“Nirvana: Taking Punk to the Masses” cultua a história de Kurt Cobain, do Nirvana e do grunge dos anos 90

Por: Daniella Barbosa
Fotos: Ana Clara Carvalho/UDR

Os fãs do som do Nirvana e do grunge icônico de Seattle têm agora um evento must-go no Rio de Janeiro. A exposição “Nirvana: Taking Punk to the Masses”, que acontece no Museu Histórico Nacional, no Centro do Rio, teve início na última quinta-feira, 22, e vai até o mesmo dia do mês de agosto. Nos dois meses em que ficará exposta ao público carioca, a exibição reúne exatos 199 objetos dispostos em uma área de aproximadamente 800m².

O acervo é bastante rico e inclui desde instrumentos usados (e quebrados) por Kurt Cobain, Dave Grohl e Krist Novoselic, até fotos raras, capas de álbuns, vídeos de alguns depoimentos dados por eles e por pessoas que se influenciaram neles e objetos pessoais, como vestuário e cartas escritas à próprio punho por Kurt. Em coletiva feita à imprensa, Jacob McMurray – curador do Museu de Cultura Pop de Seattle (o MoPOP) – afirma que sua intenção não é apenas trazer para as pessoas a história do Nirvana ou da figura midiática de Kurt Cobain, que enfrentou inúmeros problemas de depressão, com drogas e culminando em seu suicídio, afinal ele deseja elevar os espíritos do público com uma mensagem positiva. Ele quer ir mais afundo e – além de apresentar as origens do grupo e algumas curiosidades -, construir um cenário da época e contextualizar a cena do rock (e do grunge) com um passeio por outras bandas que coexistiram com o Nirvana na década de 90, como por exemplo, o Soundgarden. E, quem sabe, incentivar que as pessoas que visitem o espaço incorporem um pouco do slogan do punk: “Faça por si mesmo!” e se enxerguem dentro daquela situação, algo como um fomento à música no geral.

Além de Jacob, a coletiva de imprensa teve a presença da Diretora de Marketing Corporativo e Consumer Electronics da Samsung Brasil, Andréa Mello. A exposição é uma parceria da Samsung – a partir de iniciativas do projeto Samsung Rock Exhibition -, do Ministério da Cultura e do Instituto Dançar. Segundo Andreia, trazer o ““Nirvana: Taking Punk to the Masses” direto de Seattle após seis anos de sucesso e mais de três milhões de visitantes com exclusividade ao Brasil é uma grande honra, pois é uma forma de oportunizar os brasileiros a ter uma experiência única e diferenciada com uma das bandas mais icônicas do século. É importante ressaltar que o Rio de Janeiro é a primeira cidade fora de Seattle que recebe a exposição. “Não poderia ser diferente, a Cidade Maravilhosa”, destacou Andréa.

Fotos: Ana Clara Carvalho/UDR

Sobre a quantidade de objetos presentes no museu no Rio, Jacob disse ter sido bastante complicado reduzir dos 500 que eles expõem no Museu de Cultura Pop de Seattle para 200. Alguns deles, como a guitarra que Kurt Cobain usou no vídeo de “Smells Like Teen Spirit” ficou de fora por questões burocráticas (já que as peças não vêm de um único dono) e – com certeza – fez bastante falta. O curador diz que o approach da exibição é muito mais “pessoal e humano”, pois os itens são todos originais e dos próprios membros ou pessoas de seu convívio. O ex-baixista do Nirvana, Krist Novoselic, assim como a ex-mulher de Kurt – Courtney Love – foram grandes apoiadores e participaram do projeto desde o início: da concepção à efetiva realização do mesmo. Segundo Jacob, Krist ficou bastante empolgado quando o curador lhe contou que tinha como objetivo não só exibir a história do Nirvana e sim ampliar a exposição para um culto ao movimento grunge de uma maneira geral. Até Dave Grohl, ex-baterista e atualmente líder do Foo Fighters, visitou o museu em Seattle duas vezes com suas duas filhas.

