Texto: Cacau Ribeiro
Revisão e Edição: Gustavo Franchini
Celebrando uma edição especial de 40 anos do Rock in Rio, o evento deste ano contou com uma variedade de artistas, além de, claro, toda a infraestrutura que dispensa comentários em relação à opções de comidas, bebidas, brinquedos e ativações de marcas. Espalhados ao longo do espaço gigantesco, o festival conta com o impressionante número de 130 ativações, 175 pontos de hidratação e 880 pontos de alimentação. Conhecido internacionalmente por possuir espaços temáticos, o Rock in Rio 2024 ganhou a Babilônia Feira Hype (e dezenas de lojas de vestuário), o espaço Global Village (que em seu entorno possui diversas construções com arquiteturas inspiradas em culturas de outros países, Pub com banda de bar e Clube do Samba) e manteve a famosa Rota 85, na qual podemos encontrar a famosa capela de casamento da Chilli Beans e oficializar seu relacionamento na presença de um “Elvis Presley” bem a moda Las Vegas; não poderia faltar em uma edição tão especial como essa. O Musical que celebra toda a história deste outrora projeto ambicioso é uma das grandes novidades para o público de todas as idades.
Uma viagem através da realidade virtual se converge na atração Journey, que parece que veio para ficar. Já os brinquedos abraçaram seus novos irmãos sob os nomes de Mega Download e Discovery, ambos para os mais corajosos. O Gourmet Square, agora assinado pela chef Heaven (ex-participante do programa Masterchef) recheou o ambiente de gastronomia com muita qualidade e chegando a fazer filas de tão cheio que se manteve durante praticamente todos os horários. A posição dos palcos tradicionais também foi alterada, o que gerou opiniões mistas. Para comemorar toda esta aventura, a produção preparou um maravilhoso Videomapping com fogos de artifício nos intervalos de shows do Palco Mundo, algo que se mantém durante todos os dias, em horários diferentes (confira a programação completa do festival). E, como se não bastasse o conteúdo enorme a disposição dos presentes, ainda conta com um verdadeiro show à parte da Esquadrilha Céu realizando acrobacias de tirar o fôlego, apresentadas por pilotos experientes em aviões monomotores.
O segundo dia na Cidade do Rock foi marcado por diversidade de estilos musicais, reunindo gêneros que só mesmo um festival como esse poderia trazer. A nossa equipe fez a cobertura das bandas Black Jack, The Lokomotiv, Lulu Santos, Zara Larsson, OneRepublic, NX Zero e Imagine Dragons.
Confira vídeos dos shows na seção ‘Destaques’ do Instagram
Highway Stage
Black Jack e The Lokomotiv
Com presença confirmada nos três primeiros dias do festival e cinco horários diferentes de apresentação, as bandas do Highway Stage marcaram presença intensa para o público que visitava a Rota 85 e se atraiu pelo som de qualidade vindo do simpático palco. A Black Jack foi uma das que checamos logo no início de nossa cobertura, às 14h, quando já estavam detonando com um som para deixar qualquer roqueiro feliz, afinal, não é sempre que podemos ver/ouvir um cover de “Fear of the Dark” (Iron Maiden) com tamanha qualidade, além de um vocalista super animado que literalmente não conseguia parar no local, chegando a descer para o meio do público, o que arrancou sorrisos de todos.
The Lokomotiv foi a outra atração que despertou interesse em outro gênero, no caso o pop rock do Oasis e até grunge de bandas como Audioslave. A energia do público, que aproveitava o som com alegria rodeado por uma temática vintage, foi só um “tchan” a mais na representação old school que envolvia cada um que lá estava para puro entretenimento e, quem sabe, até se emocionar um pouco. A vocalista carismática Giovanna Andreo — que já se apresentou na edição de 2022 do festival — esbanjava empolgação do início ao fim, o que cativou quem passava por ali, principalmente os que tinham o conhecimento de que se tratava de uma pessoa com deficiência auditiva e que se orientava através de ondas sonoras, o que só amplifica todo o seu talento. A título de curiosidade, na maior parte do tempo apoiava os pés em cima da caixa de som para se guiar nas vibrações dos instrumentos dos outros integrantes. Aliás, tinha inclusive uma pessoa em cima do palco que fazia linguagem dos sinais (libras), o que maximiza a inclusividade maravilhosa que tivemos o prazer de conferir!
