Por: Gustavo Franchini
Ter uma banda de rock progressivo é uma tarefa difícil, pois é complicado de se estabelecer no mercado atual, devido ao fato de as músicas serem complexas, intrincadas, de atraírem um público seleto, que consegue compreender a proposta dos músicos, visto que a indústria, em geral, parece se importar mais com o que é facilmente digerível. Portanto, ter alcançado tamanho sucesso internacional, como é o caso do Marillion, somado a mais de 30 anos de carreira (e lançando álbuns novos com frequência), só pode ser digno de muitos elogios.
Com uma produção de palco simples, porém bem arranjada, o quinteto nos apresenta um telão que acompanha cada uma das canções e pequenos detalhes que tornam a noite ainda mais mágica, como o visível prazer de todos ao estarem tocando para o público carioca, quiçá brasileiros no geral, que sempre valorizaram muito os artistas em shows desse porte. A animação do público era evidente, cantando em uníssono as mais famosas, pulando e gritando o nome da banda com reverência ao que representam pro estilo. Foi realmente emocionante ver fãs de todas as faixas etárias, presentes ali, em um momento tão especial.
Depois da saída do vocalista Fish e a entrada do excelente Steve Hogarth, parece que a banda ganhou um ar diferente, porém uma vitalidade extra, inovando em diversos aspectos. Sua presença de palco é admirável, claramente carrega a plateia nas mãos, nos guiando para o seu fantástico mundo de belezas virtuosas, com bastante eficácia vocal, não decepcionando em momento algum, nos remetendo à época de ouro dos anos 80/90. O único membro original remanescente é o magnífico guitarrista Steve Rothery, que esbanja talento, técnica e feeling em notas perfeitamente encaixadas, com estruturas de deixar qualquer um boquiaberto. O baixista Pete Trewavas é o segundo com maior tempo de casa, conhecido pelas suas linhas de baixo muito criativas, além da sua simpatia, presente durante todo o show. Completando a cozinha, Mark Kelly nos teclados e Ian Mosley na bateria, dois competentíssimos músicos, do mais alto nível.
O setlist agradou os fãs em cheio, já que abrangeu toda a carreira da banda, não deixando nenhum hit de fora; os britânicos resolveram montar um repertório para alcançar todas as fases do Marillion, e nós só temos a agradecer. Músicas como “The King of Sunset Town”, do excelente Seasons End (1989), que abriu o espetáculo e marca a entrada de Hogarth, nos deixa claro como será a noite: uma verdadeira celebração ao bom gosto. Claro que não poderia faltar músicas do clássico Misplaced Childhood (1985), que é considerado o melhor álbum da banda e um dos maiores de progressivo de todos os tempos, representado ali pela sensacional “Kayleigh” e “Lavender”, esta um pedido direto dos fãs, através de um coro lindo de se ouvir e, para minha surpresa, atendido prontamente. Que seleção de músicas de tirar o fôlego!
Sabe-se que o Marillion está preparando um novo álbum, a ser lançado em setembro desse ano, com o nome de F.E.A.R. (não posso traduzir o significado aqui, recomendo pesquisarem o que significa), então vamos aguardar uma nova visita da banda à cidade maravilhosa para a turnê de divulgação do mesmo, pois parecem ter gostado (e muito) do carinho recebido por todos. E serão muito bem-vindos!
SETLIST MARILLION
1 – The King of Sunset Town
2 – Power
3 – You´re Gone
4 – Cover My Eyes (Pain and Heaven)
5 – Hooks in You
6 – Sugar Mice
7 – Afraid of Sunrise
8 – Man of a Thousand Faces
9 – Easter
10 – Kayleigh
11 – Lavender
12 – Sounds That Can´t be Made
13 – Afraid of Sunlight
14 – King
BIS
15 – The Invisible Man
BIS 2
16 – Beautiful
17 – Garden Party
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