Por: Danielle Barbosa
Setlist recheado de hits agita a noite de mais de 45 mil no Rio, em primeiro grande show após a reabertura do Maracanã. A turnê pelo Brasil ainda passou por Porto Alegre, São Paulo e Belo Horizonte.
Na noite do último domingo (25), o glorioso Estádio do Maracanã abriu as portas para uma das mais bem sucedidas bandas de rock dos últimos anos: o Foo Fighters. Os gritos das arquibancadas (e, claro, das pistas premium e comum) não marcavam a celebração de um gol e sim o reencontro do público carioca com os rapazes de Seattle. Afinal de contas, 14 anos de espera. Foi o ingrediente que faltava para trazer ainda mais euforia para a atmosfera do local. *O Foo Fighters já havia passado pelo Brasil em outra oportunidade para o festival Lollapalooza (2012), em São Paulo*
Se o valor dos ingressos assustou de início e houve certa desconfiança com relação a quantidade de presentes, isso foi por água abaixo logo. Ainda que o Maracanã não estivesse com lotação máxima (aproximadamente 64 mil), um público expressivo fez coro e se empolgou com cada acorde tocado pelo grupo: 45 mil fãs. Nem o calor foi capaz de diminuir os ânimos da plateia.
De volta às apresentações.
Desde a abertura dos portões, os fãs foram tomando seus lugares no estádio. Quem chegou mais cedo teve a oportunidade de ver uma apresentação curtinha – apenas 30 minutos -, mas bem agitada e barulhenta (no bom sentido) dos Raimundos. O destaque fica, é claro, para a clássica “Mulher de Fases”. Logo a seguir foi a vez dos britânicos do Kaiser Chiefs trazerem suas músicas com uma pegada mais indie rock. Boa acústica, boa música. Tanto Raimundos quanto Kaiser Chiefs cumpriram bem o seu papel e trouxeram um som bem agradável. Na realidade, foram um belo “esquenta” para a atração que viria na sequência. Era mais do que óbvio que aquuele mar de gente havia guardado toda a ansiedade e disposição para o grande show da noite.
Às 21h20, o Foo Fighters subiu ao palco com “Something From Nothing”, primeiro single do álbum que dá nome a turnê (Sonic Highways). O estádio inteiro foi a loucura com as presenças de Dave Grohl (vocais/guitarra), Taylor Hawkins (bateria), Nate Mendel (baixo), Pat Smear (guitarra), Chris Shiflett (guitarra) e Rami Jafee (teclado/piano). A euforia era tanta que algumas pessoas não sabiam se pulavam, vibravam, cantavam junto com a banda ou se registravam aquele momento através de seus celulares. Aliás, milhares de flashes foram disparados ao decorrer de toda a noite.
O show seguiu com as empolgantes “The Pretender”, “Learn to Fly” e “Breakout”. A aposta da banda para a noite foi certeira, já que puderam contemplar um pouco de cada fase e álbum lançado por eles, sem tornar a apresentação chata ou desinteressante. Pelo contrário: os fãs mais fiéis iam ao êxtase com apenas um “oi” e sorriso do cantor.
O que é importante notar é o como o grupo liderado por Dave Grohl é hitmaker, especialistas em compor e produzir sucessos. Como uma fábrica realmente. Das 19 músicas escolhidas para o público carioca (excetuando-se os covers*), mais da metade já figurou entre os tops das mais tocadas da Billboard/afins, além de ter feito parte da vida – não só dos fãs da banda – dos apreciadores do bom e velho rock ”n roll.
* Entre os covers, versões das clássicas “Detroit Rock City”, Kiss, “Tom Sawyer”, Rush, “Stay With Me” e “Under Pressure”. Além destas, um curto trecho e solo de “Blackbird”, dos Beatles.
Duas horas e meia de muita música sem interrupções. Dave afirmou não ser adepto do bis. “Nó não gostamos de sair do palco e voltar depois. Nós vamos tocando”, afirmou. Talvez por isso seja ainda mais incrível observar a vitalidade que o vocalista de 46 anos tem no palco.
“My Hero”, “Walk”, “Cold Day in the Sun” e “Monkey Wrench” não poderiam faltar no setlist da banda. Os fãs? Responderam com a letra na ponta da língua e aplaudiram cada solo e versão estendida de alguma das músicas. Por várias vezes, gritos de “Foo Fighters” ou “Dave”. O frontman, como todo bom mestre de cerimônias, fez questão de apresentar – um a um – todos os seus companheiros de banda, com uma evidente empolgação e agitação maior do público para com o baterista Taylor Hawkins. Sabendo que isso aconteceria, sem perder o bom humor e o clássico tom irônico e debochado, Dave fez piada com as meninas da plateia: “Meninas, o Taylor me ama. Ele é todo meu”.
Um barzinho e um violão. Um repertório que conta com “Skin and Bones”, “Wheels” e“Times Like These” não pode dispensar um momento acústico e mais intimista. Portando um violão nas mãos, Grohl caminhou pela passarela vip montada em frente ao palco e ali ficou por algumas músicas, acompanhado de seus parceiros de banda. É, foi o momento que o artista ficou o mais próximo dos fãs e sentiu a real energia que havia se instalado ali. Muitos se emocionaram e, ainda atônitos com toda aquela situação, fizeram coro baixinho com o músico.
Ainda teve tempo para as aclamadas “All My Life”, “Best Of You” e “Everlong”, que fecharam a noite com chave de ouro e deixaram a sensação de que o show poderia continuar por mais uma hora (pelo menos) que ninguém se cansaria ou reclamaria. Sem bis. Com acenos e beijos, Dave agradeceu aos fãs que ali estavam e prometeu o retorno da banda à Cidade Maravilhosa.
Setlist
Something From Nothing
The Pretender
Learn to Fly
Breakout
Arlandria
My Hero
Big Me
Congregation
Walk
Cold Day in the Sun
In the Clear
This Is a Call
Monkey Wrench
Skin and Bones (com acordeão)
Wheels (acústica)
Times Like These (semiacústica)
Detroit Rock City (KISS cover)
Tom Sawyer (Rush cover)
Stay With Me (The Faces cover) – Taylor nos vocais
Under Pressure (Queen/David Bowie cover)
All My Life
Best of You
Everlong
Observações e Destaques:
– Infelizmente, o setlist foi um pouco mais enxugado no Rio. Provavelmente pelo horário – por se tratar de um domingo. Por essa razão, “These Days” e “Outside” ficaram de fora da listagem. Em contraponto, “Big Me” foi um dos momentos mais especiais da noite. O uso de celulares dando conta da iluminação do estádio todo apagado impressionou inclusive os músicos;
– O Foo Fighters é, sem exageros, impecável no quesito presença de palco. Aquela banda que não importa onde esteja, transmite uma energia que contagia até o mais desanimado dos públicos. Muito disso se dá pela disposição e carisma de seu líder, Dave Grohl. O roqueiro é o clássico “tio” gente boa do rock: descolado, comunicativo, simpático, sarcástico na medida e incrivelmente cheio de energia. Ele interage com a plateia a todo tempo, faz brincadeiras, corre de um lado para o outro. Convoca o público para participar ativamente do show. A fórmula do sucesso!
– A apresentação deu todos os créditos e credenciais para que a banda seja contactada em futuras oportunidades para mais shows de tamanha proporção por aqui. Se havia receio por o sexteto ter participado somente de festivais no Brasil, não há mais. Os quatro shows no país demonstraram o apelo e multidão de fãs que seguem a banda e fazem grandes estádios tremerem.
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