Por: Carla Maio
O Coldplay finalmente chega ao Brasil com a tão esperada turnê do álbum A Head Full of Dreams, que celebra com muita paz e amor o sexto trabalho da banda, lançado em 2015. Na última quinta-feira (7), a capital paulista foi invadida com o alto astral de um show lindo, um verdadeiro espetáculo de cores, que colocou as 45 mil pessoas que foram ao Allianz Parque vê-los no epicentro de um tornado multicolorido. A cantora paulistana Tiê e a britânica Lianne La Havas abriram a noite em grande estilo.
A turnê começou no último dia 31 de março e, antes de chegar ao Brasil, A Head Full of Dreams encantou plateias na Argentina, Chile e Peru. Ao todo, serão 14 países da América Latina e Europa, cerca de 20 shows confirmados em estádios, nada que os britânicos Chris Martin, Guy Berryman, Will Champion e Jonny Buckland não tirem de letra.
A apresentação do Coldplay em São Paulo não foi apenas mais uma dentre as que a banda já fez na cidade, desde a primeira vez que estiveram aqui, em 2010. A grande sacada a cada nova apresentação é ampliar ainda mais a participação do público no show, colocando cada um de nós como protagonistas de um espetáculo incrível, que abusou das imagens e cores para impressionar e marcar significativamente essa experiência.
Quando o público se torna parte do cenário
Logo que entraram no estádio, as pessoas receberam as xylobands, pulseiras que acendiam em sincronia com as músicas e que fizeram dos fãs parte do cenário, garantindo que a proposta interativa se tornasse um momento inesquecível, sobretudo para aqueles que assistiam ao Coldpaly pela primeira vez.
Sons desconhecidos de instrumentos no palco, as luzes se apagam, “O mio babbino” na belíssima voz de Maria Callas anunciam o início do show. De repente, as xylobands se acendem, tornam-se vermelhas em todos os lugares, das arquibancadas à pista, quando os fãs ouvem o famoso discurso que Charlie Chaplin fez no filme O Grande Ditador (EUA, 1940): “O povo tem o poder de tornar a vida livre e bela, para fazer desta vida uma aventura maravilhosa”. Da sétima arte para os palcos do Allianz Parque, O Coldplay explode em cores com toneladas de papeizinhos ao vento em “A Head Full of Dreams”, que abre a grande noite com muita animação aos gritos enlouquecidos dos fãs. Sim, eles estão de volta e dessa vez com toda a energia acumulada desde o lançamento do último álbum, Ghost Stories, em 2014.
Bexigas amarelas invadem a plateia, é hora da mansa e cativante voz de Chris Martin agraciar os ouvidos com “Yellow”, mexendo ainda mais com a emoção de quem ainda estava pouco recuperado do impacto da abertura. “Boa noite São Paulo, olá paulistas, o vosso país é lindo”, cumprimenta o frontman de olhos azuis reluzentes.
Música alta, luzes, o coração batendo forte, confirmando a sensação que os versos de “Every Teardrop Is a Waterfall” exprimem, a favorita de muitos que cantaram aos prantos. E como o show celebrava a vida por meio das cores, Chris levanta a bandeira do Brasil, como que a desejar que toda a gente se lembre do seu valor como nação.
Os primeiros acordes ao piano de Chris revelam “The Scientist” (A Rush of Blood to the Head, 2002). Em “Paradise” (Mylo Xyloto, 2011) o sentimento de pertencimento se agiganta com as luzes verdes, azuis e brancas piscantes das xylobands, as mãos se cruzam no ar, os corações se acendem e pulsam emocionados. No telão ao fundo do palco, projeções de pássaros anunciam as batidas de “Birds”, hit alinhado à pegada pop-rock da banda e ao astral sideral do último álbum.
