Além do lendário guitarrista, encerramento do festival contou com os prodígios irlandeses do The Strypes
Por: André Gobi
O 19° Festival Cultura Inglesa contrariou a maioria dos festivais, que são bem cansativos (e, claro, divertidos). Com um line up curto e de qualidade, além de ser favorecido por uma tarde com clima agradável, o evento agradou quem se destacou até o Memorial da América Latina, onde é realizado. Para melhorar, a entrada era gratuita.
Vale ressaltar que este festival foca num público específico (pelo menos em tese), que aprecia um determinado tipo de música, oferecendo um ambiente mais “aconchegante” e menos caótico do que festivais maiores, como o Lollapalooza ou o Rock in Rio.
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Às 14h00, começaram as atrações musicais com a banda Staff Only, composta por funcionários da Cultura Inglesa, distribuindo clássicos do rock oriundo das ilhas britânicas.
Apresentando compreensível timidez, a Blue Drowse (banda formada por alunos do colégio) deu sequência e se saiu muito bem, mesmo prejudicada pelo baixo som da guitarra solo, que ficou evidente quando executaram “Live Forever”, clássico do Oasis. Ponto para os garotos pela interpretação de “Fake Plastic Trees”, do Radiohead, e a execução de “Reverse Road”, música de autoria própria.
Sob forte sol e gritos estridentes das adolescentes, os irlandeses do The Strypes subiram ao palco às 16h00. Não se engane pela aparência e idade dos rapazes, (o mais velho, Josh McClorey que assume a guitarra, tem apenas 19 anos). Considerados prodígios e com admiradores que vão de Jeff Beck e Noel Gallagher a Elton John, os garotos demonstraram um rock agitado e dançante, se comportando como veteranos no palco, desfilando músicas do primeiro álbum, “Snapshot” de 2015, e do recém lançado “Little Victories”.
Pontualmente às 19h00, a ansiedade do público deu lugar ao alívio. Johnny “Fuckin” Marr, lendário guitarrista do The Smiths, icônica e finada banda de Manchester, subiu ao palco com sua Fender Jaguar.
Marr, veterano que é, sabe como entreter o público e tem consciência de que as pessoas adoram ver uma lenda viva. Frequentemente levanta a guitarra durante as músicas, para deleite dos fãs, ou simplesmente para e cruza os braços, aguardando a resposta da platéia, que vem em forma de gritos histéricos e aplausos.
Iniciou com “Playland”, faixa título do seu novo álbum, mostrando a qualidade do novo trabalho. A seguinte, “Panic”, clássico dos Smiths, transformou a atmosfera do ambiente, dando tons de nostalgia.
A apresentação teve um setlist alicerçado em seus (tardios) álbuns solo (The Messenger, 2013 e Playland, 2014). As ótimas faixas “Easy Money”, “Generate Generate”, “Upstarts”, “New Town Velocity”, “Candidate”, entre outras, ditaram o ritmo do show. Mas obviamente a maior força de suas apresentações está na execução de clássicos da banda mancunian que dividiu com Morrissey, Andy Rourke e Mike Joyce.
“Bigmouth Strikes Again”, “The Headmaster Ritual”, “Stop Me If You Think You’ve Heard This One Before”, a emotiva “There’s a Light That Never Goes Out” e, fechando a noite, “How Soon Is Now?” foram cantadas a plenos pulmões por fãs nostálgicos e um por um público mais jovem, provando a sobrevivência dos Smiths ao teste do tempo.
Mesmo que a apresentação não tenha sido tão emocionante quanto à de sua primeira passagem pelo país, ano passado, no Lollapalooza, quando Andy Rourke se juntou a Marr para tocarem “How Soon Is Now?”, para os fãs brasileiros, que nunca puderam ver os Smiths e sabem o quão difícil é ver um dos membros da banda tão perto (Morrissey vive abortando sua volta ao país), foi um prato cheio. Johnny e sua banda se esforçam para dar um bom show ao público, mesmo sabendo que grande parte dos fãs está feliz apenas por vê-lo de perto. Como grande artista que é, caminha confortavelmente num território que conhece muito bem, o palco.
Vale a pena ficar de olho em quem será o headliner do próximo ano, já que o festival vem se destacando por trazer nomes de peso do rock feito na terra da rainha.
Setlist Johnny Marr:
Playland
Panic (The Smiths)
The Right Thing Right
Easy Money
25 Hours
New Town Velocity
The Headmaster Ritual (The Smiths)
Back in the Box
The Messenger
Generate! Generate!
Bigmouth Strikes Again (The Smiths)
Candidate
Getting Away with It (Electronic)
There Is a Light That Never Goes Out (The Smiths)
Bis:
Stop Me If You Think You’ve Heard This One Before (The Smiths)
Upstarts
I Feel You (Depeche Mode)
How Soon Is Now? (The Smiths)
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