Com show energético, Green Day levanta o público em São Paulo

Por Flavia Carvalho
FOTO: Stephan Solo/Midiorama

Desde que foi anunciado, o show da banda californiana Green Day foi um dos mais esperados de 2017. A última vez em que a banda esteve no país foi há 7 anos, em 2010. O que soa como uma eternidade para os verdadeiros fãs. A ansiedade e a saudade fizeram com que muitos deixassem de viajar na emenda de feriado e comparecessem à Arena Anhembi nessa sexta-feira 03 de novembro. Com camisetas que homenageiam a banda e seus álbuns épicos como Dookie e American idiot, bem como da atual tour Revolution Radio, os fãs da banda já acampavam desde cedo na fila para conseguir um bom lugar em frente ao palco.

O horário do show soava desanimador para aqueles que chegaram cedo, afinal o trio só subiria ao palco às 22h, mas para o alívio do público, a banda americana de ska punk The Interrupters abriu a noite e fez um show animado e muito competente. Formada pela vocalista Aimee Interrupter, o guitarrista Kevin Bivona, o baixista Justin Bivona e o baterista Jesse Bivona, a banda que tem apenas 6 anos de estrada assumiu o papel de fazer o aquecimento da noite e não cansou de elogiar o público, que recebeu de forma calorosa os novatos.

É hora de Green Day!
Ao som de Bohemian Rhapsody do Queen, as luzes se apagaram, em seguida Blitzkrieg Bop dos Ramones ecoava na arena, enquanto um sujeito vestido de coelho saudava os fãs ansiosos. Estava chegando a hora do show mais aguardado da noite. Billie Joe na guitarra e nos vocais, Mike Dirnt no baixo e Tré Cool na bateria, subiram ao palco em meio a gritos calorosos dos fãs e abriram o show com a dobradinha Know Your Enemy e Bang Bang, deixando claro qual seria o tom da noite.

FOTO: Stephan Solo/Midiorama

Billie Joe não aparenta a idade que tem e mostrou que está com fôlego de sobra para conduzir o show energético e cheio de pirotecnia que estava por vir. O vocalista convidou, durante três momentos do show, fãs para subir ao palco, para cantar e até tocar guitarra. Interação foi o que não faltou, com bandeiras como as do Brasil e do orgulho LGBT, o vocalista brincou com o público diversas vezes e até lançou algumas camisetas para os fãs. Teve até jato de água para refrescar a galera, que pareceu aceitar a condição de sair encharcada da grade como um preço a se pagar por estar mais perto dos ídolos.

Durante alguns dos vários discursos de Billie Joe, que chegou a dizer não ao racismo, ao sexismo, aos homofóbicos e ao Trump, pôde-se ouvir um coro de Fora Temer levantado pelo público. Depois de Basket Case, Tré Cool desceu de sua bateria, com uma fantasia carnavalesca, com acessórios na cabeça tipo Camen Miranda, para dançar e brincar com o público em King for a Day. Além disso, um saxofonista fantasiado de faraó entrou no palco para tocar Garota de Ipanema, completando um dos momentos mais descontraídos da noite.

Logo após King for a Day, Billie Joe puxou um pot-pourri de covers com as músicas Shout (The Isley Brothers), Always Look on the Bright Side of Life (Monty Phyton), Break on Throught (The Doors), Satisfaction (The Rolling Stones) e Hey Jude (The Beatles) para interagir com o público, e para descansar, afinal permaneceu quase que o pot-porri inteiro deitado no chão.

FOTO: Stephan Solo/Midiorama

Os esforços do power trio, que conta com uma banda completa de apoio, não foram em vão. O público respondeu de forma calorosa quase que 100% do tempo, o que foi notado por Billie Joe em uma das conversas com o público onde comentou ser um “momento especial por não ter muita gente filmando com os celulares” e ainda disse que a galera não precisava de Facebook, nem guardar os momentos pra depois e sim curtir ali, naquele instante.

Ao longo da noite, a banda tocou sucessos que passam por diversas fases de sua carreira. Logo no início, uma tríplice do American Idiot com Holiday seguida de Letterbomb e Boulevard of Broken Dreams. Para os fãs mais old school, rolaram faixas como 2000 Light Years Away, Welcome to Paradise e Knowledge, dos dois primeiros álbuns da banda. Ainda teve um acréscimo de músicas como Armatage Shanks, J.A.R., F.O.D., Scattered, Nice guys finish last e Waiting, que não estavam no setlist do show do Rio de Janeiro. No entanto, a queda da música She, uma das principais do ótimo álbum Dookie foi muito sentida pelos fãs que, mesmo após o final do show, ainda levantaram um coro esperando que a banda atendesse ao pedido pela música – o que não aconteceu.

Ao final do show, American Idiot e Jesus of Suburbia levaram o público ao delírio e, no bis final, Billie Joe cantou 21 Guns e Good Riddance nas versões acústicas, num momento íntimo com os fãs que não pouparam voz e cantaram junto.

FOTO: Stephan Solo/Midiorama

O saldo final foi positivo. Com pouco mais de 2h30 de duração, o show do Green Day agradou muito mais do que cansou. Embora não tenha lotado a arena Anhembi, foram aproximadamente 25 mil pessoas, o público saiu feliz e satisfeito. Agora, só faltava enfrentar a jornada de volta para a casa – e a ausência de transporte público por conta do horário.

Setlist
01. Know Your Enemy (com participação de fã no palco)
02. Bang Bang
03. Revolution Radio
04. Holiday
05. Letterbomb
06. Boulevard of Broken Dreams
07. Longview (com participação de fã no palco)
08. Youngblood
09. 2000 Light Years Away
10. Armatage Shanks
11. J.A.R.
12. F.O.D.
13. Scattered
14. Nice guys finish last
15. Waiting
16. When I Come Around
17. Welcome to Paradise
18. Minority
19. Are We the Waiting
20. St. Jimmy
21. Knowledge (com participação de fã tocando guitarra no palco)
22. Basket Case
23. King for a Day (com participação de saxofonista tocando trecho de “Garota de Ipanema”)
24. Shout / Always Look on the Bright Side of Life / Break on Throught (to the other side)/ (I Can’t Get No) Satisfaction / Hey Jude
25. Still Breathing
26. Forever Now
Bis
27. American Idiot
28. Jesus of Suburbia
Bis 2
29. 21 Guns (acústica)
30. Good Riddance (Time of Your Life) (acústica)

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