Por: Guilherme / @_yuutsu
Após cinco longos anos desde o último álbum lançado (The Open Door, 2006), a banda liderada pela simpáticaAmy Lee volta a disputar lugares nas paradas de sucesso do mundo todo. O novo álbum, este sendo auto-intitulado, talvez tenha causado a desconfiança de alguns dos fãs – havia algumas notícias que avisavam com ”certeza” que o novo trabalho seria muito mais eletrônico, talvez até fugindo da essência do Evanescence. A própria Amy Lee já havia anunciado as influências, no mínimo, diferentes. -, mas, logo que chegou às lojas, no dia 11/10, e até mesmo antes, ao vazar, eles se acalmaram. A mudança é sim perceptível, mas dentro do que a banda sempre foi, é o famoso “mais do mesmo, mas diferente”. Não é difícil até mesmo pra quem não é fã descobrir, ao longo das faixas, um amadurecimento dos integrantes – e principalmente da grande vocalista, que mostra como sua voz tem melhorado ao longo desse tempo.
O cd começa com What You Want – música que dividiu opiniões por ser um tanto quanto ”comercial”. O pedal duplo, antes pouco explorado por eles, dá início à música que menos se encaixa no contexto do álbum, dando uma impressão que a mesma está ali apenas por ser o primeiro single. Com algumas partes – principalmente o refrão – que não saem da cabeça, a primeira faixa mostra o desconhecido, antes pouco usado pela banda. Em Made Of Stone, segunda faixa do álbum, a emoção colocada na letra bem estruturada, além de todo o instrumental que acompanha a voz da frontwoman, faz com que você seja transportado para outro mundo. Entregue à composição, a única coisa que realmente faz com que essa faixa não seja ainda maior é a introdução um pouco sombria e pesada usada nas apresentações – ela daria uma ótima intro para a música e, se possível, para o álbum em si. Esta foi uma das músicas resgatadas do universo eletrônico de 2010.
Em sequência, The Change ainda continua na linha das músicas emotivas, sendo caracterizada por uma letra que, sendo clichê e genial ao mesmo tempo, mostra alguém que, mesmo amando, quer se afastar do parceiro. A combinação piano/bateria/guitarras/baixo mostra que ainda é a fórmula certa para os prováveis sucessos do álbum, podendo até ser um possível single. O já anunciado segundo single do álbum My Heart Is Broken começa antes mesmo da balada um tanto quanto groove anterior terminar, usando apenas o piano e a voz suave como introdução que logo é cortada pela bateria de Will Hunt, por muitos chamado de ”melhor baterista que a banda já teve”. O peso melancólico dessa faixa é o primeiro do álbum a mostrar o instrumento de Amy tão bem articulado como principal. Mesmo com um refrão simples e fácil, chegando às vezes a ser muito repetitivo, o que pode incomodar os ouvidos de alguns, a escolha de segundo single pode não ter sido a melhor, o jeito é esperar para tirar as conclusões.
Cortando a sequência emotiva em peso, começa a quinta música do Ev3, como é chamado o novo lançamento pelos fãs da banda. The Other Side surpreende pela forma natural, flertando com o thrash metal no início, mas apenas no início: logo a voz e, mais para frente, o piano fazem com que ela se torne uma das mais misteriosas e bem elaboradas músicas de todo o álbum. A letra forte e, como de costume, levada para o lado sombrio da morte, deixa um apelo complexo em sua simplicidade. Erase This, a que possui pegada mais rápida, segundo a própria Amy, a princípio, não empolga. Tendo sido a mais difícil de ser escrita – o refrão, que é a parte onde a música realmente cresce, é feito de várias outras composições que se juntaram para formá-lo -, aos poucos, a sexta faixa cativa, mesmo não possuindo nada de tão especial como as anteriores.
A sétima e a oitava faixa fazem o ponto alto do ”Evanescence”. Em uma dobradinha, no mínimo, peculiar, toda a tristeza e melancolia de Lost In Paradise caem em contradição com a agressividade e raiva de Sick. A primeira citada é genial, e essa idéia é comprovada com a colocação que ela vem tendo no site iTunes: mesmo não sendo single, e nem mesmo tendo uma divulgação adequada, ela está como a 30° música mais vendida do site, tendo pico de 28° colocada, o que dá grande chances a ela de ocupar um espaço na mídia, além da posição de número 99 no HOT100Singles do Billboard. Por muitos chamados de “segunda My Immortal”,Lost In Paradise mostra um arrependimento apaixonado na letra, usando toda a potência vocal do Evanescence para fazer desta uma das melhores faixas de toda a história da banda. Já Sickte faz acordar após o choque causado pela profunda faixa anterior. O começo em uma atmosfera sombria, seguido por palavras fortes e crescentes mostram que ela, sendo mais uma das faixas brilhantes do novo trabalho, foi feita já pensando em ser tocada ao vivo – e funciona muito bem assim. O refrão é articulado de forma já conhecida, intercalando as mesmas palavras(Sick Of it All) com frases fortes e marcantes (They Don”t Understand How Sick We Are Of This Bottomless Pit of Lies Behind Closed Eyes), ainda com a forte presença da bateria durante a música toda.
