Do grunge para todos os estilos, Chris Cornell impressiona fãs de uma geração inteira

Por: Juliane Assis
Foto: Camila Cara/T4F

Chris Cornell, 52 anos, se apresentou neste domingo, dia 11, no Citibank Hall em São Paulo. O vocalista de bandas como Audioslave, Soundgarden e Tample of the Dog, trouxe um vasto setlist para o show, que provou a maestria do artista ao transitar em diferentes estilos musicais e adapta-los a sua potente voz.

O repertório incluía, além de músicas das bandas as quais Cornell faz e já fez parte, composições de outros artistas como Michael Jackson e Bob Dylan que foram transformadas em magníficos covers, e composições de sua carreira solo. Acompanhado do instrumentista Bryan Gibson, que ajuda a criar um fundo musical para a maioria das faixas, o artista encantou a todos com suas incríveis técnicas vocais, e seu carisma.

Quarenta minutos após o previsto para o inicio do show Chris Cornell entra a passos de tartaruga com um visual simplista, e se depara com a casa de shows lotada, cheia de fãs que não se contiveram, e assim que o artista entrou se levantaram e começaram a bater palmas exaltadamente, este que respondeu com alegria agradecendo igualmente toda a comoção, além de dar as boas-vindas a todos na turnê “Higher Truth World Tour”.

Apenas com um banquinho, um violão e Bryan ao fundo, este que oscilava entre violoncelo, piano e bandolim elétrico, o músico provou como os anos de experiência que tem nas costas o fizeram bem e o fazem saber lidar com o público, com suas nuanças e suas exigências, correspondendo quase que além das expectativas ao comandar um show de mais de duas horas.

Das músicas do seu álbum de divulgação, o “Higher Truth”, “Before We Disappear” abriu o concerto; com Bryan no piano, a música é introduzida como uma melodia calma e Chris Cornell arrasa nos vocais de uma letra sentimental e emotiva. Em “Nearly Forgot My Broken Heart” o artista conta que queria muito tocar um bandolim elétrico durante as apresentações, porém nem ele nem o Bryan sabiam, entretanto, o instrumentista chegou no dia seguinte tocando perfeitamente a música, que é complementada não somente pela voz poderosa e que muda de tons delicadamente, como também com os pés do público que batem no assoalho do local e com as palmas em sincronia ao bandolim.


Continuando nas músicas do seu último álbum em “Josephine” um fã carinhosamente entrega uma bandeira do Brasil e uma camiseta com o nome de Cornell para o mesmo, que agradece emocionado; então conta que escreveu essa música para sua mulher, e que ela reclamou por ele ter demorado 14 anos para escrever uma música para ela. Já em “Misery Chain” ele diz que compôs a faixa para o filme “12 anos de escravidão” e nos alertou para ficarmos atentos, pois ainda existem vários tipos de escravidão que não devemos tolerar, Cornell anda de um lado para o outro num clima um pouco dramático. “Murderer of Blue Skies” contou com um dedilhado melódico a maior parte do tempo e com a presença de palco poderosa do músico que alcança as mais altas notas sem dificuldade. E finalmente “Higher Truth” que encerrou o show.

Seguindo com as composições de sua carreira solo a encantadora “Can’t Change Me”, segunda música a ser apresentada e que faz parte do primeiro álbum do artista o “Euphoria Morning” (1999), Cornell apresenta a música só acompanhado de seu violão e sua voz grossa.  “Sunshower”, primeira música do bis; escrita para fazer parte da trilha sonora do filme “Grandes Esperanças” (1998) e também entrou no disco de 1999; foi lindamente tocada com o violoncelo ao fundo junto e com a voz emotiva do cantor. Em “Til the Sun Comes Back Around”, música lançada este ano, composta para o filme “13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi”, Chris junto com o violoncelo caminha pelas escalas do violão. Já em “Seasons”, música composta para o filme “Vida de solteiro” de 1992, os agudos precisos mesclavam com a voz grossa que dava corpo a música.

