Entrevista com a banda Hatematter

Entrevista: Vic Heloise
Edição: Gustavo Franchini

Foto: Divulgação/ JZ Press

A banda paulista Hatematter (que começou a sua jornada no ano de 2007) desde sempre buscou a meticulosa exploração de texturas sonoras, visando a criação de um estilo de metal agressivo, sem, no entanto, comprometer a melodia. Suas influências abrangem um espectro diversificado dentro do Melodic Death/Groove Metal, que vai desde bandas como Carcass, Nevermore, In Flames e At the Gates até nomes como Hypocrisy, Grave Digger, Blind Guardian e Iced Earth.

Ano passado lançaram o álbum Antithesis e é justamente sobre isso que conversamos nesta entrevista exclusiva (gravada em 2023), além de detalhes de como foi o processo de gravação, ideias nas letras, mudanças de formação e planos para o futuro.

Confira o vídeo completo aqui:


Sobre a banda

A demo intitulada “Meagering in Vain” representou um período de intensa experimentação e aprendizado, no qual a banda se aperfeiçoou até se sentir totalmente preparada para enfrentar o desafio de entrar em um estúdio e gravar seu álbum de estreia, intitulado “Doctrines”, que viu a luz do dia em novembro de 2012. Entre as faixas mais notáveis e celebradas deste álbum, destacam-se “Left Hand of God”, “Sweet Suffering” e “A Matter of Hate”.

Em 2014, a banda decidiu retornar ao estúdio para criar “Foundation”, um projeto que abarcou os principais enredos da primeira série de livros de Isaac Asimov sobre o universo Foundation, incluindo ‘Foundation’, ‘Foundation and Empire’ e ‘Second Foundation’. O lançamento do single “The Seldon Plan” ocorreu em 2015, seguido pelo lançamento do álbum completo e uma breve turnê pelo Brasil, compartilhando o palco com nomes de destaque como Soilwork e Tim Ripper Owens. Entre as faixas que se destacam e foram celebradas, destacam-se “Overthrow”, “Star’s End” e “The Last General”.

No ano de 2018, a banda voltou a unir forças com um novo projeto em mente, desta vez profundamente enraizado no cenário da ficção científica moderna como sua principal fonte de inspiração. O resultado desse esforço conjunto foi o álbum intitulado “Metaphor”, um trabalho que explorou uma variedade de temas cativantes. Entre eles, destaca-se a influência dos enredos centrais dos filmes ‘Blade Runner’ e ‘Blade Runner: 2049’ na faixa “Dreams of Electric Sheep”, a reflexão sobre ‘A Chegada’ na canção “They Arrive”, a energia de ‘Mad Max: Estrada da Fúria’ em “Fury Road”, e temas profundamente introspectivos e sensíveis, como o abuso de substâncias e suicídio abordados em “The Agonizing Wail”, assim como a experiência do abandono e negligência parental explorada em “A Bitter Taste”.

No ano de 2020, a Hatematter passou por um momento de profundo pesar ao se despedir do querido amigo e co-fundador, Gustavo Polidori. Sua partida ocorreu pouco antes do lançamento do single “With Mankind Beneath my Feet”, deixando todos com os corações partidos. Gustavo e todos da banda estavam trabalhando nessa música juntos antes do ocorrido, e a banda resolveu lançá-la como single em homenagem ao amigo que partiu precocemente. Esse acontecimento impactou significativamente a dinâmica da banda, gerando intensas discussões durante esse período de luto.

Como resultado dessa transformação, a Hatematter decidiu acolher Thiago M. Ribeiro, letrista da banda e colaborador desde “Foundation”, que assumiu com destreza os papéis de guitarra rítmica e vocais de apoio. Além disso, contaram com a valiosa contribuição de Rafael Augusto Lopes, um produtor de longa data e colaborador que já trabalhou com bandas como Torture Squad, Fanttasma e Eternal Malediction. Rafael liderou a seção de sintetizadores e orquestrações, além de desempenhar um papel fundamental como arranjador e compositor.

No final de 2021, em um período marcado pela crise da pandemia de COVID-19, André Buck e Thiago deram início à criação de novo material, sob a orientação do fundador, baixista e arranjador André Martins. Apesar das limitações impostas pela distância, esse árduo trabalho se materializou no final de 2022, culminando na conclusão de “Antithesis”, com todas as faixas escritas e prontas para serem gravadas.

As sessões de gravação aconteceram no Casanegra Studios, com a experiente supervisão de Rafael Augusto Lopes, e se estenderam por um período de 90 dias, garantindo uma produção meticulosa e cuidadosa.

Além disso, a banda teve a honra de contar com a participação especial da incrível Mayara Puertas, a voz poderosa por trás da lendária Torture Squad na faixa “Liberate Me”.

