Hozier estabelece conexão total entre artista e público em show que enlouqueceu fãs cariocas

Texto e Edição: Gustavo Franchini

Foto: Paty Sigiliano

O impacto gerado após a apresentação do ano passado no Lollapalooza foi tamanho a ponto de o músico irlandês Hozier retornar de maneira ligeira ao Brasil para dois shows em São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente nos dias 30 de maio e 01 de junho. Da mesma maneira que encantou as seus fiéis fãs e os que ainda não conheciam sua carreira no festival, o palco do Qualistage parecia pequeno para a grandiosidade do artista. Sem exageros, acho que com certa facilidade ele seria capaz de também lotar uma casa de shows ainda maior, pelo que foi possível observar na generosa performance que durou quase 2 horas.

Confira vídeos do show na seção ‘Destaques’ do Instagram

Tendo como banda de abertura a cantora Gigi Perez (veja fotos ao final da resenha), que teve canções viralizadas no TikTok, como “Celene” e “Sometimes (Backwood)” (curiosamente ambas não foram tocadas no show), o local ainda estava começando a encher quando a compositora americana subiu ao palco para executar um repertório curto (apenas 5 músicas), porém eficiente, dedicado a seu álbum At the Beach, in Every Life, lançado em abril deste ano, agradando aos que já estavam presentes.

As luzes se apagaram e tudo estava montado para o início do show do headliner, em clima de noite estrelada. E o que estava prestes a acontecer, seria o marco de todo o espetáculo: total histeria, paixão, reciprocidade 100%; um verdadeiro ‘fanatismo’ por parte de uma maioria do público feminino. Sendo direto ao ponto, não teve uma música sequer que não foi cantada integralmente por vozes agudas que não só sabiam todas as letras das 24 canções, mas berravam de maneira enfática em cada intervalo, se tornando muitas vezes até difícil de se ouvir o que estava sendo cantado ou falado pelo músico. Não é exagero, visto que algumas até passaram mal, choraram, desmaiaram, e o corpo de Bombeiros foi acionado em diversos momentos, inclusive com Hozier interrompendo o show uma vez ou outra para perguntar se estava tudo bem. Pois é, podemos definitivamente afirmar que ele é um ídolo para a nova geração!

Este nível de conexão artista-plateia confesso ter apenas contemplado na época do saudoso Michael Jackson, o Rei do Pop, mas parece que Hozier tem a força necessária para retomar os velhos tempos de idolatria, algo que sinceramente não é saudável quando chega a tal potência, mas compreensível em determinada faixa etária, já que haviam muitas jovens no evento. O lado bom é que o gosto musical delas é refinado, visto que talento é o que o cantor e guitarrista tem de sobra, não só como compositor, mas demonstando qualidade no desempenho vocal e, mesmo com sua aura mais branda, suave e gentil, é um excelente frontman, esbanjando carisma.

Flertando com variados gêneros, como pop, folk, soul e blues, Hozier e sua competente banda de apoio percorreram os três álbuns de estúdio em um setlist que valorizou o mais recente, Unreal Unearth (2023), este contando com 10 músicas, enquanto o de estreia, Hozier (2014), teve 9 das 12 do disco e Wasteland, Baby! (2019), as 5 restantes. Ou seja, difícil botar defeito na escolha, considerando que surgiu na cena há apenas 12 anos, tendo uma curta discografia, só que com tanto sucesso da crítica e público que precisava fazer jus às fases distintas de sua carreira, certamente agradando a uma boa parcela dos que acompanharam a turnê.

Foto: Paty Sigiliano

Sempre com uma guitarra ou violão na mão, Hozier agradecia o carinho e reciprocidade dos cariocas, brincando ao ouvir frases como ‘solta o cabelo’, ‘lindo, tesão, bonito e gostosão’ (sim, isso foi repetido várias vezes), dizendo que preferia não saber a tradução de algumas coisas, sempre com um grande sorriso no rosto. A cozinha contava com violoncelo, violino, teclado/piano, backing vocals, bateria e baixo, somado a uma produção de palco bem interessante, telões individuais para cada música, iluminação de primeira, mas sem pirotecnia ou efeitos adicionais. E, claro, os seus discursos com um quê de militância progressista, menos agressivo nas palavras que Roger Waters (ex-Pink Floyd), mas que abraça causas ideológicas de quem se identifica com este lado político. Uma das coisas que chamou a atenção foi o músico ter agradecido literalmente todos os nomes das pessoas que trabalharam em sua turnê (e a lista era extensa).

A tarefa mais complicada é destacar alguma música dentre tantas que possuem uma característica singular. A empolgante “De Selby (Part 2)” ou mesmo “Angel of Small Death and the Codeine Scene” e o momento acústico em “From Eden” são ótimas candidatas. A maravilhosa e segundo maior hit, “Too Sweet”, não poderia ficar para trás, sendo recebida calorosamente. E, assim como rolou em São Paulo, a pedidos tocou “First Light”, mais uma vez emocionando a todos. Para fechar com chave de ouro a sequência de petardos, a indicada ao Grammy, “Take Me to Church”, que causou um real alvoroço (e muito merecido). No bis, tivemos a excelente balada “Cherry Wine” e encerrando com “Work Song”. Agora nos resta aguardar por uma nova passagem do Hozier pelo país nas futuras turnês e, se depender de sua base de fãs, mantendo um bom nível artístico nos próximos lançamentos, a expectativa é de mais shows lotados e repercussão nacional!

Nossos agradecimentos a todos os responsáveis por tornarem o evento possível e, em especial, para a Live Nation e Motisuki PR pela parceria, confiança e credibilidade dada mais uma vez à equipe do Universo do Rock.

Foto: Paty Sigiliano


Veja a galeria de fotos do show principal (Hozier/ RJ):



Veja a galeria de fotos do show de abertura (Gigi Perez/ RJ):


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