Aerosmith detona no Palco Mundo e dá aula de rock ‘n’ roll

Por: Danielle Barbosa
Foto: Fernando Schlaepfer/I Hate Flash

Banda liderada por Steven Tyler  demonstra vitalidade, energia e explosão em show espetacular.

A noite da última quinta-feira, 21, teve um lineup especial para os amantes das lendas do bom e velho hard rock. Def Leppard e Aerosmith carregam legiões de fãs apaixonados há anos por um único e simples motivo: são lendas do rock!

A banda liderada por Steven Tyler, “the Demon of screaming”, fez o melhor show do Rock in Rio, até agora. A apresentação, que começou com um ligeiro atraso – cerca de dez minutos -, foi direto ao ponto e envolveu todos os presentes na Cidade do Rock. Não só as pessoas estavam ali para presenciar esse momento único, que foi a primeira vez em que o grupo se apresentou no festival, mas também o que foi feito em cima do palco foi de arrepiar qualquer um! Aos sessenta e nove anos, Tyler é dono de uma voz invejável e singular: os agudos precisos e gritos na hora certa levaram o público ao delírio em diversos momentos. “Melhor banda”, “Sensacional”, dentre outras aspas. Esse era o feedback que vinha da multidão.

Outro ponto que vale destacar é a atitude e confiança com que eles se apresentam, sabendo do que são capazes e colocando em prática o ‘melhor do melhor’. Joe Perry, guitarrista da banda, é outra figura icônica. O astro, de 67 anos, tem a disposição de um menino: fora o show de pouco mais de 1h40 com o Aerosmith, participou da reunião de grandes estrelas celebradas por Alice Cooper no Palco Sunset, poucas horas antes. De um show para o outro, só o figurino mudou. A vitalidade, empolgação e precisão com que ele fez cada riff foram de cair o queixo.

Foto: Fernando Schlaepfer/I Hate Flash

O palco do Rock in Rio esse ano dispõe de um ‘avancé’, uma plataforma que estende o palco até o público, pra trazer um ‘ar’ mais intimista às apresentações. Steven Tyler e o Aerosmith foram, quiçá, a banda que mais fez uso do recurso, o utilizando por várias vezes para interagir e agitar os fãs, assim como em “Dream On”, hit no qual o piano – tocado com maestria pelo vocalista – se movimenta até a metade da plataforma. Que presença de palco!

No set, clássicos como “Crying”, “Livin’ on the Edge”, “Crazy”, “I Don’t Want to Miss a Thing” – com um trecho majestoso a capella do público -, “Sweet Emotion” e “Dude (Looks Like a Lady)” não faltaram. Tudo perfeito para proporcionar o ápice do êxtase no público. E funcionou muito bem! Apesar disso, não teve espaço para “Fly Away From Here” e “Jaded” na listagem, que – inclusive -, foi até certo ponto enxugada, se comparados aos outros headliners, que tem trazido uma média de 21 músicas por apresentação. Ao fim do show, muitos fãs questionaram a ausência dos hits, mas sem que a reclamação persistisse muito, afinal, o dinheiro do ingresso tinha valido à pena!

Steven Tyler é um frontman como poucos. Como os cariocas mesmo diriam: o ‘cara’ dá aula de rock n’ roll! E, além disso, evidencia que um bom artista não é só voz, bons arranjos ou músicas estouradas nas rádios. Tudo isso faz parte e é fundamental para a receptividade das pessoas dentro de um festival global e que é assistido – presencialmente e remotamente – por milhões de pessoas. Mesmo com tudo o que possivelmente poderia querer na carreira musical, ele não perde o brilho, o charme e a pose de ‘rock star’! Ele brinca com a câmera, toca gaita e piano, faz caras e bocas, conversa com os fãs e nem parece estar cansado após um show com extremo vigor e alto nível de desgaste físico. Fora tudo isso, ele ainda esbanja simpatia com tentativas de falar português – quase um portunhol – para engajar a galera e tem um ‘sex appeal’ nada forçado.

 Ficar parado é simplesmente fora de cogitação! Palmas, pulos, mãos balançando e socos no ar, solfejos… teve de tudo! Já no fim do show, o guitarrista Joe Perry desceu as escadas e foi cumprimentar os fãs na grade, para êxtase final – e geral, deixando seu nome registrado como um coadjuvante de luxo de Tyler, que inegavelmente é o centro das atenções.

 Já sem camisa no bis, deu-se a explosão final. “Dream On”, com direito à fumaça lançada e Tyler abusando de potência vocal em cima do piano, foi a canção mais acompanhada pelos fãs, seguida por uma versão de “Mother Popcorn”, de James Brown, e “Walk This Way”, que fechou com chave de ouro e uma despedida épica: enquanto os fogos que anunciam o fim do dia de apresentações dentro da Cidade do Rock estouravam, Tyler parecia querer continuar no palco e deu vários “boa noites” e acenos carinhosos.

A única frase que vem à mente após um show desses é: Viva o Rock N’ Roll!

Setlist:

1. Let the Music Do the Talking
2. Love in an Elevator
3. Cryin’
4. Livin’ on the Edge
5. Rag Doll
6. Falling in Love (Is Hard on the Knees)
7. Stop Messin’ Around (Fleetwood Mac cover)
8. Oh Well (Fleetwood Mac cover)
9. Crazy
10. I Don’t Want to Miss a Thing
11. Eat the Rich
12. Come Together (The Beatles cover)
13. Sweet Emotion
14. Dude (Looks Like a Lady)
Bis:
15. Dream On
16. Mother Popcorn (James Brown cover)
17. Walk This Way

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