Seguindo a linha ”Erase This”, End of The Dream, de número nove, no começo, é ponto nulo do álbum. Ela possui certa letra enigmática que é cantada com toda a força dos gritos de Amy Lee no refrão. É preciso ouví-la com frequência, se ligando em todo o conjunto para perceber quão grande ela é, mas no começo ela se torna apenas mais uma, não empolgando tanto. EmOceans, os mistérios dos sons no começo e do violino ao fim fazem com que ela se torne um clássico, diferente de tudo o que a banda já fez, apesar de uma letra não muito forte, parecendo apenas ser uma prolongação do resto que todos já se acostumaram.
Considerada a canção mais épica de toda a carreira do Evanescence por eles mesmos, Never Go Back tem tudo para agradar aqueles que curtem as músicas mais pesadas. Sendo uma homenagem ao Japão, ela foi baseada na tragédia do terremoto e tsunami que atacaram as terras nipônicas em março de 2011. Ao ser escutada, ao mesmo tempo em que causa empolgação, ela traz certa pitada de tristeza por toda letra que se desenvolve até o fim – como, por exemplo: “I am lost and I can never go back home”. O piano cria um solo que, de certa forma, acompanhado pelas frases pesadas e dramáticas, causa agonia.
A última música da versão comercial do álbum se chama Swimming Home. Nela é mais do que perceptível toda a influência eletrônica que o Evanescence ”sofreu” durante o tempo que esteve parado. Com certas pitadas de Björk – cantora que Amy idolatra -, a atmosfera dessa canção é calma, suave e completamente delicada. Apesar da letra forte, tudo fica mais claro com a melodia que tinha tudo para fazer você dormir, mas apenas o empolga, dando um gosto de ”quero mais”.
Uma das características desse álbum é sua versão Deluxe. Com ela, quatro faixas bônus se fazem presentes. A décima terceira faixa, New Way To Bleed, combina com a versão normal do álbum, mas, por algum motivo, foi deixada de lado. Tendo um refrão que se destaca de todo o resto, seria uma boa promessa de single não fosse o fato de estar em uma versão bônus. Say You Will, música que dá sequência, é uma espécie de “What You Want” das canções extras. Pop e com uma letra bem regular, se mostra bem radiofônica, mas sem nada que a torne especial. Disappear chega para desapontar aqueles que pensavam que o piano desta música faria parte de alguma canção lenta – o que daria uma ótima ideia. Não que a música seja ruim, muito pelo contrário, ela é uma canção bem elaborada e articulada, mas seu peso causa uma relação de amor e ódio com quem a ouve. É instável, é boa, é diferente.
Seria injusto não ter um parágrafo apenas para Secret Door. A harpa – novo instrumento que a vocalista (quase) completa Amy Lee aprendeu a tocar – torna a canção uma explosão de sentimentos. Toda a letra, suavemente cantada, mostra um sofrimento agradável, algo que você necessita sentir a cada nova vez que a música é iniciada. A falta da banda nessa canção – assim como ocorre em Swimming Home, e como ocorreu em Good Enough, última faixa do álbum The Open Door – não é algo que revolta, talvez a beleza dela fosse apagada com mais instrumentos que esses.
O álbum visto em conjunto se encaixa perfeitamente. Se fosse necessária uma nota de 0 a 10, com certeza 8.5 seria mais do que justo. A continuidade que cada faixa dá para a anterior causa uma sensação de que o álbum está completo; Apenas a falta de um coral – artifício muito bem explorado no álbum anterior – cria uma sensação de que algo não está certo, mas nada que diminua a grandeza que esse novo trabalho possui.
Algumas bandas atuais se preocupam com o lançamento de álbuns e, com isso em mente, acabam liberando material após material, não tendo tempo para certa pausa, uma turnê adequada, um aproveitamento melhor (este que vos fala, por exemplo, é adepto da idéia de um novo trabalho a cada -no mínimo- dois anos): basta apenas você perceber que, em um semana, quase 130mil cópias foram vendidas, os deixando no topo da Billboard. Talvez essa espera toda tenha sido o melhor a fazer.
Track Listings:
01. What You Want
02. Made Of Stone
03. The Change
04. My Heart Is Broken
05. The Other Side
06. Erase This
07. Lost In Paradise
08. Sick
09. End Of The Dream
10. Oceans
11. Never Go Back
12. Swimming Home
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13. New Way To Bleed (Deluxe Edition)
14. Say You Will (Deluxe Edition)
15. Disappear (Deluxe Edition)
16. Secret Door (Deluxe Edition)
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