Por: Daniela Baroni
Pinte os olhos de preto, penteie a franja para o lado e coloque sua munhequeira quadriculada porque o Simple Plan está de volta no Brasil! Nessa quarta-feira (07/12), a banda passou por São Paulo e deixou o Citibank Hall ainda mais quente por dentro do que já estava do lado de fora.
A última vez que a banda canadense esteve em terras tupiniquins foi em 2012, mas não poderia haver melhor época para voltar do que 2016. Atualmente, o mundo está passando por uma forte fase de nostalgia e aqui em São Paulo não é diferente. A febre emo que estourou nos anos 2000 e foi venerada por muitos e odiada por outros muitos está extremamente em alta. Muitas bandas da época, incluindo o Simple Plan (que embora não seja propriamente do estilo emo, representa a época), estão lançando álbuns novos e fazendo turnês. As baladas por toda a capital estão promovendo festas de temática emo/pop punk e elas estão sempre abarrotadas de gente.
Não à toa, a produção do evento de quarta teve uma brilhante ideia para compensar a falta de banda de abertura: ao invés da típica discotecagem-ambiente que toca antes dos shows, contrataram um DJ para discotecar no meio do palco tocando sucessos dos anos 2000 que permearam a febre emo. O DJ pedia que a galera pulasse, batesse palmas e cantasse junto. Com mais de uma hora para o show começar, todos estavam suados, animados e com a sensação de estarem em plena Rua Augusta curtindo uma festa emo.
Devidamente aquecida pela festa pré-show, a galera gritava para cada pessoa que subisse no palco, fosse roadie, produção ou equipe de limpeza. Tanta era a ansiedade. Quando ninguém mais aguentava esperar, pouco mais de 21h30, os caras do Simple Plan aparecem em meio aos gritos histéricos e acenam para o público para, em seguida, explodirem as caixas de som com o início do novo single “Opinion Overload”.
Com o fim de “Jet lag”, o vocalista Pierre Bouvier conta o que muitos já sabiam. O baixista David Desrosiers não pôde vir ao Brasil com a banda por motivos pessoais. Pierre enfatiza que isso quase fez com que eles cancelassem a turnê sul-americana, mas que não queriam decepcionar os fãs e vieram mesmo assim. A solução que encontraram em um prazo tão curto para não mexer com a formação original de 15 anos, da qual tanto se orgulham, foi gravar as partes do baixo de David e tocar o playback junto com a banda que tocava ao vivo.
A boa notícia é que o que trouxe o Simple Plan ao Brasil foi o lançamento de seu novo álbum “Take one for the Team”, que está excelente e inclui colaborações com Jordan Pundik (New Found Glory), R. City e Nelly. O setlist da noite incluiu quatro músicas do álbum, que foram muito bem recebidas, mas o que animava mesmo público eram os singles mais clássicos.
E por falar em público, é preciso mencionar a variedade de idades que se via na plateia do Citibank Hall nessa quarta-feira. Era de se esperar que um show do Simple Plan fosse atrair apenas uma galera entre 25 e 30 anos. Contudo, o lugar estava cheio pessoas com menos de 18 anos, alguns até acompanhados dos seus pais infelizes. E é aí que mora o poder da música da banda: suas letras sobre angústia adolescente, que fazem sentido até hoje. Portanto, uma música como “Welcome to my Life”, que é tão sofrida, emocionava tanto os adolescentes de 2005 quanto os adolescentes de 2016.
A banda passeou por toda sua discografia de forma equilibrada, com exceção do álbum “Simple Plan”, que colaborou somente com “Your Love is a Lie”. Hits como “I’m just a Kid”, “Shut up”, “Addicted” e “Jump” marcaram presença forte na noite, fazendo a casa ir abaixo. E claro, como não podia faltar em um show pop punk, a plateia foi agraciada com um pequeno medley de covers pop que incluiu “Uptown Funk” do Mark Ronson ft. Bruno Mars e “I Can’t Feel my Face” do The Weeknd.
Em certo momento durante o show, Pierre Bouvier lembra os fãs que a banda é de Montreal no Canadá, onde agora é inverno e faz muito frio. O vocalista gosta de pensar que a turnê do Simple Plan segue o verão pelo mundo e que isso os levou para o Brasil. O assunto serviu para introduzir o hit de pegada reggae “Summer Paradise” e, como se não bastasse, a iluminação da casa ficou toda amarela como o sol e caíram dezenas de bolas de praias na plateia, que não conteve os gritos de alegria.
Antes de encerrar a primeira parte do show com “Perfect World”, Pierre reconhece que o auge da banda passou e declara que a única razão para o Simple Plan continuar existindo são os fãs ali presentes.
O bis da noite foi um tanto diferente, já que, normalmente, bandas voltam para terminar a noite em um boom com singles bem agitados. Mas não o Simple Plan. A banda voltou com “Untitled”, talvez a música mais triste que já produziram e encerrou com “Perfect”. Pode até parecer estranho e anticlimático, mas para quem estava lá, a escolha não podia ter sido mais acertada. Pierre pediu que todos ligassem as lanternas do celular e, com isso, parecia dia no Citibank Hall enquanto o Simple Plan tocava outro dos seus sons sofridos e arrancava lágrimas de muitos dos presentes.
Um fim perfeito para um show de fim de ano perfeito. Para quem terminou 2016 com o show do Simple Plan, a expressão ‘Fechar com Chave-de-ouro’ se encaixa perfeitamente.
Setlist
1. Opinion Overload
2. Jet Lag
3. Jump/ I gotta feeling [Black Eyed Peas]
4. I’d do Anything
5. Boom!
6. Welcome to my Life
7. Addicted
8. Your Love is a Lie
9. Perfectly Perfect
10. Uptown Funk [Mark Ronson ft. Bruno Mars]/ Can’t Feel my face [The Weeknd]
11. Can’t Keep my Hands off You
12. Farewell
13. Summer Paradise
14. Crazy
15. I’m Just a Kid
16. Shut Up
17. Perfect World
Bis
18. Untitled
19. Perfect
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