Por: Gustavo Franchini

Lendas vivas do heavy metal estavam lá, diante de dezenas de milhares de fãs brasileiros, para uma reunião mais do que aguardada. Os gigantes do Black Sabbath, banda que moldou o estilo de rock pesado que conhecemos hoje, presentearam o mundo com uma turnê que celebra os mais de 40 anos de carreira do conjunto, além do lançamento do álbum 13 (2013), que marca a volta do vocalista da formação original, Ozzy Osbourne. O Madman, como é conhecido, não entrava em estúdio para gravar algo com o Black Sabbath desde o petardo Never Say Die! (1978).
O Megadeth foi a atração convidada para abrir o espetáculo, tarefa esta muito bem executada pelo guitarrista e vocalista Dave Mustaine, que fez o chão tremer com riffs maravilhosos e solos de cair o queixo. Porradas como “Hangar 18”, “Symphony of Destruction” e “Holy Wars… The Punishment Due”, além de “In My Darkest Hour” e “Sweating Bullets”, levantaram o público que não ousou ficar um minuto sem agitar. O thrash metal estava sendo devidamente homenageado com uma das bandas mais importantes do gênero, justificando sua entrada no Big Four. Apesar do setlist curto, o Megadeth demonstrou que precisa voltar ao Brasil o mais breve possível, pois os fãs almejam um setlist completo dos norte-americanos.
Poucos minutos depois, as cortinas se fecham, anunciando o show que estava por vir. A expectativa para a vinda dos britânicos do Black Sabbath ao país era enorme. Muitos já definiram a apresentação como histórica, bem antes do seu início. E parece que estavam certos. Ozzy já brincava com o público antes da cortina se abrir e, para o deleite dos presentes, a clássica “War Pigs” ecoa pelo palco. Começa a noite que todos esperavam! E com maestria.
Chega a ser difícil descrever o que foi a sensação de estar presente em um momento antológico para os fãs de rock. Ver 3 dos 4 membros originais juntos no palco (o baterista Bill Ward não participou da reunião), depois de tantos anos, mas ainda com energia para vibrar com a plateia, mesmo idosos. Ter a oportunidade de ver o mestre, fundador e compositor Tony Iommi, um guitarrista aclamado pelos riffs poderosos, densos e criativos, que estabeleceram o peso no estilo. Somado a isso, o feeling característico em solos que ultrapassam qualquer barreira de técnica, transportando o ouvinte para um mundo paralelo. Geezer Butler, sensacional baixista e dono de um dos maiores acervos de frases marcantes na história do instrumento, devido à criatividade e bom gosto em suas notas, que alia peso e melodia, referência para muitos músicos mundo afora, além de ser um dos principais letristas da banda. O show apenas reafirmou o papel importante de ambos no heavy metal, com performances dignas de aplausos em pé. Iommi, apesar de estar enfrentando problemas sérios de saúde, estava impecável no palco, sem dúvidas a grande estrela da noite.
O vocalista Ozzy Osbourne claramente estava com dificuldades para cantar algumas linhas vocais, mesmo com tons bem abaixo da gravação original, o que soou esquisito em alguns momentos, mas é algo fácil de relevar, considerando a sua inegável animação em todas as músicas, fazendo o público levantar a todo momento (“Cuco!”). Confesso que nunca vi um show com um público tão animado quanto este, grande parte deste feito se deu graças ao frontman que não deixou a peteca cair em hora alguma. O Madman definitivamente sabe como lidar com os fãs!
O baterista Tommy Clufetos realizou um ótimo trabalho, feito este complementado pelo belo solo no meio do show, demonstrando que estava lá de corpo e alma, designado para substituir outra lenda que não estava presente. Afinal, já era aclamado pela sua participação na carreira solo de Ozzy, e foi merecidamente aplaudido durante todo o espetáculo, aprovado pelos milhares de fãs que tomaram conta da Apoteose.
Com poucas músicas do novo álbum, como “End of the Beginning” e “God Is Dead?”, o Black Sabbath optou por esbanjar clássicos dos primeiros álbuns, para a alegria de todos. Monumentos musicais como as espetaculares “Snowblind”, “N.I.B.”, “Iron Man” e “Children of the Grave” fizeram até os jovens de cabelo branco pularem como se fosse o primeiro show da vida deles. Aliás, dava gosto de ver a mistura de idades, pais reunidos com os filhos, avôs com os netos, uma verdadeira lição de história! Momentos bonitos e únicos como esse só são proporcionados por bandas que marcaram a música.
A sensação ao final do show era de um sonho realizado e desejo em ver o retorno da banda ao país, antes que encerrem a sua gloriosa carreira. Uma noite memorável!
SETLIST MEGADETH
1 – Prince of Darkness/Hangar 18
2 – Wake Up Dead
3 – In My Darkest Hour
4 – Sweating Bullets
5 – Kingmaker
6 – Tornado of Souls
7 – She-Wolf
8 – Symphony of Destruction
9 – Peace Sells
BIS
10 – Holy Wars… The Punishment Due
SETLIST BLACK SABBATH
1 – War Pigs
2 – Into the Void
3 – Under the Sun/Every Day Comes and Goes
4 – Snowblind
5 – Age of Reason
6 – Black Sabbath
7 – Behind the Wall of Sleep
8 – N.I.B.
9 – End of the Beginning
10 – Fairies Wear Boots
11 – Rat Salad
12 – Iron Man
13 – God Is Dead?
14 – Dirty Women
15 – Children of the Grave
BIS
16 – Sabbath Bloody Sabbath intro/Paranoid
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