Fotos (Black Jack) / Fotos (The Lokomotiv)
A cantora Zara Larsson esbanjou beleza e dança em seu repertório pop
Palco Sunset
NX Zero
O lado emocore de muitos foi enaltecido pelos paulistas do NX Zero, que fecharam a noite do Sunset com pura nostalgia. Até mesmo quem estava sem lápis de olho preto e franja de lado abraçou seu lado sentimental e seu adolescente interior ao som do quinteto. Sucesso no início dos anos 2000, a banda apresentou alguns de seus maiores sucessos como “Cedo ou Tarde”, “Daqui pra Frente”, “Pela Última Vez” e “Razões e Emoções”. A única coisa que deixou a desejar foi o som com volume baixo que não alcançou devidamente o público que estava mais distante.
Mas isso não deixou com que o show perdesse seu encanto e importância, que além de deixar uma mensagem importante sobre valorizar quem amamos enquanto continuam conosco, apresentou a versão “Cedo ou Tarde 2.0”, faixa que foi recém-lançada com um trecho do saudoso Chorão no início, uma linda homenagem prestada ao eterno Charlie Brown Jr. “Essa música aqui — ela significa muito para nós. E eu sei que muita gente aqui tem uma história com esse som. Ela é para valorizar as pessoas que a gente ama. As pessoas que, de repente, não estão mais aqui, de quem a gente sente saudade”, disse Di Ferrero. “Pessoas que mudaram a nossa vida. Tipo o Chorão.”
Esse show não só foi impactante para os fãs presentes no local, como também para a banda que fez uma declaração de que era a última apresentação do NX Zero. “O ano passado foi muito especial para o NX Zero. Teve a ‘Tour Cedo ou Tarde’ e hoje estamos celebrando o último show. Queria dizer que gravamos tudo isso, todos os momentos e, no dia 4 de outubro, vamos lançar”, afirma o vocalista. A estética preto e branco do telão que acompanhou o show do começo ao fim, além de contribuir para a emoção das músicas ao longo da execução, também tornou esse momento ainda mais expressivo e marcante.
Fotos / Setlist (NX Zero)
Palco Mundo
Lulu Santos
Estreando o dia do palco principal na devida maestria e singularidade, Lulu Santos comandou seu espetáculo ao lado de sua banda, que conta com Robson Sá (backing vocal) e Jorge Ailton (baixo). Trazendo alguns dos seus maiores hits, entregou talento e carisma como só um bom carioca da gema sabe fazer. Ao som de “Toda Forma de Amor”, Lulu Santos deu o start a um repertório que foi repleto de emoções em um verdadeiro encontro de gerações. A plateia cantava, pulava e dançava celebrando esse verdadeiro hino dos anos 80 com uma mensagem que é tão atual.
“Tempos modernos” se iniciou com a Sinfônica Ambulante, formado em 2011 por um grupo de amigos que possuem uma influência distinta no quesito musical, trazendo uma harmonia essencial para compor a festa. A enorme surpresa surgiu ao receber Gabriel Pensador, que subiu no palco para cantar “Astronauta” e “Cachimbo da Paz”, duas músicas sensacionais que fazem críticas contundentes dentro do contexto apresentado, ambas com participação original do próprio Lulu Santos. Com solos de guitarra impecáveis e ininterruptos, nossa lenda da música popular brasileira transitou por seu vasto repertório musical com petardos como “A cura”, “Apenas mais uma de amor”, “Aviso aos navegantes”, “Já é!” e a absoluta “Assim caminha a humanidade”, que foram responsáveis pelo baile, referência ao seu próprio show, e ainda arriscou alguns passinhos, onde se mostrou completamente grato por dividir sua música com as milhares de pessoas presentes no local.
40 anos de carreira se mostraram eficientes ao cantar “Como Uma Onda (Zen-Surfismo)”, que arrebatou o público em enorme coro que tomou conta de tudo ao redor, além de fazer uma menção ao seu longínquo show da primeira edição do Rock in Rio: “Eu fiz isso em 1985 e acho que hoje faz muito mais sentido, porque hoje somos nós”. Após esse momento memorável, Lulu Santos fez um cover de um dos maiores nomes da música brasileira que já tivemos, Tim Maia, e assim, “O Descobridor dos Sete Mares” encerrou de maneira satisfatória um dos melhores shows desta edição até agora.
