Iron Maiden encerra passagem pelo Brasil com show épico no Allianz Parque

Por: Carla Maio
Foto: Camila Cara/ 89FM
Foto: Camila Cara/ 89FM

A capital paulista tardou, mas esse momento tão esperado de profunda glória não falhou. Na noite do último sábado (26/3) O Allianz Parque tremeu com show do Iron Maiden, banda inglesa de heavy metal que volta ao Brasil para a turnê The Book of Souls e apresenta aos fãs o 16º disco de estúdio da banda, álbum duplo lançado no ano passado. The Raven Age, banda do guitarrista George Harris, filho do baixista Steve Harris, e os americanos do Anthrax fizeram as honras de abertura do evento.

Depois de passar pela costa oeste dos EUA, México, El Salvador, Costa Rica, Chile e Argentina, The Book of Souls chega ao Brasil para saciar os fãs, sedentos pelo aclamado épico. O álbum, cuja duração chega a ultrapassar 90 minutos, segue a mesma linha de peso e velocidade das guitarras que tanto agradam o público, um show de criatividade consagrado no magnífico espetáculo apresentado no Allianz Parque.

Um espetáculo para os olhos, mentes e corações

Fãs de todas as idades, pais, mães, filhos, sobrinhos, desde aqueles que precisam da companhia de um adulto à turma da velha guarda que já curtia a banda no início dos anos 1980, quando o Iron Maiden explodiu por aqui, estavam reunidos numa atmosfera de energia intensa. Os ânimos se avolumaram quando Doctor Doctor, da banda UFO, anunciou: o Iron Maiden vem ai. Com pouco mais de 20 minutos de atraso, Bruce Dickinson, Steve Harris, Nicko Macbrain, Dave Murray, Adrian Smith e Janick Gers sobem ao palco sob os ecos de “If eternity should fail”, que ao longo de seus quase 9 minutos levou o público à loucura.

As frases rítmicas de “Speed of light”, sua pegada e riffs setentistas, com clara referência a Highway Star, do Purple, caiu no gosto dos fãs, que logo identificaram no refrão o Iron Maiden de outros tempos. Impressionado, Bruce Dickinson aproveitou o estado de êxtase que o calor do público lhes proporcionou: “esse é o nosso último show no Brasil e por isso nós guardamos o melhor para vocês, São Paulo!”, e anuncia “Children of the damned”, do álbum

The Number of the Beast, de 1982.

Foto: Camila Cara
Foto: Camila Cara

O show guardaria ainda outros sucessos da carreira memorável do Iron Maiden, como “The trooper” (Piece of Mind, 1983), com direito à bandeira e uniforme de combatente inglês de Dickinson, “Powerslave”, música que dá nome ao 5º álbum do Iron, lançado em 1984, e “Hallowed be thy name”, sonzeras emblemáticas, que auto referenciam a banda em momentos singulares, dos solos impecáveis de Murray, Smith e Gers, passando pelos grooves geniais de Harris e pela quebradeira assombrosa de Macbrain, tudo isso endossado pelos vocais arrebatadores de Bruce e seus contagiantes scream for me, que o público retribui prontamente.

“Tears of a clown” conta uma história triste de um personagem que deveria espalhar alegria. A intro do baixo de Harris em “The red and the black” fazem com que a vibração do palco se altere e as luzes permanecem avermelhadas durante as fantásticas mudanças de andamento. Esse é o Iron Maiden que os fãs ansiavam por ver nessa turnê.

É a vez de “Death of glory” incendiar o lugar e fazer os fãs surtarem de tanto pular e cantar. A energia e interação dos músicos com o público, seu jogo de cena, as incríveis reviravoltas das guitarras e as empunhadas do baixo, o sobe e desce de Dickinson, a iluminação perfeita, as chamas que eclodem no palco é um espetáculo para os olhos, para a mente, para o coração.

