Por: Danielle Barbosa
Quase quatro anos após despontar e ganhar extrema repercussão no cenário musical mundial, o britânico Ed Sheeran desembarcou na América do Sul na última semana para um tour pelos principais países do continente com a turnê “Multiply”. Os dois shows lotados em São Paulo e a apresentação única na HSBC Arena, no Rio, mostraram o quanto o público brasileiro é fã do cantor. No Rio de Janeiro, cerca de 10 mil pessoas praticamente lotaram o local do show, sendo a maior parte dos fãs meninas e jovens. Houve, inclusive, a presença de artistas como Bruna Marquezine, Sasha Meneghel, Manu Gavassi (dentre outros) e a modelo Yasmin Brunet.
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A abertura das atividades ficou por conta do também britânico Antonio Lulic, não muito conhecido da plateia, mas que soube animar e aquecer o público para a atração principal. O artista, dono de uma voz bem grave, foi convidado por Ed para a abertura das apresentações no Chile e no Brasil. No fim, fez questão de agradecer a todos os presentes – que respeitaram e até se empolgaram com o músico – e introduzir o amigo Ed Sheeran. “Espero que tenham uma ótima noite na companhia do Ed”, disse Antonio.
A ansiedade e empolgação eram visíveis no rosto de cada fã minutos antes de Ed subir ao palco. Alguns seguravam o choro, enquanto outros só encaravam o palco e as duas portas de bastidores, esperando que alguma movimentação viesse dali. Enquanto observava o ambiente, um cartaz me chamou a atenção em específico. Ele dizia “Rio’s not a one-night stand, so don’t runaway.” (O Rio não é um caso de uma noite, então não vá embora!), fazendo menção à canção One Night, do EP Loose Change (2010). A frase fazia muito sentido e descrevia a sensação de todos que ali estavam, já que o Rio de Janeiro encerrava a vinda de Ed ao Brasil e marcava o fim da turnê sul-americana e início da turnê pelos Estados Unidos.
Pontualmente às 22h, o rapaz ruivo de olhos azuis subiu ao palco com um tímido sorriso, um sotaque inconfundível, uma camisa da Seleção brasileira e o seu inseparável violão nas mãos. A primeira música da noite foi “I’m a Mess”. Logo de cara, o cantor disse a que veio. “Meu nome é Ed Sheeran, meu trabalho hoje é entreter vocês”, afirmou, sendo seguido por uma barulhenta sequência de gritos dos fãs, que pareciam responder de volta que estavam preparados para “enlouquecer” e serem entretidos naquela noite.
Com um repertório vasto, dividido entre grandes hits* de sua carreira, como as faixas “Lego House”, “Thinking Out Loud” “The A Team”, “Give Me Love” e “Sing”, e covers de músicas eternizadas na voz de Stevie Wonder, como “Superstition” e “Nina”, o jovem músico soube conduzir com muita inteligência e experiência a apresentação, mesclando sons mais empolgantes com momentos mais românticos e fofos.
Quem compareceu ao show, certamente se surpreendeu com o talento de Ed. Do rap quase impossível de cantar, em “Take it Back” ao vocal preciso e a capacidade emocionar a todos em “Photograph” e “The A Team”**, o músico demonstrou ser um artista completo. Além disso, é multi-funções. Sem a presença de uma banda para auxiliá-lo no palco, Ed conta como usa o seu violão para reproduzir as batidas e harmonias durante os shows. “Todo o show é ao vivo e acústico. Eu gravo as coisas com esse pedal aqui”, explicou.
Outro ponto de bastante destaque foi a produção para o show, simplesmente por essa não ser nada extravagante e nem ter a necessidade de grandes elementos. Excetuando-se pelo toque “brasileiro” ao usar a bandeira do Brasil amarrada ao microfone, apenas um telão interativo ao fundo fez parte do cenário.
Na maior parte do tempo, este reproduzia o que acontecia ali no palco para aqueles que estavam em assentos distantes na arquibancada. Em duas oportunidades, contudo, o cantor usou-se muito bem do telão. O primeiro, em “Thinking Out Loud, foram reproduzidas cenas do clipe da música, o que criou um ambiente mais íntimo com a obra do cantor e foi aprovado pelos fãs. Claro, qualquer acréscimo relacionado à Ed Sheeran seria um ponto positivo. Já num segundo momento, em “I See Fire”, o telão exibiu cenas do filme “O Hobbit: A Desolação de Smaug”, o qual faz parte da trilha sonora.