Com o colorido nas veias e na alma
Agora, toda a banda cruza a passarela, favorecendo democraticamente os fãs da pista e da arquibancada para apresentar “Everglow”, “INK” e “Magic” para o alucinado público. A essa altura, muitos já demonstram extrema loucura, e já que é impossível ficar parado, o jeito é se entregar de vez ao espetáculo, rasgar o coração em “Clocks”, “Midnight” e “Charlie Brown”, músicas cuja sensibilidade das letras, acordes e riffs, aliados à iluminação que emergia do palco e alcançava toda a circunferência do estádio, confirmam: o Coldplay é parte de nosso organismo e corre quente em nossas veias. Talvez seja por isso que “Fix you” nos chega aos ouvidos como um sussurro e a promessa de que as luzes que emanam das xylobands vão nos aquecer e nos guiar de volta para casa.
Mais uma explosão de papeizinhos coloridos marcam “Hymn for the Weekend”, hit do novo álbum cuja versão de estúdio contou com a participação da americana Beyoncé. E como os heróis da noite também têm ídolos, nada mais apropriado do que a carinhosa homenagem que fizeram ao eterno camaleão David Bowie com “Heroes”.
Chegou a hora de preparar as cordas vocais para “Viva la Vida”, considerada por muitos como a melhor dentre todos os sucessos que os britânicos já emplacaram mundo afora. Divertidíssima, “Adventure of a Lifetime” e a invasão de bolas coloridas gigantes garantem a intensidade e a febre de todos, que nem se deram conta de que o show chegou ao fim, rápido como o rastro de um meteoro.
Coldplay celebra o amor e guarda o melhor para o final
A voz do presidente americano Barak Obama com “Amazing Grace” chama os músicos do Coldpaly de volta ao palco para “Trouble”. A próxima música é uma surpresa, escolhida pelos fãs paulistas nas redes sociais através da hashtag #saopauloREQUEST, não podia ser diferente, já que “Speed of Sound” (X&Y, 2005) é também umas das preferidas dos fãs.
A Head Full of Dreams também surpreende com “Amazing Day”, música que fala com o coração de cada um, agradecimento aos tropeços da vida, que antes de machucar, ensinam a superar, a seguir em frente, com gratidão, sempre.
De repente, durante “A Sky Full of Stars”, algo no público chama a atenção de Chris Martin, que manda parar o show imediatamente. “Eu vi dois sinais na multidão, dois casais que querem vir até o palco, subam até aqui”, convida Chris. Nos cartazes, os rapazes clamavam por uma pequena ajuda de Martin, para pedir suas namoradas em casamento. O britânico entra na brincadeira, os jovens se ajoelham e, emocionados, formalizam o pedido, uma verdadeira celebração do amor, tão em falta nos dias de hoje, mas que espontaneamente brotou durante esse show magnífico.
Com fogos de artifício ao final de “Up&Up”, o Coldplay se despede de São Paulo, mas prometem voltar em breve: “tchau São Paulo, adoramos estar com vocês aqui, nos encontramos na próxima vez”. Em nossos pulsos, as xylobands continuaram a piscar durante todo o trajeto que conduzia para fora do Allianz Parque e só deixou de funcionar quando alcançamos nosso destino, há muitos metros de onde tudo aconteceu. Numa certa cabeceira, durante a madrugada, alguém abre devagar um dos olhos para espiar se a tal pulseira voltou a brilhar, quem sabe um pedaço do coração desses caras incríveis, que levamos para casa de recordação.
Neste domingo (10/4), às 21h, é a vez dos cariocas curtirem o Coldplay, numa apresentação que promete mais uma explosão de cores no Maracanã.
Setlist
A Head Full of Dreams
Yellow
Every Teardrop Is a Waterfall
The Scientist
Birds
Paradise
Everglow
Ink
Magic
Clocks
Midnight
Charlie Brown
Hymn for the Weekend
Fix You
Heroes
Viva la Vida
Adventure of a Lifetime
BIS
Trouble
Speed of Sound
Amazing Day
A Sky Full of Stars
Up&Up
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