Por: Juliane Assis
Assim como acontece com todas as outras bandas renomadas, a pressão e expectativa colocada para o lançamento de um novo álbum sempre é gigantesca, e com o Megadeth não foi diferente, na estrada a mais de 30 anos e lançando seu décimo quinto álbum de estúdio, eles teriam que apresentar algo consideravelmente bom, e não aquilo que foi o disco anterior “Super Collinder”.
Bem, de certa forma o esperado foi apresentado ao público, mas dessa vez algumas expectativas foram até superadas. Um álbum de thrash metal do início ao fim, com apenas alguns deslizes que fugiram dessas construções harmônicas, porém que continua digno de ser talvez um dos melhores álbuns da banda. As comparações com o maior sucesso do grupo, “Rust in Peace”, são inevitáveis, entretanto eles mostram que é preciso olhar para o futuro, e para o que o Megadeth tem a oferecer ao seu público daqui pra frente, e não para o que já se passou.
Com mais uma das inúmeras formações, a banda acolhe dessa vez o baterista Chris Adler (Lamb of God) e o guitarrista brasileiro Kiko Loureiro (Angra) para integrar o grupo junto aos dinossauros do thrash David Ellefson e claro, Dave Mustaine. Adler traz mais fluidez e técnica a sonoridade das músicas do que seu anterior, e Loureiro mostra que seus anos de Angra valeram muito a pena, o guitarrista é praticamente um monstro, tanto é que até o próprio Mustaine disse, em entrevista, se sentir intimidado com suas técnicas; apesar disso não se vê muito do estilo de Kiko nas composições das músicas, apenas em algumas partes como nos solos e na composição instrumental “Conquer…or Die!”, no geral o álbum segue o estilo e o crivo do membro fundador Dave Mustaine.
O disco abre com “The Threat is Real”, uma música que segue bem a linha de alguns albuns antigos, porém mais bem construída, e conta com uma bateria compassada, riffs de guitarra palhetados, e solos exageradamente técnicos e rápidos, que demonstram a qualidade do novo guitarrista, além disso a voz meio cantada, meio falada rouca de Dave Mustaine combina bem com a letra engajada politicamente.
“Dysotpia” é uma das únicas músicas onde se pode ouvir o vocal cantado de Mustaine, este que conversa com a guitarra; os instrumentos de corda bem posicionados na música se complementam com a bateria pesada que atua em plano de fundo, e os solos dão uma fluidez sonora á composição que a deixa mais melódica do que thrash em si, porém no fim o clima pesado volta com o dueto de guitarras.
Seguindo a track list tem-se “Fatal Illusion”, foi a primeira música a ser liberada, e demonstra inúmeras habilidades do baterista Adler e do baixista David Ellefson juntamente com a linha de vocal de Dave, que fazem um bom trabalho tornando a música comercialmente interessante. “Death From Within” e “Bullet to the Brain” seguem o álbum com arranjos pesados, vocais sonoros, e guitarras tanto melódicas como agressivas.
“Post-American World”, uma das melhores músicas do álbum, traz uma letra toda politizada, e reafirma, Dave tem muito a falar, o vocal agressivo casa perfeitamente com um riff aparentemente simples, mas brutal que funciona muito bem junto aos solos que aparecem repentinamente em meio a ele e a bateria de bumbo duplo de Adler.
Em seguida, “Poisonous Shadows” começa com um violão calmo e ao mesmo tempo tenso, que antecede riffs de guitarra tão pesados que não pode ser comparado a nada que o Megadeth tenha feito ultimamente – o vocal se destaca novamente – alguns instrumentos de corda clássicos ao fundo dão a sonoridade de suspense á música. Já “Conquer… or Die!” veio para conquistar corações, a faixa instrumental é obrigatória pra qualquer amante de um bom solo, e Kiko Loureiro se supera a cada segundo que a música passa.
“Lying in State” é consistente, pesada, e com uma linha de baixo e bateria muito bem construída, dando finalmente destaque a Ellefson, um dos melhores baixistas de thrash que existe. Agora “The Emperor” não demonstra nada de novo, aliás, alguns riffs até empolgam muito porém se tornam cansativos e acabam se perdendo dentro do contexto do álbum. E “Foreign Policy”, cover do “Fear” (uma banda de hardcore punk), apenas se diferencia da original pela sonoridade “heavy” que foi dada a ela. Fechando o álbum “Melt The Ice Away” é uma música não tão boa quanto ao resto do álbum e traz uma construção pobre, e desnecessária.
No geral o álbum “Dystopia” é muito bom, e apresenta tanto um novo Megadeth como o bom e velho Megadeth com músicas pesadas, bem estruturadas, com letras extasiantes e admiráveis, e recebe nota 9.
Track List:
1. “The Threat Is Real”
2. “Dystopia”
3. “Fatal Illusion”
4. “Death from Within”
5. “Bullet to the Brain”
6. “Post-American World”
7. “Poisonous Shadows”
8. “Conquer… or Die!”
9. “Lying in State”
10. “The Emperor”
11. “Foreign Policy”
12. “Melt The Ice Away”
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