Por: Juliane Assis
Rodrigo Suricato, 37, líder da banda carioca Suricato formada em 2009, finalista do reality show “Superstar” (Globo), e agora vocalista também do lendário Barão Vermelho, conta como superou o carma de participar de um programa de televisão, e como suas influências vindas dos grupos dos anos 80 o ajudaram a manter os pés no chão. A banda de pop-rock nacional fará sua primeira apresentação num festival grande como o Lollapalooza no dia 25 de março e o vocalista revela que muito provavelmente um repertório novo será apresentado. Confira a entrevista.
Pra começar eu gostaria de agradecer pelo seu tempo e disposição para dar essa entrevista para site Universo do Rock.
RS: Que isso, de nada.
Acredito que trabalhar com o Nando Reis tenha sido uma grande experiência para você pessoalmente e profissionalmente, quais lições você vai levar desse trabalho?
RS: Bom, o Nando sempre foi um grande ídolo, e eu devo muito a ele o que eu sou como artista, observando a maneira de certa forma como ele conduz a carreira dele, além da escrita do Nando, da maneira tão íntegra de fazer canções. E o Nando na verdade foi um grande incentivador da Suricato, assim como ele abriu as portas pra gente na época do primeiro disco antes de qualquer projeção pra que a gente pudesse exercitar esse repertório na abertura dos shows dele. Então essa generosidade que a gente vê, por exemplo, é uma generosidade que eu gostaria de passar adiante, então talvez essa tenha sido uma das maiores lições, porque nem todo artista realmente está à altura da grandeza da sua obra, mas eu acho que o Nando sim, porque é um cara muito generoso, e faz muito pelos outros, eu sou muito grato a ele.
Sabendo que todos os artistas e pessoas que eventualmente participam de algum reality show carregam essa carga por muito tempo, ou para sempre em suas carreiras. Como acha que essa carga pode influenciar na carreira da banda, e na sua? E Como você lida com isso?
RS: Eu fiquei muito receoso de participar do Superstar devido realmente a esse estigma de reality show, e até um pouco antes da primeira apresentação eu estava em dúvida, porque realmente você se expõe muito nisso, mas em contra facção se a gente não souber usar os mecanismos que se apresentam pra gente poder realizar o nosso trabalho a gente não sai do lugar. Aí depois, eu refletindo sobre isso, coloquei num canal onde passavam reprises e eu vi um programa do Chacrinha, e eu não vi o que poderia ser pior do que se apresentar no Chacrinha, assim, com ele passando abacaxi na sua cara, você estar cantando uma canção ai solta um rojão, um morteiro, daí eu falei “caramba, o Superstar eu vou tirar de letra”. E o Chacrinha era uma da plataformas dos anos 80 para que as bandas pudessem divulgar o trabalho, e ele ajudava a divulgar. Eu acho que essa fronteira do reality show a gente conseguiu até cruzar, devido à credibilidade de um dos artistas cruzando o meu caminho, eu me considero o líder da Suricato, considero que o que vem pra mim de bom, que vá de bom também para a Suricato. A credibilidade que eles dão ao meu trabalho, conseguir um Grammy Latino, então assim você vai aos poucos tendo um certo tipo de credibilidade que você vai rompendo um pouco a barreira do reality show. Assim que saímos do reality show eu não queria mais tocar nesse assunto, eu sou muito grato a tudo que a gente passou por lá, e ter a televisão ao dispor para poder divulgar o trabalho é uma coisa importantíssima, mas vamos para um próximo assunto, entendeu?…
Como estão as expectativas para o show no primeiro dia do Lollapalooza?
RS: Bom, a gente tá muito animado, muito feliz de participar de um festival tão importante quanto o Lollapalooza, toda banda que se preze tem o sonho de se apresentar no Lolla. E especificamente agora é um momento muito bacana para a Suricato, com uma nova formação e o começo de uma nova relação com um novo repertório que a gente tá muito a fim de testar também no Lollapalooza junto de um estilo novo, então assim parece que a gente está começando tudo de novo.
Assumir o lugar de dois grandes ícones da música brasileira como Cazuza e o Frejat pode ser um peso muito grande, como você encara essa oportunidade desafiadora?
RS: Bom, artisticamente seria muito difícil dizer não para um convite desse de ser um Barão Vermelho um dia, porque eu conversei com o Maurício Barros, que foi quem me fez o convite, e eu usei um jargão que é muito usado aqui nos carnavais e blocos de carnavais aqui do Rio, que é “se organizar direitinho todo mundo transa”. Então desde que eu não abrisse mão da Suricato poderia ser um Barão Vermelho sem problema, mas acho que são duas bandas com apetites completamente distintos; a Suricato quer uma coisa para si e o Barão Vermelho já existe um lugar, já muito cativo para o Barão Vermelho, e a Suricato vem de uma década que é como se você tivesse chegado numa festa e as pessoas já tiverem ido embora, porque ninguém atinge mais um panorama do Paralamas do Sucesso, ou do Barão Vermelho, ou do Kid Abelha, enfim, os artistas que puderam contar com a televisão da década de 80 e 90 para divulgar seus trabalhos, então a gente não sabe se consegue chegar nesse tamanho, é importante ressaltar que não se chega nesse tamanho, não se permanece nesse tamanho sem comprometer a obra artística, então assim pra gente conquistar esse lugar, a gente tem que comprometer muito a nossa obra artística e não é o que eu tenho de planos para a Suricato.
Para finalizar, quais são os planos para o próximo disco?
RS: A gente quer entrar em estúdio no inicio de fevereiro talvez a gente já lance pelo menos algum material novo um pouquinho antes do Lollapalooza, ou um disco ou um ep, enfim o que der tempo de gravar, a gente vai fazer, mas a gente esta bem animado com o repertório, enfim a gente vai testar um repertório novo no Lollapalooza e a partir de junho vindo um pouquinho mais forte com o Barão Vermelho.
O último disco da banda Suricato foi lançado em outubro de 2014 pela gravadora Som Livre, já o Barão Vermelho anuncia a saída de Frejat e a volta aos palcos com a nova formação este ano.
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