Texto: Cacau Ribeiro
Revisão e Edição: Gustavo Franchini
Chegamos ao quinto dia do evento com puro brilho, talento, sensibilidade e beleza. Sim, isso mesmo, a sexta-feira já se tornou memorável na história do Rock in Rio por ser exclusivamente composta por artistas femininas no line-up de todos os palcos. Dar visibilidade, espaço e voz para mulheres tão plurais, com ritmos, etnias e histórias diferentes é uma conquista importante que demonstra o respeito por um gênero que tá longe de ser frágil. A nossa equipe fez a cobertura das artistas Ivete Sangalo, Cyndi Lauper, Gloria Gaynor, Karol G, Iza e Katy Perry.
Confira vídeos dos shows na seção ‘Destaques’ do Instagram
Palco Sunset
Gloria Gaynor
Uma verdadeira festa. Se fosse para descrever o show da gloriosa Gloria Gaynor, com certeza essa seria a melhor definição. Mas não qualquer uma: uma festa queer com karaokê. Muito bem produzida, a cantora de 81 anos marcou presença no festival trazendo um show repleto de hits da Era Disco e alguns covers mais atuais que garantiram a animação da galera.
A diva mostrou todo o seu potencial vocal performando covers como “Goin’ Out of My Head” (Little Anthony and the Imperials) e “Unstoppable” (Sia). Aproveitou também para fazer um convite ao público, dizendo: “Vamos fazer de tudo para vocês se divertirem hoje à noite. Quando vocês ouvirem uma música que gostem, cantem comigo”. E assim foi feito: a plateia soltou a voz em “Never can say goodbye”, um verdadeiro karaokê ao ar livre.
Seguindo as faixas de covers atuais, Gloria apresentou uma versão mais animada de “Beautiful” (Christina Aguilera) e seu trombonista foi um show à parte ao cantar “Happy” (Pharrell Williams), arriscando ótimos passinhos de dança e até mesmo abrindo espacate (movimento famoso do balé que consiste em executar a abertura completa das pernas em direção ao chão) durante sua apresentação. A pioneira da Disco Music performou também a canção “Reaching for the Gold”, que estará presente em seu próximo álbum. Após apresentar um cover emocionante de “Like I’m gonna lose you” (Meghan Trainor) o tão aguardado momento para encerrar a noite, não poderia ser outro a não ser o icônico hino: “I Will Survive”, que ecoou por todo os quilômetros de público na Cidade do Rock.
Fotos / Setlist (Gloria Gaynor)
IZA
Mais radiante do que nunca, a cantora IZA chamou a atenção não só pelo seu look esplêndido, mas também por ser um verdadeiro acontecimento: com quase 9 meses de gestação, a nova mamãe do pedaço subiu sorridente ao Palco Sunset ao som de “Fé”. Na faixa “Dona de Mim”, ela aproveitou para dizer: “Eu hoje estou mais dona de mim do que nunca. No caso, ela é dona de mim”. A diva que costuma entregar muito na dança, se poupou nos passinhos por estar carregando Nala, mas não deixou de servir nos vocais.
Agraciada pela presença da cantora Ivete Sangalo (que tinha se apresentado mais cedo no palco principal), que vestia uma jaqueta estampando o nome em referência à sua primogênita nas costas, as duas apresentaram “Talismã”. Veveta aproveitou a ocasião para demonstrar seu amor pela pequena que ainda nem nasceu; “Porque tia que se preza homenageia no palco pra ela nunca mais esquecer”.
No espaço dedicado aos covers, a cantor mandou ver com “Ready or Not”, “Come Together”, “Doo Wop” e “Say My Name”. Também rolou um tempinho para cantar “Fé nas Malucas” e “Mega da Virada”, duas faixas do seu mais recente álbum, Afrodhit (2023). O encerramento desse show lindo não poderia ser diferente: ela dançou, desceu do palco e cantou no meio da galera dois dos seus maiores sucessos, “Brisa” e Pesadão”.
Fotos / Setlist (IZA)
A veterana Gloria Gaynor surpreende o público com performance impecável
Palco Mundo
Ivete Sangalo
A abertura do palco principal ficou por conta da queridinha do axé Ivete Sangalo, uma escolha que provou mais uma vez ser certeira, ao levantar o público que ficou animado do início ao fim. Uma curiosidade: a cantora é a que mais se apresentou no festival até hoje (desde 2011), sempre presente nas edições com diversas participações especiais. A produção de palco e vestuário de Veveta teve como base a cor rosa e a interação ultrapassou limites no momento em que ela chegou a literalmente voar sobre todos com suporte de cordas.
