Por: Aila Dap
Nada melhor do que assistirmos com nossos próprios olhos a um filme bombardeado por críticas. Assassin’s Creed, lançado em diversos países do mundo ainda em 2016, estreou apenas ontem nos cinemas brasileiros e não foi nenhum pouco aclamado, ainda que conte com um elenco muito eficiente. Youtubers, bloggers e simples telespectadores usuários das redes sociais expressaram seu descontentamento em relação a falta de ação, aos diálogos pobres e a falta de verossimilhança com a franquia de games. Conferindo de perto essas mancadas, vemos que elas não param por aí…
O grande problema de Assassin’s Creed e da maioria dos filmes Hollywoodianos atuais está no desenrolar da trama. Tudo acontece rapidamente, fatos marcantes tornam-se genéricos, a construção dos personagens parece não ter nexo algum, e de repente o protagonista, que começou fraco e despreparado, vira um herói faixa preta em várias artes marciais em menos de uma semana (no tempo da história) e em 2h (no tempo que estamos sentados nas poltronas do cinema). Assassin’s Creed apresentou todos esses erros, e ainda outros que comentaremos aqui.
Talvez a trama do filme rendesse 3 bons filmes, porém optaram por fazer apenas um, levando a um não detalhamento, nem boa apresentação dos personagens e da história. Os primeiros 15 minutos do filme ainda são bons e parecem guardar bons momentos para o futuro, quando o protagonista, Lynch, é apresentado com sua infância dramática – mesmo que isso seja um tanto clichê – e quando os assassinos aparecem reunidos em 1492 com a missão de proteger a Maçã do Éden. (Até então o fã fanático da franquia já se decepcionou suficientemente, ao ver que nenhuma das histórias dos games foi adaptada, mas mesmo assim resolve dar uma chance)
A frustração aumenta, assim como as mancadas, quando Lynch é pego pela Abstergo e tem sua primeira experiência no Animus. No jogo demoramos um tutorial inteiro para descobrir como a máquina funciona, enquanto Lynch precisa sincronizar-se com seu antepassado na base do susto. Quando o personagem “encarna” na pele de Aguilar temos outra decepção. Nos games os jogadores têm um certo livre arbítrio ao agir, eles não são meros telespectadores da vida de seus antepassados como ocorre no filme.
Talvez o maior erro do filme seja o vilão, sua motivação e sua filha. A relação conturbada entre pai e filha é muito mal explorada e ao final do filme temos a maior dúvida em relação a isso. Ambos fazem parte de uma instituição de Templários atuais e dizem estar a procura da Maçã do Éden em busca da erradicação da violência. A Dra Rikkin, filha do vilão, parece, em princípio, ser sincera e honesta com seu propósito. No entanto, no decorrer do filme ela se distancia cada vez mais das doutrinas um tanto severas de seu pai, que mascaram seu real desejo de aniquilar o credo dos assassinos. Com seu discurso humanitário, a doutora se posiciona contra seu pai, mas posiciona-se submissa a ele e cumpre todas suas ordens, mesmo sendo o cérebro pensante da Abstergo.
O Grand Finale tem o pior desfecho que o filme poderia ter e nos faz ter menos vontade ainda de ver os filmes que estão por vir. Lynch decide entregar a Maçã do Éden aos templários buscando uma vingança sem sentido para a morte de sua mãe. Lynch dá a localização do artefato para o Dr. e a Dra. Rikkin, que vão atrás da relíquia. Enquanto isso, os assassinos presos no prédio da Abstergo iniciam um motim e decidem ajudar o traidor, que ao entregar a Maçã arrepende-se e decide recuperá-la, durante sua exibição na Ordem dos Templários. Eles entram na Ordem repletos de armas, cobertos por capuzes e luvas em pleno século XXI sem que ninguém desconfie e assassinam o vilão enquanto o Pomo é aberto. Os assassinos conseguem escapar, afinal os templários evoluíram tanto historicamente a ponto de não ter mais seguranças que previnam ataques como esse… E por fim a Dra. Rikkin sensibiliza-se com a morte de seu amado pai e muda sua opinião em relação ao Assassin’s Creed. Ela promete vingar a morte do personagem vivido pelo célebre Jeremy Irons nos próximos filmes.
Quanto aos viciados pela franquia do jogo, esses tiveram a maior decepção de todas. O que se espera de um jogador de Assassin’s Creed é que ele admire o jogo devido a sua jogabilidade e também a trama, que sempre é muito fiel a História. Esperávamos ao menos ver ótimas cenas de parkour, alguns Saltos de Fé, assassinos andando pelas sombras, furtando pessoas e mais mortes silenciosas. O filme de fato teve pouquíssimas cenas de ação, mas pode-se dizer que é a única coisa que salva o filme. Além disso, como amante da História, pouco foi aprofundado sobre o tema da Inquisição Espanhola. Deveriam, aliás, ter escolhido outra época histórica, afinal os primeiros jogos da franquia se passaram em épocas muito mais interessantes, como a Terceira Cruzada liderada por Ricardo Coração de Leão ou como, em Ezio’s Trilogy, no Renascimento, assassinando a famosa família Bórgia (que inclusive possui um ótimo seriado cujo protagonista também é interpretado com qualidade por Jeremy Irons).
Resta apenas apostar nos filmes que estão por vir. Quem sabe com essa enxurrada de críticas produzam algo de melhor qualidade e menos parecido com os enredos de Batman… Se reparmos bem, até a cena inicial e final foram copiadas do nosso amigo morcego. A cena inicial, de Lynch ainda criança saltando com sua bicicleta através do obstáculo sem sucesso, contrasta com a final, quando ele e seus parceiros começam um Salto de Fé do alto de um prédio. Só que até mesmo nessa cena a produção errou feio, pois não se sabe se eles caíram direito… Se o salto tiver sido como o filme, podemos ter certeza que teve um final beeem feio!
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