Por: Danielle Barbosa
Os argentinos do GSTQ trouxeram os maiores sucessos do Queen em retorno ao país.
Já faz quase 25 anos desde que o mundo se despediu da genialidade de Freddie Mercury. O cantor e compositor da clássica banda de rock britânica Queen, escreveu seu nome na história da música (ou melhor, compôs quinze álbuns de estúdio) e se tornou um ícone mundialmente reconhecido por seu inegável talento, irreverência e presença de palco.
A banda, que até hoje é adorada por público proveniente de todas as gerações, se reuniu há cerca de nove meses para apresentação na sexta edição do Rock in Rio. Na ocasião, o vocalista americano Adam Lambert, vice-campeão do American Idol em 2009, assumiu os vocais e levou uma multidão para ver de perto o novo projeto dos ex-membros da formação original do Queen: Brian May e Roger Taylor.
Em paralelo aos projetos temporários que Brian e Roger se envolveram desde a morte de Freddie, surge no ano de 1998 em Rosário, na Argentina, a God Save the Queen. A proposta é não ser só mais uma banda cover sem graça. É assim que, durante os anos, o tributo que Pablo Padin (vocais e piano/Freddie Mercury), Francisco Calgaro (guitarra/Brian May), Matias Albornoz (bateria/Roger Taylor) e Ezequiel Tibaldo (baixo/John Deacon) faz conquistou milhares de espectadores nos teatros mais conceituados ao redor do mundo.
No Rio de Janeiro, o cenário não foi diferente. O espetáculo teve casa cheia e muita expectativa por parte do público. Com um pequeno atraso de pouco mais de dez minutos, a banda subiu ao palco do Teatro Bradesco com “Hammer to Fall”, evidenciando a precisão vocal e instrumental dos músicos. A sequência veio com “A Kind Of Magic” e “Under Pressure”, dois mega sucessos do Queen. Logo de cara, o cartão de visitas mais destacado em Freddie Mercury pôde ser observado em Pablo Padin: a destreza e agitação em cima do palco. “Olá Rio, estão todos bem?”, perguntou o cantor, que foi acompanhado com muitas palmas e cantoria durante a trinca inicial.
Em “Somebody to Love”, quarta música da setlist, um refletor de luzes amarelas – focando apenas Pablo Padin sentado de frente para o piano – trouxe um toque especial e mais intimista do cantor com o público. “Vocês estão prontos? Vamos lá!”, disse, sendo seguido por coros de “…find me somebody to love” que vinham das cadeiras do teatro. Ainda na primeira metade do show, teve espaço para relembrar os clássicos “It’s a Hard Life”, “Another One Bites the Dust” e “Radio Gaga”.
Entre uma canção e outra, Pablo não economizava nas caras, bocas e reboladas para a plateia, que se empolgava com cada gesto do artista. À esta altura, se havia alguém com questionamentos com relação à qualidade da apresentação, uma vez que se tratava “apenas” de um tributo, essa dúvida evaporou assim que os primeiros versos de “Love Of My Life” ecoaram. Parecia, de fato, um concerto do Queen ‘original’, digamos assim. “Se com uma excelente banda tributo está desse jeito, imagina assistir o verdadeiro Freddie Mercury ao vivo?”, ouvi de uma fã. Realmente, não é todo dia que o coração de um(a) apaixonado(a) pelo quarteto da terra da Rainha tem a oportunidade de vivenciar uma experiência tão realística.
A canção, eternizada na voz de Freddie, marcou a edição de 1985 do Rock in Rio. Assim como a plateia dos anos 80, o público do Teatro Bradesco levou as primeiras estrofes à capella, transformando a atmosfera do local em pura emoção. Dos mais jovens aos mais velhos, não teve uma pessoa que não tenha se rendido à beleza do espetáculo neste momento. O momento nostálgico e triste continuou com as profundas e arrepiantes “My Melancholy Blues” e “Who Wants To Live Forever”.
No tributo que a God Save the Queen faz, três aspectos são chave para o sucesso e se destacam entre os demais: a semelhança física dos artistas – bem como a fidelidade com que as canções são executadas –, a setlist extensa e que abrange os melhores momentos da carreira do Queen, além de um cuidado especial com o visual do show, que relembra a banda britânica na década de 80. Os figurinos, elementos cênicos e iluminação primorosa chamam a atenção até daqueles que não estão acostumados a reparar nestas coisas mais técnicas durante um concerto e só tornam as quase 2h de apresentação mais interessantes e agradáveis de presenciar.
Antes do tradicional e esperado bis, só clássicos deram o tom de quase despedida: “I Want to Break Free” (com Pablo vestido de mulher e usando uma peruca), “The Show Must Go On”, “I Want It All”, “Crazy Little Thing Called Love” e “Bohemian Rhapsody”. Nestas duas últimas, a plateia já estava toda de pé a pedido do cantor, que requisitou a participação ativa do público, fosse com palmas coordenadas ou apenas dançando e ajudando a banda com alguns trechos de ambas as músicas. Os fãs, é claro, atenderam prontamente e se divertiram com o grupo – enquanto registravam o momento a partir de fotos ou vídeos. Os argentinos, ovacionados por cerca de mil pessoas de pé, agradeceram entre sorrisos e beijos lançados em direção às pessoas.
Para o encerramento com glória, as escolhidas com honra e mérito foram “Son And Daughter”, “We Will Rock You” e – não poderia ser diferente – “We Are The Champions”. Mais troca de adereços, figurinos extravagantes (provavelmente a quarta ou quinta vez na noite) e insanidade em sob o palco. Com toda a certeza, a God Save the Queen faz por merecer o título de melhor banda em tributo ao Queen. A noite desses mil fãs saudosos do personagem icônico do rock chamado Freddie Mercury foi bem mais feliz. E, aos artistas que transformam esse projeto em realidade, somente elogios.
Vida longa ao Queen!
Setlist:
1 – Hammer to Fall
2 – A Kind of Magic
3 – Under Pressure
4 – Somebody to Love
5 – It’s A Hard Life
6 – Another One Bites the Dust
7 – Now I’m Here
+ Solo de guitarra/bateria
8 – Staying Power
9 – Friends Will Be Friends
10 – Radio Gaga
11 – Love Of My Life
12 – My Melancholy Blues
13 – Who Wants To Live Forever
14 – I Want to Break Free
15 – The Show Must Go On
16 – I Want It All
17 – Crazy Little Thing Called Love
18 – Bohemian Rhapsody
BIS:
19 – Son And Daughter
20 – We Will Rock You
21 – We Are The Champions
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