Mesmo com bastante apoio de vocais, a artista provou saber fazer um bom show, não à toa os presentes cantavam praticamente todas do repertório, que não foi curto, somando um total de 23 músicas. E ainda teve espaço para momentos fofos com sua filha subindo ao palco para cantar a última música com “O mundo vai”.
Fotos / Setlist (Ivete Sangalo)
Cyndi Lauper
Outra veterana que fez história nos anos 80, a cantora de 71 anos fez um show incrível para os amantes de pop rock de muita qualidade e que marcou uma geração. Cyndi Lauper doou tudo de si, mostrando que possui energia de sobra e provando que, além disso, sua voz e estilo continuam inigualáveis, apesar de ter dificuldade em alcançar notas mais altas, algo totalmente compreensível para sua idade. O ícone conquistou o público com seus maravilhosos hits e simpatia, que se estendeu à sua banda que, apesar de tecnicamente não serem perfeitos, ainda assim compensavam com total entrega.
Assim que deu início a sua apresentação com “She Bop”, Cyndi brincou: “Eu tinha planejado dizer algo em português, mas meu inglês já não é muito bom”. Aproveitou o momento de descontração para, mesmo em inglês, elogiar a beleza do Rio de Janeiro. A cantora passou boa parte do tempo nas primeiras canções com problemas técnicos, o que afetou ouvir a parte instrumental por conta do retorno, mas logo foram resolvidos, seguindo sua apresentação com um fôlego de dar inveja. Arrasando nos high notes, a artista transformou o evento em uma grande festa estilo new wave. Com “When You Were Mine”, “Sisters of Avalon” e “Money Changes Everything”, envolveu-se com a bandeira do Brasil e desceu do palco para celebrar com seus fãs. O destaque é a canção que, sem sombra de dúvidas, é a mais bela de todas: “Time After Time”.
Guardando o melhor para o final, a nova-iorquina fez uma apresentação belíssima de “True Colors” e, para fechar sua apresentação com chave de ouro, cantou seu maior sucesso, “Girls Just Want to Have Fun”, praticamente duas vezes. Mesmo com a música fazendo sucesso desde o seu lançamento, com o movimento Girlhood e o aumento da produção de conteúdos voltado para o universo feminino, a canção ganhou uma visibilidade ainda maior ao longo dos anos, alcançando uma geração mais jovem através das famosas trends nas redes sociais. Por quase 8 minutos, esse hino atemporal sendo cantado nesse dia — um dia totalmente voltado para as mulheres — tornou a celebração ainda mais especial para a ocasião e história do festival.
Fotos / Setlist (Cyndi Lauper)
Karol G
Com uma performance exalando sensualidade, digna de ser headliner em uma próxima edição, Karol G deixou todos de queixo caído com tamanha produção. A colombiana abriu seu show com “BichotaG” e “Oki Doki” com muitos fogos, um balé excepcional e muito carisma, se entregando totalmente em sua apresentação. Em todos os momentos que tinha oportunidade, comentou o quanto estava feliz por estar presente no festival. A cantora declarou: “Esperei por essa noite horas, dias, semanas, meses. Sei que vocês vão fazer a grande noite da minha vida”.
Vai ter reggaeton, sim! Nossa bichota levou a festa latina para o Palco Mundo e com “Tusa”, “Una Noche en Medellín Remix” e um remix poderosíssimo de “Provenza”, ainda arriscou uns passinhos de samba que fez o público ir à loucura. Com sample de “Bleeding Love” (Leona Lewis), a cantora apresentou sua canção “Contigo”, parceria com o DJ Tiësto, um dos maiores nomes da música eletrônica. Foi um momento cantado intensamente pelo público e com muita emoção por parte da nossa Carolina.
O acústico sai, e o funk e a sensualidade entram; “Tá OK (Remix)” tira a galera do chão e a latina não pára de nos surpreender. Uma plataforma no meio do público ganhou jatos d’água, luzes vermelhas, movimentos sensuais e em “GATÚBELA” e “TQG”, a cantora provou que merecia estar ali e até mais. Pela primeira vez foi apresentado o hit do momento “Alibi”, no qual Pabllo Vittar, Sevdaliza e Yseult surgiram no palco, o que causou muita euforia por parte do público. Com alguns fãs, bailarinos e muitos fogos, Karol G encerrou sua passagem pelo festival no melhor mood possível ao som de “Si Antes Te Hubiera Conocido”.
