou a plateia para acompanhar a banda em alguns trechinhos simples, com palmas ou com as luzes dos celulares ligadas. O único momento em que o coro de vozes foi maior que os “tchururu” das canções anteriores foi em “Fix You”, cover de um sucesso da banda britânica Coldplay.
É bem verdade que apesar do total desconhecimento sobre os rapazes, houve uma recepção positiva e carinhosa com os músicos, que fizeram questão de agradecer ao Maroon 5 e equipe pela oportunidade e prometeram voltar em breve ao Brasil.
Do delírio às lágrimas em pouco mais de 90 minutos
A ansiedade tomou conta da Praça da Apoteose nos 50 minutos que sucederam o show de abertura. As 35 mil pessoas, em sua maioria do sexo feminino, vibraram quando as luzes se apagaram e – quase sem atrasos – o Maroon 5 subiu ao palco com o single “Animals” entre uivos de Adam Levine, desencadeando uma histeria coletiva e colocando os celulares para funcionar na pista e arquibancadas. E se tem uma coisa que os fãs fizeram com grande freqüência nesse show foi gravar cada pedacinho que conseguiram, afinal queriam registrar o momento em vídeo para assisti-lo com certeza por muitas vezes.
Sem nenhuma pausa para trocar algumas palavras com os fãs, a banda logo emendou com o sucesso “One More Night” e “Stereo Hearts”, faixa gravada em parceria com o Gym Class Heroes. Adam Levine – que tinha começado o show vestindo uma jaqueta preta – já havia se despido da peça neste momento da apresentação, para delírio das meninas. As faixas “Harder to Breathe”, do Songs About Jane, e “Lucky Strike”, do Overexposed, vieram na sequência sem que nenhum contato com a multidão fosse feito, dando a impressão de que tudo estava passando rápido demais, já que um terço da setlist tinha sido tocado. Mesmo assim, sem parecer se importar com isso a princípio, os fãs entoaram cada trecho das letras com muito clamor e entusiasmo, enquanto Levine se movimentava de um lado a outro do palco.
Antes de executar “Wake Up Call”, o frontman do Maroon 5 fez o primeiro contato da noite chamando a galera pra cantar. “Vocês querem cantar?”, perguntou Levine, com uma afirmativa fervorosa do público. A empolgação seguiu lá em cima com “Love Somebody” e a divertida ‘competição’ promovida pelo vocalista: a ideia era ver quem entoava os “ooohh” do refrão mais alto, o lado esquerdo x lado direito. No fim das contas, todos ganharam um merecido reconhecimento do músico, que fez questão de elogiar o público brasileiro. “Nós estivemos em todo o Brasil e estamos apaixonados por vocês. Nós amamos o Brasil! Vocês são os melhores fãs do mundo e nós não dizemos isso em todos os lugares. A paixão de vocês é incrível!”, derreteu-se o cantor ao mencionar o carinho recebido por ele e todos da banda no Brasil.
O show já estava na metade quando “Maps” – primeiro single do trabalho mais recente do grupo – terminou e o relógio não marcava nem uma hora de apresentação. Se a banda estava com pressa, não dá pra saber, mas a sensação era a de uma metralhadora de hits sendo executadas conforme mandava o script. Não houve aquele momento clássico de um show do “eu não conheço tão bem essa música” ou de prestar atenção em qualquer coisa que fosse além do que acontecia no palco. Os meninos colocaram a plateia ligada no 220v durante uma hora e meia e os fãs, por sua vez, dispostos a pular, gritar, cantar e seguir os comandos de Levine sem pestanejar.
Aliás, é bom ressaltar o dinamismo e energia do cantor no palco. Ele não para um segundo sequer! Toca, canta, se mexe de um lado pro outro, orquestra palmas, provoca o público a cantar sempre mais alto e parece se sentir completamente à vontade frente a uma quantidade maciça de pessoas e imprensa no decorrer de apresentações sold-out em grandes arenas. Adam também é um dos técnicos da versão americana do The Voice desde 2011 e recebeu o título de “Homem Mais Sexy do Mundo” no ano de 2013 em pesquisa feita pela revista PEOPLE, o que explica o frisson da mulherada ao ver o rebolado do ‘muso do pop’. E tem mais: o rapaz participa de filmes, é envolvido com moda e dono de uma coleção de roupas. Um verdadeiro popstar de Hollywood! Só isso já é um convite para lotar estádios cheio de admiradoras do trabalho do norte-americano.