*O cantor se apresenta novamente no Palco Sunset dia 21/09
Fotos / Setlist (Lulu Santos)
O OneRepublic fez o público levantar do chão com hits empolgantes
Zara Larsson
A sueca do pop Zara Larsson com o famoso “Brazil Core” em alta no momento fez sua entrada no palco usando um shortinho do Brasil, esbanjando beleza, gingado e voz eficiente (apesar do playback). Ao som de “Venus”, música do seu 4° álbum de estúdio (homônimo lançado em fevereiro de 2024), dona de muitos sucessos internacionais, junto com suas bailarinas que deram um show à parte, Zara se apresentou em clima dançante que levantou o público disposto.
Nos primeiros momentos foi uma enxurrada de hits como: “I Would Like”, “Never Forget You” e “Symphony”. Esta última com destaque especial; música lançada em 2017, do grupo britânico Clean Bandit com participação dela, voltou para as paradas nessas recentes semanas por viralizar nas redes sociais (a ideia era que as pessoas usassem a música de fundo acompanhada da foto de golfinhos com arco-íris, assim criando memes relacionados à situações curiosas e comentários engraçados). Tudo isso não só chegou na Zara como ela também aproveitou esse hype e entrou na brincadeira, colocando golfinhos no telão do palco enquanto fazia sua perfomance.
Alguém dá um CPF pro nosso cristal sueco? Mesmo com toda a sua influência no gênero, a nova diva pop não deixou de entregar até funk e o público não fazia ideia do que iriam presenciar. Entre uma canção e outra, Zara fez uma surpresa para todos e, após agitar a multidão com “Ain’t My Fault”, de seu segundo álbum de estúdio (So Good), a cantora apresentou o remix de “Ammunition” (também do Venus) que conta com parceria do brasileiro DENNIS, soltando a voz e rebolado. Havia boatos deste encontro acontecer, já que ambos os artistas se apresentariam no mesmo dia do festival. Dias antes do show, a cantora liberou no seu TikTok um trecho com uma prévia do remix que levantou especulações a respeito do possível encontro. Dito e feito, tivemos a mistura saudável do pop e funk!
Marcando o final do show, tivemos “On My Love”, “Lush Life” (que fez parte da era pop de 2015) e finalizando com “Can’t Tame Her”, mais uma do Venus. Zara definitivamente conquistou mais alguns corações brasileiros, entregando efeitos especiais no palco, telão, interação com o público e fazendo ótimas combinações entre suas músicas.
Fotos / Setlist (Zara Larsson)
OneRepublic
Após 9 anos desde sua primeira vinda ao Brasil, o OneRepublic fez um show surpreendente para o público do festival. Donos de grandes sucessos e com uma pegada mais pop rock/alternativo, a banda americana arrancou gritos da plateia assim que o primeiro assobio tomou conta das caixas de som do Palco Mundo. Quem não surtou com a sequência de abertura com “I Ain’t Worried”, “Secrets” e “Rescue Me”, que atire a primeira pedra. Simplesmente impossível não cantar cada um desses hits! O que podemos dizer desse show no geral é que ele claramente pode ser definido como: um show onde é impossível ficar em silêncio.
Com músicas que marcaram gerações é praticamente impossível não conhecer uma música deles. Não dizendo isso apenas pelas músicas cantadas pela banda, como também pela participação do vocalista Ryan Tedder em composições de artistas de sucesso como Beyoncé, Maroon 5, Jonas Brothers, dentre outros. Alías, ele ousou algumas palavras em português e propôs ao público transformar o momento em um enorme karaokê cantando covers de algumas de suas composições como: “Halo” (Beyoncé), “Bleeding Love” (Leona Lewis), “Maps” e “Love Somebody” (Maroon 5), além de “Sucker” (Jonas Brothers) e uma inédita versão de “Greedy” da cantora Tate McRae, música que Tedder também assina como compositor (mas nessa versão, fez o cover do viral do TikTok no piano).
Como se não bastasse todos esses hinos, a estrela da noite com certeza foi “Apologize”. Todos os celulares foram colocados para cima e não sobrou uma pessoa que não estivesse eufórica aos primeiros acordes de violino saindo da caixa. E ninguém decepcionou ao cantar o primeiro single de sucesso da banda, lançado em 2007. Ostentando simpatia e muitas tentativas de mostrar como havia praticado português, Ryan arriscou algumas palavras como “Obrigada”, “Cantem comigo” e “Vocês são fodas”.
