Um dos maiores nomes do metal progressivo mundial, o Symphony X possui uma vasta carreira de 30 anos com uma discografia sólida, criativa e inovadora em diversos aspectos. Após dois anos entre turnês, a banda volta ao Brasil neste mês para shows em três cidades; Belo Horizonte (26), São Paulo (27) e Curitiba (28) (confira mais informações aqui). A equipe do Universo do Rock teve a oportunidade de bater um papo com o líder, fundador e principal compositor da banda, o guitarrista Michael Romeo, além do baixista Mike LePond, sobre o repertório da turnê atual, planos futuros, a visão da banda em relação à cena em um mundo virtual, o mercado da música nos jogos e, claro, a expectativa dos shows no país. Confira a seguir!
Universo do Rock: Comemorando 30 anos de uma carreira sólida e respeitada internacionalmente, a banda moldou o som ao longo dos anos até chegar a um equilíbrio no lançamento mais recente, Underworld (2015). Desta vez, temos o maior intervalo de anos entre álbuns (quase uma década), ao que se deve este fator: Estão preparando algo especial para os fãs e/ou há composições em andamento para serem lançadas em breve?
Michael Romeo: Houve uma série de coisas que contribuíram para esse hiato. O Russ esteve envolvido no acidente (nota do editor: em 2017, o vocalista estava em turnê com o projeto Adrenaline Mob quando sofreu um acidente na estrada provocado por um caminhão que atingiu o ônibus da banda, infelizmente causando a morte do baixista David Z), depois houve o Covid, e os álbuns já não dão dinheiro, por isso, depois do Covid, começamos imediatamente a fazer turnês, só para voltarmos ao bom caminho financeiro. Ainda estávamos juntando ideias para material novo, mas só nos intervalos entre as turnês. Então, sim, as coisas estão demorando um pouco mais. A boa notícia é que temos bastante composição nova, e ainda estamos juntando as peças para um novo álbum.
Universo do Rock: Desde a sua formação, o Symphony X mesclou heavy metal com neoclássico de modo único e criativo, se destacando no gênero. Como vocês vêem a cena hoje em dia, considerando o quão virtual a vida vem sendo vivida pelos jovens, inclusive com shows sendo transmitidos via YouTube e outras plataformas?
Mike LePond: Estou sempre à procura de grandes bandas de metal. Meus amigos estão sempre enviando novos vídeos do YouTube para eu dar uma olhada. Algumas bandas soam bem, mas não ouço ninguém se destacar como nos anos 80, 90 e início dos anos 2000. Muitas vezes são riffs e refrãos reciclados de décadas anteriores, mas apresentados de uma forma muito estéril. As gravações soam exageradamente perfeitas, quase como um videogame.
Universo do Rock: O setlist dos shows deste ano vem priorizando os álbuns Paradise Lost (2007), Iconoclast (2011) e o já citado Underworld (2015), algo que também ocorreu na turnê passada, que representam uma fase mais pesada e direta do grupo. A banda em apresentações ao vivo busca se distanciar do som de clássicos como The Divine Wings of Tragedy (1997) e V: The New Mythology Suite (2000), queridinhos dos fãs old school, ou é apenas mera coincidência?
Michael Romeo: Nós apenas tentamos fazer um setlist bom, independentemente de quais álbuns estarão presentes. Também levamos em conta os números de streaming… o que os fãs estão ouvindo atualmente. E sempre tentamos incluir algumas músicas de álbuns mais antigos, normalmente há uma “Of Sins and Shadows”, “Evolution”, “Sea of Lies” etc.
“Sempre fui um grande fã de filmes e jogos, bem como desses estilos de música.”
Universo do Rock: O mercado de jogos vem crescendo bastante nos últimos anos, a ponto de hoje em dia as empresas alcançarem números impressionantes na bolsa de valores, além de um público gigantesco de todas as idades, rivalizando com esportes, filmes, séries e música, dentre outros da indústria de entretenimento. Muitas bandas acompanham tal ascensão gravando composições específicas para temas de jogos ou mesmo participando de eventos como o Metallica fez recentemente com o Fortnite. Vocês já receberam proposta para participar da trilha sonora de algum jogo ou teriam interesse em também fazer parte deste universo gamer?
Michael Romeo: Apesar de a banda nunca ter sido convidada, eu pessoalmente já fiz música para alguns filmes, jogos, esportes, televisão etc. Sempre fui um grande fã de filmes e jogos, bem como desses estilos de música. É muito divertido compor música para outras coisas que são diferentes do estilo e gênero musical da banda. Isto mantém as suas capacidades de composição em alta e, por vezes, inspira novas ideias para futuros álbuns.
Universo do Rock: Os shows do Symphony X no Brasil sempre geram expectativa enorme entre os brasileiros, já que sempre são garantia de qualidade e diversão. Curiosamente, vocês estão voltando exatamente 2 anos após a última turnê por aqui, algo que despertou a atenção dos fãs. Existe a possibilidade de se tornar algo recorrente ou é apenas coincidência de agendas? Podemos esperar alguma surpresa para o repertório? Vida longa à banda!
Michael Romeo: Nos primórdios da banda, passávamos alguns anos produzindo um disco e depois alguns anos em turnê baseada nesse disco. E repete. Mas, como mencionei antes – os álbuns, infelizmente, já não geram mais muito dinheiro, por isso é necessário um calendário regular de turnês. Não é uma coisa ruim, é apenas diferente. E neste caso – como sempre estamos ansiosos para tocar no Brasil – é ótimo. Obrigado pela entrevista e um grande obrigado aos fãs! Vocês sempre nos fazem sentir bem-vindos e é ótimo estar de volta.
Foto na frase em destaque: Gustavo Maiato/ Galeria Universo do Rock.
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