Bastante simpático, o curador tem 25 anos de experiência em museus e é Bacharel em Artes, Antropologia e Literatura. Fora isso, ele é o autor do livro “Taking Punk to the Masses: From Nowhere to Nevermind”, lançado em 2011 pela editora Fantagraphics Books. Isso explica, então, sua habilidade em transformar algo com tanta importância histórica em uma visita agradável sob uma narrativa interativa, onde cada época do Nirvana e – consequentemente – da história do punk/grunge é contada de maneira fluída e com preciosismo aos detalhes. Cada área do museu é um momento: há desde os registros escolares de Kurt Cobain e sua já aptidão e interesse às artes até cenários e objetos com referências claras e facilmente identificadas por qualquer fã. O manequim transparente de um corpo humano com asas de anjo sobrepostas que estampa a capa do “In Utero”, último álbum do Nirvana lançado em 1993; Um cenário imitando o fundo do mar com uma nota de dólar pendurada recordando a icônica capa do bebê no álbum “Nevermind” (1991), talvez o trabalho mais lembrado e famoso da banda; Uma caixa em formato de coração fazendo jus ao single “Heart-Shaped Box”; A produção de cenografia do “MTV Unplugged” gravado em 1993 em Nova Iorque com os banquinhos e candelabros foi reproduzida de forma bastante realista. Este é, de certo, uma dos espaços onde as pessoas mais param para fotografar e – claro – observar a reprodução do show que acontece em uma TV.

Fotos: Ana Clara Carvalho/UDR

Mas produzir a exposição não foi fácil, não. Para Jacob, ela foi um grande desafio em diferentes níveis. Pois, segundo ele, “Seattle é uma cidade muito interessante e que não gosta de ter pessoas contando a sua própria história”. Mas como tornar o projeto real sem o apoio da população local e de todos os envolvidos na trajetória do Nirvana e do grunge de alguma forma? “O meu maior desafio foi convencer as pessoas, porque além de Kurt Cobain, todos os que estiveram envolvidos na cena ainda estão vivos conosco”, enfatizou Jacob. Tentar convencer essas pessoas de que seria legal e trazê-las para o seu lado foi um trabalho árduo, mas que deu certo no fim das contas.

Ele explica que muitos foram resistentes à princípio devido ao desgaste que a necessidade da mídia em saber e querer relatar a vida e morte de Kurt Cobain havia gerado. Por ter sido uma das figuras mais importantes dos anos 90, todas as pessoas que eram próximas a ele já estavam desgastadas de falar sobre essa história e reviver todos os momentos que – para a maioria – trazia más recordações. Ele finaliza o questionamento, dizendo que só obteve apoio dessas pessoas quando deixou claro que sua ideia não era ser minimalista e sim trabalhar uma narrativa bem abrangente. Jacob teve de “convencer as pessoas de que essa não era minha história, não era história do museu, era a história do Nirvana, mas também de dezenas de pessoas que estiveram envolvidas na cidade.”

Com relação ao seu objeto favorito, ele afirma ser a primeira guitarra que Kurt Cobain quebrou na vida, em 30 de outubro de 1988, e que faz parte da coleção exposta. O curioso nisso tudo não é ter sido apenas a primeira guitarra quebrada pelo músico – já que isso era comum vindo do frontman do Nirvana – mas sim o contexto em que tudo isso aconteceu. Conforme o curador conta, Kurt quebrou o objeto em uma festa de dormitório para cinquenta pessoas, em uma época onde a banda nem fazia sucesso e ele não sabia nem se teria dinheiro para pagar o aluguel do próximo mês. Sabe aquela atitude rock n’ roll? É, tinha que ser Kurt Cobain mesmo.

Outra curiosidade contada por ele foi um evento em que Joe Walsh, dos Eagles, participou e Dave Grohl também estava presente. Ao se dirigir para a galeria do Nirvana para dar uma olhada em sua ex-bateria, Dave se deparou com um grupo de fãs que estavam vidrados no instrumento e demoraram a se dar conta de quem estava ali, logo atrás deles. A situação foi uma dentre as várias divertidas e inusitadas que Jacob disse já ter presenciado durante os seis anos da “Nirvana: Taking Punk to the Masses” em Seattle.

A exposição está aberta à visitação de todo público e os fãs são convidados especiais a participar do evento, para conhecerem um pouco mais do Nirvana e do grunge, gênero musical que inspirou gerações ao redor do mundo.
Vale à pena ir!

VEJA GALERIA DE FOTOS DA EXPOSIÇÃO:

SERVIÇO:
Samsung Rock Exhibition “Nirvana: Taking Punk to the Masses”
Museu Histórico Nacional
End.: Praça Mal. Âncora, s/n – Centro, Rio de Janeiro – RJ
Período: de 22 de junho a 22 de Agosto de 2017 (a partir de 12 de setembro em São Paulo)
Horários de visitação: de terça a sexta, das 10h às 17h30 | Sábado, domingo e feriados, das 13h às 17h
Classificação: 16 anos
Ingressos:
R$25,00 de terça a quinta-feira (R$12,50 meia entrada)
R$35,00 de sexta a domingo (R$17,50 meia entrada)
Site: www.ingressorapido.com.br

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