Por: Juliane Assis
“Hardwired…To Self- Destruct”, lançado em 18 de novembro de 2016, entrou para a lista dos álbuns mais aguardados do ano passado com expectativas além da imaginação e que em parte foram correspondidas, porém o décimo álbum de estúdio da banda norte-americana de heavy metal – talvez a mais famosa – o Metallica, apresenta tanto faixas boas quanto outras arriscadas demais.
Após a espera de oito (8) anos, que mais pareceram oito décadas para os fãs, o disco foi lançado pela própria gravadora da banda, a Blackened Recordings, sendo o sucessor do fracasso de vendas projeto Lulu (2011). O disco foi em sua maioria composto e produzido apenas pelo baterista Lars Ulrich e pelo vocalista/guitarrista James Hetfield, unidos ao gênio da engenharia musical Greg Fidelman, este que já trabalhou com bandas como Black Sabbath e Red Hot Chili Peppers.
Infelizmente o guitarrista Kirk Hammett e o baixista Robert Trujillo não tiveram grande participação nas composições. O vocalista, James Hetfield, disse em entrevista para Metal XS da França, que os riffs de Kirk não estão no disco, “…ele só veio e fez os solos…”, já quanto a participação de Trujilo, James conta que é perceptível em canções como “ManUNkind” mas que também se limitou a isso.
Divulgado como um disco triplo em sua edição deluxe para atrair os árduos e antigos fãs dispostos a pagar qualquer preço pelos produtos da banda, a obra possui três partes; as duas primeiras compostas de músicas originais e a terceira com músicas antigas gravadas ao vivo e covers.
A banda também postou em seu canal no YouTube videoclips e vídeos do making ofs de todas as músicas novas, utilizando assim a nova plataformas de comunicação como meio de divulgação principal, dando a oportunidade para os fãs imergirem numa experiência incrível.
“Hardwired” faixa que abre o disco, conta com uma bateria rasteira intercalada a um riff de guitarra veloz, alias veloz é uma palavra que define bem essa música que encanta a todos que ansiavam por um álbum de puro heavy. A composição mistura elementos do speed metal com heavy e tharsh maestramente, outro ponto a ser observado é o vocal de James Hatfield que volta com toda força em seu alcance máximo.
Em seguida “Atlas, Rise!” mantém o mesmo ritmo pesado e veloz de sua anterior, porém com o dobro de sua duração, a música conta com uma letra criativa e expressiva que unida à voz interpretativa de James dá uma sonoridade especial para a música. O instrumental acaba seguindo a teatralidade do vocal complementando-o com riffs potentes e solos exuberantes.
Já em “Now That We’re Dead” podemos ver uma mudança significativa de estilo que arrisco dizer, perpassa um hard rock com toques de metal, e da um destaque para o baixo de Robert comprovando o porquê se ser o substituto de Jason Newsted. “Moth into Flame” entra como um single forte estilo “New Wave of Britsh Heavy Metal” misturado com riffs mais pesados e um vocal mais thrash do que nunca, mas que aos 1`38“ muda com um riff prolongado e melódico decaindo consideravelmente, entretanto sempre voltando a base heavy.
Em seguida a faixa “Dream no More” pode decepcionar alguns por se assimilar com uma versão de “Sad But True”, porém colocada num downtempo com um vocal arrastado, e um riff pesado e massivo. Para encerrar o primeiro disco a música “Halo on Fire” se inicia com uma bateria pesada intercalada de riffs certeiros, porém muda radicalmente de escala se tornando uma música melodicamente lenta que em certos pontos volta para seu ápice brutal, mas sempre volta lenta com o vocal ecoado e com um sutil solo. A música, no entanto não é uma das mais potentes e fecha o ciclo em defasagem.
O segundo disco começa com a poderosa “Confusion” que apesar de ser extremamente similar a música “Am I Evil?” da banda Diamond Head, tem suas características próprias e vem como um dos melhores instrumentais do álbum, e o vocal interpretativo de James que segue a linha da guitarra faz restaurar no ouvinte a esperança de que o antigo Metallica que todos esperavam estava de volta.
Em seguida “ManUnkind” apresenta uma composição com o pé nos artistas de rock setentistas, com longos riffs arrastados, porém que nada tem a ver com a fase mais true metal da banda, e sim com a de “Load”(1996). Um ponto a ser destacado foi a criatividade peculiar do videoclipe desta música, aonde uma banda de black metal num show ao vivo dubla a música.
A brutal “Here Comes Revenge”, com seus mais de 7 minutos, possui riffs fortes, consistentes, e uma base da bateria bem parecida com a introdução de “Enter Sandman”, clássico de 1991 da banda. Mas que toma um caminho um pouco diferente, com vocais e instrumentais mais elaborados. Agora em “Am I Savage?” uma introdução calma é apresentada, porém ela dura pouco e logo é substituída por um riff forte, a letra é arrastada na voz de James que acompanha a escala da guitarra.
Em “Murder One” podemos ver o lado mais melódico do grupo, que intercala um dedilhado de guitarra com pesados compassos de bateria e riffs, mas que detona nos solos improvisados e no vocal. Com certeza é uma das faixas mais poderosas do grupo.
E para fechar com chave de ouro o segundo disco, a música “Spit Out The Bone” é praticamente impecável. Desde o instrumental até a letra, tudo é perfeitamente encaixado para que se torne um single de sucesso entre críticos e fãs e ainda mova multidões, veio definitivamente para provar porque o Metallica é o Metallica. A faixa começa com um riff pesado e veloz, que talvez seja o melhor do álbum, e é acoplado a uma bateria rápida e brutal, a um baixo inigualável, a um vocal monstruoso, e a um solo inimaginável, algo digno do título no Rock and Roll Hall of Fame.
Por fim o álbum do Metallica infelizmente não justifica todos os anos de pausa ou os deslizes nas antigas composições, mas mostra sim que talvez eles tenham se livrado do carma de “somos o Metallica e tudo o que nós tocamos vira ouro, por isso podemos fazer qualquer coisa” então pegaram nas guitarras, baixo e bateria, e compuseram algo com alma e coração, como não era visto a muito tempo. Entretanto a legendária banda de “Kill ‘Em All” (1983), “Ride the Lightning” (1984) e “Master of Puppets” (1986) ainda é capaz, como sempre, de fazer muito mais pelos fãs.
Tracklist:
Disco 1
1. “Hardwired”
2. “Atlas, Rise!”
3. “Now That We’re Dead”
4. “Moth Into Flame”
5. “Dream No More”
6. “Halo On Fire”
Disco 2
1. “Confusion”
2. “ManUNkind”
3. “Here Comes Revenge”
4. “Am I Savage?”
5. “Murder One”
6. “Spit Out The Bone”
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