Tudo isso aliado ao tema épico de “The Book of Souls”, que profetiza a queda dos impérios, sobretudo aqueles que subjugam os mais fracos e atentam contra os Direitos Humanos, como aconteceu com a civilização Maia, na América Central, colaboram para a entrada triunfal e esperada de Eddie the Head, a sinistra mascote da banda, que já não põe medo em mais ninguém, pelo contrário, nos diverte muito.

Fear of the dark” e “Iron Maiden” encerram a grandiosa apresentação do Iron Maiden nesta noite incrível, com direito a céu estrelado e rasante de helicópteros que acompanhavam a apresentação do alto.

No retorno para o bis, a banda toca “The number of the beast” e Bruce Dickinson faz uma promessa para a legião de fãs paulistanos: “Eu gostaria de dizer que estaremos de volta em breve, nesta noite deixamos um pedaço de nossos corações com vocês, São Paulo, e voltaremos para buscar, todos sabemos que vocês são o público mais caloroso que temos”. Na sequência, “Blood brothers” cela com sangue o compromisso de breve retorno.

E como estamos numa turnê mundial e grandes shows devem ficar tatuados na alma, a banda encerra com a clássica e memorável “Wasted years”, sem dúvida, mais um show marcante desses caras brilhantes.

Do melódico The Raven Age à pauleira do Anthrax

Foto: Marcos Cesar/Ilha do Metal
Foto: Marcos Cesar/Ilha do Metal

O guitarrista George Harris lidera a The Raven Age, banda inglesa de metal melódico que surgiu em 2009, idealizada por ele e pelo guitarrista Dan Wright. A banda ganhou peso com a chegada do vocalista Michael Burrough, do baixista Matt Cox e do baterista Jai Patel.

Vestindo a camiseta da seleção brasileira, Patel entra sozinho no palco, saúda a plateia e já ganha o público com solo incrível de “Uprising”. Na sequência, as guitarras com riffs bem elaborados de Wright e Harris, aliadas à representatividade do frontman agradam os fãs. Para a abertura do show do Iron Maiden, a banda trouxe ainda músicas como “Promisse land”, “The death march”, “Eye among the blind”, “The merciful one”, “Salem’s fate” e “Angel in Disgrace”, que compõem o EP da banda, lançado em 2014.

O Anthrax sobe ao palco pontualmente às 19h45, exibindo boa forma e o melhor do heavy metal oitentista. Honrados e animados com a participação na turnê do Iron Maiden, o vocalista Joey Belladonna, os guitarristas Scott Ian e Jonathan Donais, o baterista Jon Dette e o baixista Frank Bello não dão descanso ao público do Allianz Parque e já mandam “Caught in a mosh” e, na sequência, “Got the time”, do músico inglês Joe Jackson, com solo surpreendente de Bello.
“Vocês são o maior grupo de filhos da mãe que jamais vimos, São Paulo”, grita o carismático Joey Belladonna, e tocam “Antisocial”, da banda francesa de hard rock Trust, “Fight’em til you can´t” e “Medusa”.

O Anthrax aproveitou ainda para tocar “Evil twin” e “Breathing lighting” faixas do álbum For All Kings, lançado no mês passado, considerado pelos críticos como o melhor trabalho da banda, sobretudo pelas composições que remetem à sua fase clássica.

No encerramento do show desses verdadeiros monstros do rock, a banda chama Andreas Kissser, guitarrista do Sepultura, para se juntar a eles em “Indians” e, dessa forma, Scott Ian retribuiu em grande estilo a ajuda que Kisser deu ao Anthrax em 2011, durante a turnê europeia, da qual ele se ausentou por conta da gravidez de sua esposa.

“Obrigada, São Paulo, obrigada Iron Maiden, nos veremos no próximo ano, o show foi muito bom, amamos vocês”, despede-se Ian, deixando todo mundo na expectativa pelo que vem por ai.

Set list – Iron Maiden
If eternity should fail
Speed of light
Children of the damned
Tears of a clown
The red and the black
The trooper
Powerslave
Death of glory
The Book of Souls
Hallowed be thy name
Fear of the dark
Iron Maiden
The number of the beast
Blood brothers
Wasted years

 

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