Voltando à apresentação, engana-se quem pensa que as primeiras faixas de real sucesso do Maroon 5 seriam esquecidas. Pouco antes da pausa para o bis, foi a vez de “This Love” (com um trecho à capella) e “Sunday Morning” relembrar os velhos tempos e transformar a Apoteose em uma grande pista de dança, onde os jovens (alguns acompanhados de suas mães) fizeram bonito. “Payphone” – com o primeiro verso cantado por toda banda reunida no centro do palco – e “Daylight” fizeram o momento ‘chororô’ da noite, com muitas meninas de olhos marejados – apesar do semblante de felicidade e êxtase. “Vocês são cantores excelentes! Isso foi maravilhoso!”, disse Levine pouco antes de sair de cena sob muitos aplausos.
No bis, a surpresa! A expectativa, de acordo com os shows anteriores da turnê, era que a faixa “Lost Stars”, do filme “Mesmo se nada der certo” fosse a próxima da lista. Mas Adam Levine e o guitarrista James Valentine resolveram inovar e homenagear os fãs cariocas. No maior estilo banquinho e violão, uma versão de “Garota de Ipanema”, clássico de Vinícius de Moraes e Tom Jobim, gerou comoção no público, que se encantou com o trecho em português (cheio de sotaque) de Levine. Adam chegou a confessar, inclusive, que estava muito nervoso e com medo de errar a letra. “Isso foi assustador”, brincou ao levar as mãos no peito sorrindo.
O trio que encerrou a curta (porém eficaz) apresentação não podia ser melhor escolhido: a romântica “She Will Be Loved” embalou os casais e as badaladas “Moves Like Jagger” e “Sugar” trouxeram o nível de loucura novamente pro máximo, especialmente levando-se em conta que o vocalista de recém-completados 37 anos tirou a camisa e exibiu toda sua boa forma e tatuagens, causando furor e arrancando suspiros das mulheres. Sem exageros, os gritos foram realmente ensurdecedores!
Já na despedida, a banda prometeu voltar quantas vezes o público quiser vê-los se apresentar. E pelo que pareceu, os Marooners não vão poupar esforços (nem garganta) para trazê-los de volta em breve!
Setlist:
1. Animals
2. One More Night
3. Stereo Hearts (Gym Class Heroes cover)
4. Harder to Breathe
5. Lucky Strike
6. Wake Up Call
7. Love Somebody
8. Maps
9. This Love
10. Sunday Morning
11. Payphone
12. Daylight
Bis:
13. Garota de Ipanema (Vinícius de Moraes/Tom Jobim) – com trechos em PT/ENG
14. She Will Be Loved
15. Moves Like Jagger
16. Sugar
Notinhas da redatora:
– Vale fazer uma menção honrosa à banda, que é composta de músicos excelentes! O protagonismo de Adam Levine é indiscutível e não poderia ser diferente: o cantor é carismático e domina o que faz! Entretanto, o próprio faz questão de dar créditos aos seus companheiros e sempre os apresenta um a um para a multidão.
– A crítica que pode ser feita traz à tona um questionamento interessante: a rapidez com que 16 músicas foram performadas e a vibe “balada”, “karaokê”, “festa” ou outros termos similares ocorre pela extensão das datas da turnê? Não que a banda ou Levine não se esforcem, mas ao fim do show me pareceu um pensamento unânime de que poderia ter havido mais interação com os fãs como em apresentações anteriores e que a mecânica do show poderia ter sido mais espontânea e menos ‘robotizada’. No fim das contas, o cansaço influi bastante e – apesar da questão levantada – isso não desmerece em nada o trabalho dos rapazes e o Maroon 5 não precisa de grandes apresentações pra ser um sucesso.
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