Fotos / Setlist (Karol G)
A nova mamãe IZA cantou com energia um repertório digno de diva nacional
Katy Perry
Pela terceira vez no palco do Rock in Rio, a cantora Katy Perry foi a protagonista responsável por fechar com chave de ouro o dia delas. Uma das atrações mais aguardadas pelo público, fez com que milhares de fãs chegassem cedinho para garantir seu lugar na grade e ver a estrela de pertinho.
Com muitos simbolismos relacionados à sua nova era sendo exibidos no telão e uma borboleta gigante preenchendo quase todo o palco, Katy apareceu suspensa por cordas, cantando “Woman’s World”, faixa do seu novo álbum (143), lançado no mesmo dia da sua apresentação no festival, 20 de setembro. Conhecida por ser uma das maiores cantoras pop e possuir hits famosos acompanhado de seus clipes mega elaborados, a cantora soube mesclar canções antigas e atuais.
Faixas como “California Gurls” e “Teenage Dream” ganharam uma versão remix e acabou não agradando muito o público que esperava ansiosamente pelos hinos originais ao vivo. A mudança nas batidas das faixas não deixou com que o momento se tornasse menos memorável e, quando chegou a vez de “Dark Horse”, o coro no refrão com “Meu nome é Julia” tomou conta do espaço. Quem não se lembra do meme da pequena Julia que em 2014 viralizou fazendo uma troca bem-humorada no refrão da faixa de Katy, substituindo pelo seu nome? A versão faz sucesso desde então, e a própria dona do meme esteve presente para assistir à apresentação da cantora.
Mais uma música do seu novo álbum foi incluída no repertório e, então, “Gimme Gimme” teve a sua vez. Voltando para a era nostálgica, “E.T”, sucesso de 2011, também foi apresentada com um remix. Em “Swish Swish”, a cantora chamou um fã ao palco para dançar com ela e declarou: “Eu acredito que nada é por acaso. Esse show esgotou em uma hora e 43 minutos (mesmo nome do seu disco). Ele faz aniversário no mesmo dia que eu faço”. Muito carismática, abraçou o fã e performou o refrão ao seu lado.
Já no segundo ato, seguindo a mesma tática de mesclar suas novas canções como “I’M HIS, HE’S MINE” com seus hits antigos na forma de ”Bon appétit”. A realidade é que não funcionou tão bem, e dava para notar que o show passou a ficar um pouco morno. A emoção tomou conta do público novamente, quando Katy Perry chamou Cyndi Lauper para se juntar a ela e cantar a belíssima “Time After Time”, momento épico em que dois importantes nomes do pop se convergem no verdadeiro encontro de gerações. É quase impossível colocar em palavras o que estava acontecendo diante dos olhos de milhares de pessoas, mas Katy arriscou e disse a Cyndi o quanto a admira pela sua pessoa e relevância na música; “Eu quero ser exatamente como você. Você é tão incrível, tão conectada, tão cheia de vida, cheia de energia. Eu te vi deitando no chão, absorvendo tudo”.
A festa pop foi chegando ao fim com as clássicas “Hot n Cold / Last Friday Night (T.G.I.F.)” e “I Kissed a Girl” deixando todos os fãs presentes eufóricos. Katy deixou o palco após “Roar” e, com um pouco de suspense depois, retornou cantando “Daisies”, “Wide Awake”, “LIFETIMES” e a maioral, “Firework”, que veio acompanhada de uma longa explosão de fogos de artifícios, teletransportando todos para 2010. A cantora fez um show lindo; ter escolhido celebrar o “nascimento” do seu novo álbum com seus fãs brasileiros foi algo realmente significativo para os KatyCats.
Fotos / Setlist (Katy Perry)
Nossos agradecimentos a todos os responsáveis por tornarem o evento possível e, em especial, para a Approach Comunicação pela parceria, confiança e credibilidade dada mais uma vez à equipe do Universo do Rock. Nos vemos em 2026!
Confira as fotos gerais do quinto dia (20/09) no Rock in Rio 2024:
Seja o primeiro a comentar