Capital Inicial em Padre Miguel: um pedaço de Nova York no Rio de Janeiro

Por: Isaac Samuel
Fotos: Isaac Samuel

Assim podemos classificar a apresentação do Capital Inicial no dia 02 de dezembro no Centro de Convivência em Padre Miguel, zona norte do Rio. O show começou embalado pelo hit “Depois da Meia-Noite”, literalmente e pontualmente às 01:00.

O calor do show não foi atrapalhado em nada, pois o lugar era muito bem ventilado. Algo interessante e curioso era o número de pessoas da terceira idade. A curiosidade não era por eles estarem ali, mas pelo bairro ser um dos tradicionais redutos do samba do Rio de Janeiro e o local, afinal, ficava a poucos quilômetros da antiga quadra da escola de samba Mocidade de Padre Miguel.

Antes de tocar a música “Como Devia Estar”, o guitarrista Yves Passarelli deixou seu violão Takamine de lado e vestiu a camisa do time da Chapecoense com seu nome – que ele ganhou quando a banda foi tocar na cidade de Chapecó/SC há mais ou menos um mês -, e logo depois as luzes do palco ficaram verdes. Afinal, a cor simboliza a esperança de que um dia tudo voltará para o seu lugar.

Ainda no clima de esperança, Dinho comentou sobre a tragédia e convocou uma homenagem ao time alviverde e o público começou a gritar “Vamos, Vamos Chape!” em um verdadeiro coro – como se fossem uma torcida organizada aqui na capital fluminense.

Fotos: Isaac Samuel

Um show acústico diferente do convencional. Em vez de sofás e um clima mais de “sala de estar”, a banda tocava em pé e com muita energia. A única diferença foi a troca de instrumentos acústicos por instrumentos elétricos, acrescidos de teclados e percussão, dando assim uma cara inovadora, e como mesmo Dinho disse: “um acústico visceral”.

Em um dado momento do show, o baixista Fê Lemos começou uma introdução nervosa com um baixo acústico, mais popularmente chamado de baixolão, e ele realmente transformou um instrumento acústico em elétrico – assim embalando e levando a plateia – tanto jovens e idosos – a dançar com a introdução de “Como Se Sente”. O Capital usou essa música para fazer um momento discoteca no seu show, e os idosos claramente se sentiram jovens nessa hora.

Agora, uma pergunta que não quer calar: quer ver mulher cantando? Basta falar de amor, e foi dessa forma que começou a ser cantado o hit “À Sua Maneira” e assim foi a música inteira, afinal as mulheres estão sempre em maior número nos shows.

Embalado pela receptividade da galera, Dinho – antes de cantar “Cristo Redentor” – falou que essa música não foi feita para nenhum político em especial, mas que ela se encaixa na atual situação brasileira (mencionou Sérgio Cabral, dizendo que ele foi só o primeiro).

E quando se fala em celebração do rock, qual é a referência que temos? É claro que a resposta é Legião Urbana, e não precisamos perder tempo se temos todo o tempo do mundo? Assim, o público foi envolvido ao som de mais um sucesso nacional marcante para todas as idades.

Fotos: Isaac Samuel

Já passava das 02 da manhã e literalmente o pessoal não queria dizer adeus. Assim, faziam coro em “Eu nunca disse adeus” e, com isso, mostravam que não queriam ir embora de jeito nenhum. Curiosamente, até mesmo as pessoas da terceira idade cantavam sem parar e com muito mais pique do que a galera mais jovem.

Como o rock é marcado por irreverência, atitude e originalidade, podemos citar o guitarrista Thiago Castanho (Ex-Charlie Brown Jr.) E quem mais poderia falar de cabelo engraçado do que ele? Com um visual irreverente como o resto da banda, mas com um cabelo arrepiado, ele começou a cantar “Proibida pra Mim” – fazendo um dueto com Dinho após ele ser apresentado para o público. Ainda no clima de CBJR, a banda começou a tocar o cover “Me Encontra”, uma das músicas do novo álbum e que foi lançada no dia 30 de novembro nas rádios nacionais.

E o que você faz quando ninguém te vê fazendo? O Capital, pelo menos, consegue levar a galera a uma energia absurda ao som de “Quatro Vezes Você”. O calor aumentou em todas as formas, tanto vindo do palco como da casa cheia. Mas, com ou sem calor, a galera queria se refrescar ao som do Capital e em vez de procurar água, queriam mesmo era procurar por “Independência”, canção de abertura do álbum homônimo.

Depois de cantar “Natasha”, a banda agradeceu a galera e perguntou se eles queriam mais e se estava tarde. A galera fez um gesto muito lindo e – em vez do famoso “mais um” – continuou o canto mais comovente atualmente: “Vamos, vamos Chape!”.

Fotos: Isaac Samuel

Isso sim que é um bis. A banda voltou colocando lenha na fogueira, e nada melhor do que cantar “Fogo” e, assim, esquentar mais o clima. Já era mais de 3 da manhã e o que a galera queria era dizer que “o mundo gira ao seu redor”. E realmente girava mesmo, mas sem vômitos. Afinal, um fato curioso sobre o show era a ordem na qual as pessoas se portavam. Sem brigas e coisas do gênero.

As pessoas nem pensavam em cansaço. Afinal, o que era cansaço? Eu nem me lembro mais. Dormir cedo? Quanto tempo faz. A galera queria mesmo era curtir sem lembrar do dia seguinte, como se não houvesse amanhã.

Como estamos falando de uma banda brasileira, nada como falar sobre nosso país, não é mesmo? E o que Amazonas, Araguaia e a Baixada fluminense tem em comum? A galera perguntava era “Que país é esse? Que cidade é essa?”. Na verdade, a pergunta maior era: “que show foi esse?”. Mas só posso dizer que aprendi que os últimos serão os primeiros. Amores, pessoas, momentos e também os erros.

Nada como um clássico para lavar a alma dos moradores de Padre Miguel, um simples bairro da zona oeste. Pois “só chove, chove e chove”, pelo menos na letra cantada pela banda, pois a atmosfera estava era muito quente. Já que só as estações que mudaram, o clima que era bom pra dar uma refrescada não mudou nada. Afinal, pra que mudar se “estamos indo de volta pra casa?”

E assim o Capital Inicial encerrou mais um show da turnê “Acústico NYC” e, como foi dito antes: Um pedaço de Nova York no Rio de Janeiro!


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