Texto e Edição: Gustavo Franchini

Depois de uma longa espera, os fãs cariocas tiveram a oportunidade de conferir o show dos suecos do Graveyard na última sexta-feira (14), banda com sonoridade que percorre diversos gêneros do rock e, acima de tudo, apresenta melodias e harmonias de boa qualidade. Desta vez, estavam inseridos dentro do contexto de um festival que contou também com o hard rock do Danko Jones e dois artistas brasileiros. Por conta de ser dia de semana, o horário apenas permitiu que nossa equipe acompanhasse as apresentações das citadas, o que de fato foi uma grata surpresa!
Surpresa pelo fato de que o guitarrista e vocalista Danko Jones nos brindou com uma excelente performance, tanto na questão técnica, quanto como frontman, demonstrando carisma e respeito por todos os presentes, o que foi recíproco durante seu repertório. Provavelmente muitos da plateia não conheciam o seu trabalho, já que além de ser a primeira vez que pisa em solo carioca, também tem um som que apresenta contraste com a atração principal. Isso não reduz em nada o bom gosto do trio, muito pelo contrário, seu hard rock farofa anos 80 é perfeito para ser tocado ao vivo, devido ao número de coros e sonoridade de fácil assimilação.
Chegou a ser bonito de ver como o público reagia de maneira tão animada à cada uma das canções que muitos aprendiam as letras ali, na hora. Acompanhado do baixista J.C. e o baterista Rich Knox, Danko celebrou uma verdadeira festa que foi essencial para manter o nível de empolgação para o headliner que viria a seguir. Mesmo em uma casa pequena como a Agyto, que estava bem cheia por sinal, ainda assim tocavam como se estivessem em um estádio, o que é digno de uma banda de verdade. A palavra “enérgico” acho que representa muito bem o que foi tal apresentação, aliás, Danko prometeu voltar ao Brasil para um setlist mais vasto e disse que não era enrolação, que cumpre o que promete. E será uma honra recebê-los de volta, pois o que não faltou foi bom gosto em músicas muito bem compostas!
Depois de um breve intervalo, enquanto mais cariocas chegavam ao local, tornando quase impossível de se movimentar em meio a tanta gente (o que é um ótimo sinal, ou seja, vendeu bastante ingresso), o palco é preparado com o telão simples do Graveyard, em sua fonte psicodélica que é um reflexo de seu som que busca a experimentação com músicos de alto calibre. A ansiedade era visível nos presentes e, rapidamente contemplando cada espaço do pequeno palco, o quarteto já despeja de cara “Twice”, do álbum mais recente, 6 (2023). É rock’n’roll puro com pitada de stoner pra ninguém que tenha o mínimo de dignidade musical botar defeito.

Mesmo com um setlist curto, que na realidade poderia ter sido até prolongado se não fossem os problemas técnicos logo na primeira música, o que se via era uma paixão nos olhos dos que estavam ali não só para curtir mais um show, e sim para viver um momento especial. Contudo, a paciência foi uma virtude forte para ambos (banda e público), já que o som estava atrapalhando bastante o timbre da guitarra base e do vocal de Joakim Nilsson, chegando até a causar certa frustração pela demora em resolver a questão, que durou por quase metade de todo o espetáculo. A voz ficou baixa e distorcida com efeitos errôneos, enquanto o amplificador de guitarra parou de reproduzir o que estava sendo tocado no instrumento. Não se sabe ao certo se foi um problema da casa ou do engenheiro de som da banda, mas o que se sabe é que fez com que o potencial daquela noite mágica não fosse alcançado, apesar de todos os momentos positivos gerados pela conexão entre banda e público.
Dito isso, agora vamos para o lado bom do evento: a escolha do repertório que, sabendo que seria breve, ainda assim foi bem equilibrado, agradando a todos os gostos no concerne à discografia do Graveyard. “No Good, Mr Holden”, “Hisingen Blues”, “Ain’t Fit to Live Here”, “Uncomfortably Numb” e “The Siren”, todas do Hisingen Blues (2011), o mais bem-sucedido álbum da banda e o que fez com que dessem um largo passo dentro da indústria musical, marcaram presença na apresentação, sendo intercaladas com outras canções de álbuns como o igualmente excelente Lights Out (2012), em “An Industry of Murder” e “Goliath”.
Se o show fosse composto apenas por estas canções, o público já voltaria para casa feliz da vida, mas ainda foram presentados com a bela “Bird of Paradise”, em uma pegada mais blues rock e seu riff cativante, enquanto “Cold Love” e sua introdução sensacional que levanta até um anestesiado de cama, fechando a trindade de Peace (2018) com a cadenciada “Please Don’t”, que poderia facilmente estar presente em um álbum de thrash metal. E talvez exatamente por esse motivo que muitas ‘rodinhas’ foram criadas dentro do moshpit bem no centro da plateia, no qual dezenas de alucinados (no bom sentido da palavra) estavam liberando toda a alegria de poder viver a vida em sua melhor forma. Pra completar, um maravilhoso solo do competente guitarrista Jonatan Larocca-Ramm foi crucial para a cereja do bolo que faltava.
Completando a cozinha, o baixista Truls Mörck e Oskar Bergenheim nas baquetas, em uma cozinha claramente entrosada; cada integrante é uma peça importante para o resultado final ser tão satisfatório. Uma outra curiosidade é que após o bis e na última canção executada do show, as luzes da casa já estavam acesas por conta do horário, o que gerou risadas e uma dinâmica bem interessante entre banda e público. Agora nos resta aguardar pelo retorno de uma banda que está gradualmente conquistando o cenário com muito mérito!
Nossos agradecimentos a todos os responsáveis por tornarem o evento possível e, em especial, para a Xaninho Discos pela parceria, confiança e credibilidade dada mais uma vez à equipe do Universo do Rock.

Veja a galeria de fotos do show (Graveyard/ RJ):









Veja a galeria de fotos do show (Danko Jones/ RJ):











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