Por: Juliane Assis
O álbum que ninguém esperava, acho que melhor definição do que isso para o novo CD do Avenged Sevenfold é: só um dos melhores álbuns de metalcore lançados neste ano. A banda composta por M.Shadows (vocal), Synyster Gates (guitarra solo), Zacky Vengeance (guitarra base), Johnny Christ (baixo) e o ex-baterista do Bad Religon, Brooks Wackerman, que substituiu Arin Illejay, lançou repentinamente, no fim do mês passado, o seu sétimo álbum de estúdio.
“The Stage”, divulgado poucos dias após a música (de mesmo nome) juntamente com o vídeo, é o primeiro disco da banda pela gravadora Capital Records e traz uma mescla de propostas novas e experiências antigas. Os quatro amigos de adolescência amadureceram seu som e conseguiram juntos evoluir de forma perceptível. E tudo, dentro do álbum, se baseia na inteligência artificial, desde as letras até os arranjos.
O novo baterista do Avenged conseguiu, nem que por alguns momentos, conciliar o legado que o falecido baterista da banda, James Owen Sullivan “The Rev”, deixou, com seu estilo próprio e o da banda; mostrando de forma sensata uma bateria vigorosa e talentosa.
A música que abre o disco leva o mesmo nome do álbum, e é introduzia com efeitos sonoros estridentes influenciados eletronicamente, logo após, um solo de guitarra rápido e compassado com a bateria de bumbo duplo é apresentada. Ambos os elementos diminuem o ritmo e então a voz entra com versos arrastados e longos, assim a música vai, com uma pulsação que aceleram e descompassam conforme a entonação da voz. Aos 4 minutos e 16 segundos, o vocal se esvai e deixa em todos um ar de melancolia, somente com guitarra solo, sem seguida a pancadaria acoplada a voz volta, e para encerrar a música, a calmaria do violão acústico é estabelecida.
A poderosa “Paradigm”, segunda faixa do álbum, veio para relembrar os bons tempos de City of Evil. Uma construção forte e inabalável, com guitarras base e solo potentes, que crescem conforme a bateria aumenta de velocidade. O vocal gutural de M. Shadows, que fazia falta nos discos anteriores, volta com tudo e mostra sua qualidade nessa faixa. Sem falar na guitarra solo de Synyster Gates, e no piano clássico ao fundo do final da música que criam uma composição mais coerente do que nunca.
Já em “Sunny Disposition”, terceira faixa, finalmente o baixo de Johnny Christ é percebido, ajudando a criar um clima de tensão em meio às guitarras dedilhadas. Corais de fundo, backing vocals e instrumentos de sopro, já muito utilizados pela banda, também mostram seu potencial em meio à construção e ao solo de guitarra heavy. Talvez a única critica a composição seja o vocal descompassado que caminha num ritmo diferente aos instrumentos, o que pode não agradar muito os ouvidos.
Agora “God Damn”, mostra um lado bem british heavy metal da banda, e muitas influências como Judas Priest podem ser notadas, mas tudo gira em torno da alma metalcore e punk rock do grupo. Com instrumentos marcantes e fortes, a faixa arruma 5 minutos de destaque para todos, tanto para o vocal, quanto para bateria, guitarra (base e solo) e baixo. “Creating God”, se mostra como uma boa música, com solos muito bem executados e arranjos bem construídos, porém não tanto quanto suas anteriores.
A sexta música do álbum, “Angels”, veio como uma das baladas do álbum, com guitarras bem posicionadas na harmonia da composição, um vocal bem expressivo e interpretativo, a música cumpre seu papel de balada melancólica. Já “Simulation” começa lenta e desanimada, porém aos quase 1 minuto de música o ritmo muda totalmente, e toda a construção musical adquire um ar muito mais teatral, com inúmeros efeitos sonoros, vozes e entonações diferentes.
Logo em seguida a não muito agradável “Higher” é executada, nela, elementos como vocal e guitarra perdem suas forças e remetem ao comum. Já “Roman Sky” vem para lembrar a todos da verdadeira cara das baladas do grupo, porém muito melhor construída harmonicamente, a música possui elementos chave que a diferenciam totalmente das outras já escritas; com um violino agindo maestramente ao fundo junto com guitarra e bateria compassadas ao seu ritmo e um solo de guitarra/vocal que arrepiam e emocionam.
Já “Fermi Paradox” quebra todo esse clima, transitando de um heavy melódico para guitarras com inúmeras influências do thrash em vários momentos, tanto nos de pancadaria das palhetadas fortes quanto nos de solos arrastados. E finalmente para encerrar o álbum “Exist”, uma música de 15 minutos e 41 segundos, que mistura diversos elementos tanto do universo eletrônico quando do rock, heavy e metalcore melódico, a música possui vários hiatos de silencio que introduzem instrumentais fortes, e pianos/órgãos muito bem constituídos dentro da harmonia, e além de tudo o final da faixa conta com uma narração do famoso cientista e apresentador da série Cosmos, Neil DeGrasse Tyson, que empresta sua voz para proferir alguns segundos de sabedoria.
“The Stage” foi uma das melhores surpresas do ano, e demonstra a singela volta da banda para suas origens. É perceptível a carga de experiências positivas e negativas que os integrantes da banda levam com si e a transformam num ótimo álbum; apesar de tudo os amigos de escola californianos seguem com seus sonhos, conquistando cada vez mais fãs de todas as idades e lugares.
Tracklist:
01. The Stage
02. Paradigm
03. Sunny Disposition
04. God Damn
05. Creating God
06. Angels
07. Simulation
08. Higher
09. Roman Sky
10. Fermi Paradox
11. Exist
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