Por: Juliana Guimarães
Previsibilidade e Pearl Jam definitivamente não combinam. Após duas apresentações totalmente diferentes em São Paulo, o público não fazia ideia de qual repertório esperar. Mas os rapazes – já não tão rapazes assim, mas com uma disposição invejável – não decepcionaram, nem na escolha, nem na performance.
Eddie Vedder & Cia apresentaram algumas novas músicas e passearam pelos sucessos ao longo de seus 20 anos de carreira – comemorados este ano – com muita energia e uma forte empatia com o público, detalhes que contribuíram para que o show fosse singular.
A incrível e recente “Unthought Known” abriu a apresentação, e a resposta do público à performance carismática de Vedder – sempre acompanhado de sua garrafa de vinho – daria o tom da noite. “Last Exit”, “Blood” e a enérgica “Corduroy” foram tocadas em sequência, sem tempo para descanso. Para delírio dos presentes, o vocalista arriscou-se no português. “Eu lembro muito bem daqui. Nós estamos felizes por estarmos de volta”, afirmou, fazendo referência à primeira apresentação da banda na cidade, há seis anos.
Quem decidiu ir ao show pelos sucessos passados, também não se decepcionou. Canções como “Even Flow”, “Jeremy”, “Do the Evolution”, “Alive” e “Daughter” não deixaram os fãs – super afiados nas letras – descansarem um segundo. A forte ligação entre a plateia carioca e a banda ficou ainda mais claro nos riffs finais de “Daughter”, quando o público entoou em uma só voz os sons característicos da música. Vedder respondeu à iniciativa com entusiasmo, dançando e visivelmente curtindo o retorno da plateia.
Canções mais recentes também marcaram presença, sem deixar o ritmo cair. “The Fixer” e “Got Some” mostraram que a banda continua fazendo um rock de muita qualidade, sem perder sua essência. Eddie Vedder arriscou mais uma vez um português um tanto quanto desajeitado, cobrindo os cariocas de elogios. “O mar e as montanhas daqui são muito especiais, mas são as pessoas que fazem a cidade bonita”, ressaltou.
Em “Rearviewmirror”, Vedder tropeçou na letra, esquecendo-se dos primeiros versos, algo relativamente comum em suas performances. Mas nada que abalasse os fãs, que prontamente o ajudaram. Logo em seguida, a banda retirou-se do palco para depois retornar com o bis, iniciado pela belíssima “Just Breathe”, também do último trabalho do grupo.
A apresentação teve espaço para uma grande homenagem a um velho amigo de Vedder. “Esta música é para meu amigo Johnny Ramone. Ele adorava o Brasil. Eu sinto saudade dele todos os dias”, admitiu, em português, tocando “Come Back” em seguida. Os Ramones foram lembrados mais uma vez em “I Believe in Miracles”, muito bem recebida, assim como “Rockin’ in a free world”, de Neil Young, ambas já incorporadas ao repertório da banda.
A grande surpresa da noite ficou por conta de um cover executado apenas duas vezes pelo Pearl Jam: Mother, do Pink Floyd, presenteando o público com um momento certamente inesquecível. O bis trouxe ainda as emocionantes “Better Man” e “Black”, que criaram um clima que misturava grande nostalgia e emoção. Após 2h45min, a apresentação terminou com a Lado B “Yellow Ledbetter”, deixando 40 mil fãs extasiados e com uma certeza: não querem esperar mais seis anos.
Setlist:
01. Unthought Known
02. Last Exit
03. Blood
04. Corduroy
05. Given To Fly
06. Nothingman
07. Faithfull
08. Even Flow
09. Daughter
10. Habit
11. Immortality
12. The Fixer
13. Got Some
14. Elderly Woman Behind The Counter In A Small Town
15. Why Go
16. Rearviewmirror
Bis 1
17. Just Breathe
18. Come Back
19. I Believe In Miracles
20. State Of Love And Trust
21. Of The Earth
22. Do The Evolution
23. Jeremy
Bis 2
24. Mother
25. Better Man
26. Black
27. Alive
28. Rockin” In The Free World
29. Indifference
30. Yellow Ledbetter
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