Um artista que fez questão de agradecer a todo momento o carinho do público e até mesmo literalmente vestir a camisa do Brasil escrito “Pelé” na parte de atrás. Os enormes telões do palco principal do evento ganharam um filtro amarelo em “Sunshine” e o segundo ponto alto da noite foi por conta de “Counting Stars”, sucesso de 2013 que foi responsável por fazer a banda ser a primeira a conseguir 1 bilhão de views no YouTube e na Vevo conjuntamente. Encerrando o show com “If I Lose Myself” e a promessa de voltar, agora só nos resta torcer para que eles voltem logo e que dessa vez não demore mais 9 anos.
Fotos / Setlist (OneRepublic)
Imagine Dragons envolve a todos com a magia de cores e mensagens positivas
Imagine Dragons
Os estadunidenses do Imagine Dragons já acamparam no Brasil, se for considerar que recentemente estiveram aqui viajando por diversas cidades, retornando depois de um ano ao Rio de Janeiro, agora para uma apresentação para lá de especial. Responsáveis pelo encerramento do palco principal na noite de sábado, a formação agora é composta por Dan Reynolds (vocalista), Wayne Sermon (guitarrista) e Ben McKee (baixista). Priorizando músicas do seu último álbum de estudio, Loom, lançado em junho de 2024, o baterista, Daniel Platzman, não chegou a participar desse projeto, já que estava afastado da banda desde 2023 por questões de saúde mental e em agosto deste ano, anunciou em suas redes sociais que estaria deixando o grupo para focar em projetos pessoais.
Original de Las Vegas, o Imagine Dragons trouxe grandes sucessos como “Thunder”, “Bones”, “Whatever It Takes”, “Demons”, dentre outras faixas do seu novo álbum, como “Take Me to the Beach” “Fire in These Hills” e “Nice to Meet You”. Com 20 músicas no total, o Palco Mundo ficou pequeno em relação à grandeza não só do som da banda, como da voz do público que se entregou de corpo e alma para fazer com que o show se tornasse inesquecível, principalmente para o vocalista, Dan Reynolds, que se emocionou incontáveis vezes por conta do carinho do público e não poupou palavras/interações com os fãs para demonstrar sua gratidão, reforçando a mensagem em relação ao propósito pelo qual a banda foi criada.
Além de defender causas de minorias, a mensagem entre uma música e outra é de que, além de compartilhar a sonoridade das mesmas, também se preocupa com a saúde mental e igualdade. Reynolds dividiu com o público um pouco da sua experiência pessoal de que é importante procurar ajuda quando se está com sentimentos negativos, falar o que sente para as pessoas ao redor, pois não é nenhuma vergonha; reforçou o quanto isso te faz mais forte, que fazer terapia não é um sinal de fraqueza. O vocalista se apresentou com um “X” desenhado nas mãos e isso é um sinal straight edge (movimento ligado à cultura punk, nascido nos anos 80, que sinaliza que a pessoa tem restrição total ao uso de drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas).
Quem já era fã do atual trio saiu da Cidade do Rock provavelmente pensando: “Ainda bem que sou fã da banda certa”. Quem presenciou o espetáculo pela primeira vez compartilha o mesmo sentimento. O Imagine Dragons sabe não só se envolver entre os integrantes, mas também com o público de todas as idades, crenças e culturas, além de usarem e abusarem de efeitos visuais no telão, como chuva de papel picado, fogos de artifício e bolas gigantescas coloridas soltas pelo mar de gente presente no local.
Ao som de “Believer” o fim do show foi anunciado e deixou aquele ‘gostinho de quero mais’. Sem fazer esforço algum, a banda mostrou toda a sua potência com seu acertado reportório e provando o por quê de serem uma das maiores bandas de rock do mundo.
Fotos / Setlist (Imagine Dragons)
Nossos agradecimentos a todos os responsáveis por tornarem o evento possível e, em especial, para a Approach Comunicação pela parceria, confiança e credibilidade dada mais uma vez à equipe do Universo do Rock. Nos vemos em 2026!
Confira as fotos gerais do segundo dia (14/09) no Rock in Rio 2024:
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