Por: Danielle Barbosa
Show dos americanos sofreu com falhas de som, mas a banda contornou o problema
na experiência e fez uma apresentação sólida.
Falar de Metallica e associar ao Rock in Rio parece algo corriqueiro. A banda californiana de heavy metal é, sem dúvidas, uma das mais lembradas pelos produtores e pedidas pelo público em todos os anos de festival, alcançando um recorde de apresentações, com shows nas três últimas edições no Rio de Janeiro (2011, 2013 e 2015) e em outros anos em que o festival não foi na sua cidade de origem. Em 2015, por exemplo, o Metallica foi a única banda a fazer parte do line up tanto da edição dos Estados Unidos quanto do Brasil. O grupo fez questão de demonstrar alegria por participar de uma edição tão especial do festival. “O Metallica está feliz de estar aqui no 30o aniversário do Rock in Rio!”, disse James Hetfield.
Com tantas aparições em sequência e em um curto espaço de tempo, é realmente bastante difícil que o grupo traga um trabalho novo e inovador todas as vezes. O show é previsível e o setlist também não foge dos principais sucessos. Para muitas bandas, isso seria uma crítica (e das grandes!). Não para o Metallica. O quarteto tem tantos anos de estrada e autoconfiança no palco que nunca faz feio. Ainda que nada tenha surpreendido o público e os jornalistas, tudo foi executado com qualidade e potência dignos do Metallica.
Um show do Metallica nunca é desperdício – nem de tempo e nem dinheiro – e o público parece querer sempre um pouco mais. Além disso, o energético vocalista de recém-completados 52 anos, James Hetfield, é uma atração a mais dentro do próprio show. Bem comunicativo, o cantor faz questão de enlouquecer a plateia com solos prolongados de guitarra e muita atitude. É evidente que ele tem o comando completo da plateia e faz bom uso disso. “O Metallica está com vocês, vocês estão conosco?”, provocou o cantor, para em seguida receber uma resposta bem barulhenta dos fãs.
Embora o show possa ser colocado num patamar de boa apresentação para um headliner da noite, o grupo norte-americano enfrentou com problemas no som por duas vezes ainda no início do show. Segundo a produção do festival, a interrupção momentânea do áudio – que provocou um silêncio constrangedor e até algumas vaias e xingamentos à presidente Dilma por parte do público – ocorreu pela desconexão da linha de saída de som entre a mesa da banda e a do festival. A sorte, porém, é que James e cia levaram o ocorrido com muita experiência e sem deixar a energia cair, fingindo que nenhum transtorno havia se sucedido. “Vocês podem me ouvir? Eu não consigo ouvi-los”, gritou James, buscando agitar a plateia.
Como já elucidado, a setlist foi elaborada sem muitos riscos ou mudanças. Entre os hits que não poderiam faltar, estão “The Unforgiven”, “One”, “Master of Puppets”, “Fade to Black”, “Master of Puppets” (com a tradicional gargalhada no fim), “Seek and Destroy”, “Whiskey in the Jar”, “Nothing Else Matters” e a clássica e a sempre presente, “Enter Sandman”. O guitarrista Kirk Hammett e o baixista Robert Trujillo também brilharam em seus solos, o que comprova que a força do Metallica não está somente nos vocais, há músicos extremamente talentosos por trás.
É importante salientar também a fidelidade dos fãs, que permaneceram em sua maioria sem arredar o pé da Cidade do Rock até a madrugada, uma vez que o show só teve início quase 50 minutos após o horário estipulado e durou pouco mais de duas horas. Mas não houve reclamações, não. Inclusive, uma situação bem inusitada e interessante ocorreu no palco: 100 contemplados assistiram a apresentação toda lá de cima, com camisetas identificando-os como “MET Family”. Para eles, com certeza foi uma grande emoção que guardarão na memória e futuramente irão compartilhar com seus filhos e netos.
O encerramento, já com o relógio batendo as três da matina, foi épico. Pegue milhares de pessoas ensandecidas e adicione um gás de uma das faixas mais tradicionais do Metallica. Para completar, termine a canção jogando balões gigantes oficiais da banda no meio do público, o que obviamente gerou um rebuliço entre os fãs, pois todos queriam levar uma lembrança física do show para casa. “Enter Sandman” fechou a noite impondo respeito e fazendo a plateia vibrar. “Vocês se divertiram hoje? Muito obrigado, Rio”, disse o cantor, para ser ovacionado pelos fãs logo a seguir. James foi, ainda, o último a deixar o cenário. O músico fez questão de agradecer a intensidade da plateia naquela noite e se despediu fazendo caras e bocas frente a uma câmera.
O máximo que podemos ter é o máximo de respeito por uma banda que nunca deixa a desejar e desejar que nos seja concedido o privilégio de acompanhar esse trabalho de perto por muitos e muitos anos.
Setlist:
It’s a Long Way to the Top (If You Wanna Rock ‘n’ Roll)
The Ecstasy of Gold
Fuel
For Whom the Bell Tolls
Battery
King Nothing
Ride the Lightning
Guitar Solo
The Unforgiven
Cyanide
Wherever I May Roam
Sad But True
Bass Solo
Turn the Page
The Frayed Ends of Sanity
One
Master of Puppets
Fade to Black
Seek & Destroy
Bis:
Whiskey in the Jar
Nothing Else Matters
Enter Sandman
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