A formação da Hatematter que gravou “Antithesis” foi: Luiz Artur (vocais), André Martins (baixo), André Buck (guitarra principal), Thiago M. Ribeiro (guitarra rítmica e vocais), Rafael Augusto Lopes (sintetizadores e orquestrações) e Marcus Dotta (bateria e percussão), sendo que para a continuidade da banda Marcus Dotta acabou cedendo o lugar para André Kim.

1. The Veiled Truth
2. Last Thread of Hope
3. S.T.A.Y.
4. Where the Grasshopper Lies
5. Precognitive Dissonance
6. Condemned to Unexist
7. All Blind Eyes Turned
8. Liberate Me [ feat. Mayara Puertas ]
9. Unseen to Lesser Eyes
10. With Mankind Beneath My Feet [ Reloaded ]
11. In the Silent Still

Gravação, produção, engenharia de som, mixagem inicial (faixas 1, 5 e 9) e masterização por Rafael Augusto Lopes no Casanegra Studios, em São Paulo/SPMixagem e masterização por Brendan Duffey
Arte de capa por Daniel Gava

Comentários sobre “Antithesis”:

André Buck: “Inspirados por uma série de eventos marcantes que moldaram a etapa de composição do álbum, incluindo a desafiadora pandemia que nos obrigou a adotar novos métodos de trabalho e a dolorosa perda do nosso irmão Gustavo, lançando uma sombra sobre o processo, este álbum busca habilmente fundir as diversas influências de cada membro da banda. Respeitando a individualidade de cada integrante, aproveitamos a oportunidade para enriquecer nosso som e estimular nossa criatividade de maneira única. O resultado final é uma sinergia de diversos estilos do metal, com cada faixa apresentando uma proposta distintiva. No entanto, conseguimos costurar essas variações de forma coesa, mantendo uma temática de ficção científica que tem sido uma constante nos últimos lançamentos da banda”.

André Martins: “O processo de criação do nosso quarto álbum se iniciou em 2020 e as gravações foram concluídas em 2022, e durante esse intervalo de tempo enfrentamos muitos desafios marcantes, incluindo o falecimento do Gustavo e todo o impacto da pandemia em nossas vidas. Foi um momento em que nos vimos confrontados com a necessidade de lamentação, reorganização e, finalmente, reconstrução de nossas vidas. O resultado disso são 11 faixas que emanam paixão fervorosa e ódio extremo, em contraste com a avassaladora saudade e desespero que nos envolveu. Refletindo esse período sombrio e turbulento de animosidade, medo e desconforto que não eram sentidos em tal intensidade desde os anos 1980, abordamos temas como raiva em relação à religião, o ressurgimento do neofascismo, dilemas existenciais, isolamento, injustiça e gradual perda de esperança nas batalhas cotidianas. No entanto, também exploramos temas de camaradagem, amor, cooperação, aceitação e até mesmo elementos mais leves dos filmes de terror cósmico dos anos 90. Esses temas e forças opostas, em nossa modesta perspectiva, refletem as qualidades antitéticas e dialéticas da própria vida. ”Antithesis” é realmente uma expressão intensa das emoções e desafios vividos durante esse período”.

Luiz Artur: “Quando decidimos que Thiago Ribeiro seria o novo guitarrista da Hatematter, logo percebi que teríamos inúmeras possibilidades em relação à divisão de vozes, dada a sua experiência anterior como guitarrista e vocalista em outros projetos. Vale lembrar que Thiago já estava quase integrado à banda, uma vez que ele vinha colaborando na composição das letras desde o álbum “Foundation,” juntamente com André Martins, responsável pelo baixo. O que eu não poderia imaginar era o imenso valor que Thiago traria às criações das linhas vocais do que viria a ser o álbum “Antithesis.” À medida que as ideias para novas músicas surgiam, íamos avançando com a pré-produção do instrumental e, em seguida, Thiago e André se dedicavam à escrita das letras. Quando finalmente tínhamos todas as músicas concebidas, Thiago surpreendeu-nos ao enviar gravações com sua voz, sugerindo as linhas vocais. Muitas dessas ideias foram aproveitadas, às vezes com adaptações ou pequenas modificações. Durante o processo de gravação no estúdio Casanegra, nosso produtor, Rafael Augusto Lopes, que agora também faz parte efetiva da banda, e Thiago me auxiliaram na refinamento das minhas linhas vocais até chegarmos ao resultado final. Fiquei impressionado com a possibilidade de dividir os vocais com Thiago, que contribuiu de forma magistral para as linhas vocais neste álbum. Isso é evidente, por exemplo, no refrão de “S.T.A.Y.”

Discografia:

Meagering In Vain (Demo/2008)
Doctrines (Álbum/2012)
The Seldon Plan (Single/2014)
Foundation (Álbum/2015)
Metaphor (Álbum/2018)
With Mankind Beneath My Feet
(Single/2021)
Antithesis (Álbum/2023)

HATEMATTER online:

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Spotify: https://sptfy.com/hatematter
Youtube: https://www.youtube.com/hatematter
E-mail: hatematter@gmail.com

JZ Press
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