Que a carreira de Ed Sheeran é extremamente bem-sucedida, ninguém tem dúvidas***. Com apenas 24 anos, o músico já lançou dois álbuns de estúdio, alguns EPs, tem algumas faixas dentre as mais tocadas em todo o mundo e já foi nomeado algumas vezes nas principais premiações da música, ganhando, inclusive, dois Brit Awards em 2012. Um deles na categoria de “Melhor Artista Solo Britânico”. Com todo esse sucesso, o cantor deve estar acostumado com tanta euforia e paixão dos fãs. No entanto, o cantor confessou que nenhum público se mostrou tão apaixonado como o brasileiro e se declarou aos fãs por isso. “Eu queria agradecer a todo mundo que foi aos meus shows aqui no Brasil, que viajaram de outros estados pra cá. Vocês sem dúvida são o público mais caloroso para o qual eu toquei e eu digo que eu recebi mais amor aqui do que na Inglaterra, a minha casa”.
Não era falácia do cantor, os brasileiros realmente impressionaram****. Todas as músicas tiveram o apoio da plateia, que cantou as músicas em uníssono e o mais alto que pôde, além de acompanhar as batidas com palmas e muitas declarações de amor. O coro de “Ed, eu te amo” se repetiu algumas vezes durante a noite, mas mais efusivamente logo após “Give Me Love”, última música antes do bis.
Já no bis, rolou um mashup com sua canção “You Need Me, I Don’t Need You” e os covers de “In Da Club” (50 Cent) e “Fancy” (Iggy Azalea ft. Charli XCX), mostrando mais uma vez que é polivalente e consegue, definitivamente, cantar bem qualquer tipo de música. O britânico anunciou que a próxima música seria a última e, mais uma vez, agradeceu. Foi basicamente o último contato do músico com a audiência.
Para fechar a noite com chave de ouro, o single “Sing” colocou todo mundo pra dançar e foi provavelmente o som mais animado da apresentação. “Cantem alto”, repetia o cantor durante os refrães. A recepção, é claro, a mais positiva possível e todos pareceram se divertir bastante durante o hit. Assim que a música encerrou, as luzes permaneceram apagadas por alguns minutos e deram uma pontinha de esperança de que Ed voltaria, mas não foi o que aconteceu. O gostinho de quero mais ficou na fisionomia frustrada – mas muito emocionada – dos jovens.
Ei, Ed Sheeran, pode voltar que os fãs brasileiros te esperarão de braços abertos!
Conclusões:
* É engraçado falar em hits ao olhar as músicas e álbuns de Ed. Quase todas as músicas se tornaram um sucesso, então não foi difícil encontrar pessoas se lamentando porque faltou o seu som favorito na setlist. Por exemplo, a canção “All Of The Starts”, que embala o casal protagonista do filme “A Culpa é das Estrelas” não foi uma das selecionadas para a apresentação no Rio e fez bastante falta, pelo que ficou evidente no pós-show.
** Em “Photograph” e “The A Team”, a plateia deu o seu show. Com todas as luzes da arena apagadas, as luzes de celulares (o show, aliás, era quase um desfile de celulares de última geração) deram um toque especial às músicas, transformando o ambiente em um ‘céu estrelado’.
*** Mesmo tão badalado e ovacionado, Ed Sheeran é tímido e reservado. Nas poucas ocasiões em que interagiu com a plateia carioca, a maioria foi para agradecer o carinho. Ele chegou a, inclusive, dizer que não via a hora de voltar para o Brasil. Bom, tenho certeza que os fãs concordam, não é mesmo?
**** É clichê dizer que “show no Brasil é diferente”. Mas impossível não notar que o público carioca tinha imposto respeito a essa máxima naquela noite. Empolgado com tanta receptividade, Ed fez uma “competição” entre os fãs em determinado momento do show. O público foi dividido em lado esquerdo e lado direito e deveria cantar mais alto que o “adversário” assim que o cantor entoasse o coro proposto. Um momento bacana e que mostrou um lado mais leve e descontraído de Ed.
SETLIST
1. I”m a Mess
2. Lego House
3. Don”t / Loyal / No Diggity / Nina
4. Drunk
5. Take It Back / Superstition / Ain”t No Sunshine
6. Photograph
7. Bloodstream
8. Tenerife Sea
9. Kiss Me / Thinking Out Loud
10. Feeling Good / I See Fire
11. The A Team
12. Give Me Love
Bis
13. You Need Me, I Don”t Need You / In Da Club / Fancy
14. Sing
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