Agora dos covers de Soundgarden, Audioslave e Tample of the Dog, o artista escolheu as que mais se adaptavam a situação, e atirou em cheio, os fãs mal ouviam o fim da introdução e já começavam a gritar, bater palmas e se emocionar ao reconhecer a música. Em “Fell on Black Days” do Superunknown (quarto álbum do Soundgarden) o músico abusa da sua voz rouca e alta que casa com as palhetadas fortes no violão acústico. Agora em “Blow Up the Outside World” música do quinto álbum também do Soundgarden, Cornell mostra suas habilidades com as notas extremamente altas, e no final cria todo um clima para a faixa com sons de guitarra distorcidos algo como trovões ensurdecedores.

Em “Rusty Cage” Chris pega seu microfone estilo headset e conta que esta música fazia parte do álbum “Badmotorfinger” do Soundgarden, e que Johnny Cash fez uma versão dessa música, e que em tributo ao falecido cantor ele cantaria a versão deste. Por fim “Black Hole Sun” também do álbum “Superunknow”, Cornell encerra o set principal, com Bryan no violoncelo ele mistura suas técnicas vocais de alcance de notas com a calma voz grossa e ao final diz que ele e Bryan amam a todos ali.


Em “Doesn’t Remind Me”, música do álbum Out of Exile (2005) do Audioslave, o cantor anda de um lado para o outro com seu violão encantando a todos. Num dos maiores clássicos do Audioslave, “Like a Stone” do álbum que leva o mesmo nome da banda, Cornell apresenta uma versão mais lenta que o normal, e interpreta a música num outro ritmo muito mais coerente com sua voz que acompanhada do violoncelo se destaca muito mais. Em “I Am the Highway”, single também do mesmo álbum da anterior, ele incorpora uma poderosa versão além de tocar violão num dueto incrível com Bryan.

“Wooden Jesus”, “All Night Thing” e “Hunger Strike”; todas do álbum autointitulado da banda Tample of the Dog lançado em 1991; o músico trouxe agudos fortes e estridentes misturados com graves formando um equilíbrio e dando sonoridades particulares que casam com sua voz. Em “Hunger Strike”, talvez um dos maiores clássicos da banda, o artista trouxe uma versão bem parecida com a original, só que muito melhor executada.

Além de tudo Chris Cornell tocou covers de outros grandes artistas como “Nothing Compares 2 U”, da cantora Sinéad O’Connor;  “The Times They Are A-Changin”  do Bob Dylan, onde ele conta que adaptou a letra aos transtornos políticos que hoje ocorrem nos Estados Unidos e ainda canta, toca violão e gaita ao mesmo tempo; “Redemption Song” do Bob Marley que contou com um clima melódico; “Thank You” do grupo setentista Led Zepelin; e por fim fechando com chave de ouro a sessão de covers “Billie Jean” do rei do pop Michael Jackson, numa versão acústica, lenta, sentimental, e magicamente colocada na voz desse grande músico que Chris Cornell é, levando o público a acompanha-la com um lindo coro.

Setlist:
1 – Before We Disappear
2 – Can’t Change Me
3 – ‘Til the Sun Comes Back Around
4 – Nothing Compares 2 U (Sinéad O’Connor cover)
5 – Nearly Forgot My Broken Heart
6 – The Times They Are A-Changin’ (Bob Dylan cover)
7- Josephine
8 – Fell on Black Days (Soundgarden)
9 -Thank You (Led Zeppelin cover)
10 – Doesn’t Remind Me (Audioslave)
11 – Like a Stone (Audioslave)
12 – Wooden Jesus  (Temple of the Dog)
13 – All Night Thing (Temple of the Dog)
14 – Blow Up the Outside World (Soundgarden)
15 – Misery Chain
16 – Murderer of Blue Skies
17 – I Am the Highway (Audioslave)
19 – Rusty Cage (Soundgarden)
20 – Black Hole Sun (Soundgarden)
Bis:
21 – Sunshower
22 – Hunger Strike (Temple of the Dog)
23 – Billie Jean (Michael Jackson)
24 – Seasons
25 – Higher Truth

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