Por: Danielle Barbosa
A banda de metal de Iowa, nos Estados Unidos, trouxe o som pesado de costume à Cidade do Rock.
Era o retorno do Slipknot ao Palco Mundo do Rock in Rio, mais uma vez como atração principal da noite. A expectativa, é claro, era enorme. Em entrevistas prévias ao show, o vocalista Corey Taylor prometia fazer o que pudesse pra transformar a Cidade do Rock em um verdadeiro caos sonoro. De labaredas de fogo no palco ao empenho do cantor em cima do palco para empolgar os jovens. Os fãs de metal, entretanto, sabem o que querem. Não é preciso muitos agrados ou elogios do artista favorito para que estes vibrem. Basta uma apresentação sólida e com as músicas certas. Os anos de experiência e as passagens anteriores da banda pelo país deu ao Slipknot toda segurança para que acertassem em cheio.
O público, no entanto, deixou a desejar. Não em empolgação, pois seria tolice esperar nada menos do que entrega total da “família Slipknot”, como se refere Corey. Mas em número. Foi a noite mais vazia do Rock in Rio dentre as quatro anteriores e é bem provável que esse fato negativo perdure até o fim do evento, uma vez que o sábado e domingo serão marcados por duas noites de divas do pop teen, Rihanna e Katy Perry.
A constatação é feita além do clássico “olho nu”. É claro que causou estranheza a Cidade do Rock respirar um ar livre e a Rock Street ter espaços confortáveis para caminhadas já às 20h, quando o primeiro artista do Palco Mundo já havia se apresentado, a banda latina “De La Tierra”. Mas a comprovação é simples: a área VIP também estava vazia, contrastando com os dias anteriores, nos quais celebridades desfilavam a todo instante e o local ficou extremamente movimentado por veículos de imprensa. O contraponto, porém, vai novamente para a presença de crianças e pré-adolescentes acompanhados de seus pais, que – em muitos casos – foram influenciados pelos filhos a curtir o som pesado dos norte-americanos.
No show, que durou cerca de uma hora e meia, não podia faltar hits como “Psychosocial”, “Vermilion”, “Before I Forget” e “Duality”. Todavia, a ideia da banda era explorar o novo trabalho de estúdio, o disco “.5: The Gray Chapter” (2014), com seis faixas inclusas na setlist: “XIX”, “Sarcastrophe”, “The Devil In I”, “AOV”, “Killpop” e “Custer”. Corey Taylor, assim como seus companheiros, subiu ao palco vestindo um macacão preto e uma máscara extravagante e assustadora, traje característico da banda e que ajuda a criar todo um clima para a performance. O vocalista já foi questionado inúmeras vezes sobre a possibilidade de se apresentar algum dia de “cara limpa”, mas rejeitou a situação, já que o Slipknot é, hoje em dia, um personagem e não faria sentido quebrar este paradigma.
É bem verdade que para quem vê de longe, especialmente aqueles que não curtem o som, parece mais assustador do que na realidade é. As guitarras barulhentas acopladas aos “screamos” de Corey transformam o ambiente em pura insanidade. Grupos enormes de jovens ‘dançavam’ em volta de várias rodinhas que foram formadas no meio da plateia (e que rodinhas!), enquanto alguns amigos jogam os outros para o alto, mas nada que não seja normal para um show de metal. O único problema que registramos, contudo, foi um rapaz que acabou caindo no chão em meio a um mosh-pit, o que gerou um princípio de tumulto, controlado e apaziguado instantes depois.
A banda contribui – e muito também – para a loucura dos jovens. Em dado momento do show, o vocalista instigou a plateia, perguntando se eles haviam sentido falta do Slipknot no país. A resposta? Muitos berros, é claro. “Estão preparados para ficarem loucos conosco?”, concluiu, com mais histeria por parte dos fãs, que cerravam os punhos e batiam palmas no ritmo da bateria. Mas nem só de insanidade é feito um show e com o Slipknot não é diferente, embora os delírios prevaleçam em 90% do show. Houve uma situação, diga-se de passagem, bastante amável. A banda mostrou um lado menos hardcore e puxou um coro de “Feliz aniversário” para o Clown, e jogou para a plateia terminar com o coro de ‘Happy birthday to you’.
Mas ficou só nisso. No restante do tempo, foi metal pesado atrás de sons ainda mais contagiantes, o que ajudou a prender a atenção do público. “Façam barulho para os fãs de heavy metal!”, pediu Corey e foi atendido sem muita dificuldade. “Eles querem colocar nossa música pra baixo, gritem para todos nos verem em todo o mundo.”, seguiu o discurso, mostrando ser – de fato – um dos “embaixadores” do metal e prezar pelo espaço para estas bandas no cenário da música. Como forma de celebrar a noite, ainda que debaixo de fraco chuvisco, veio o ápice: todos abaixaram e, de forma sincronizada, pularam o mais alto que puderam ao ouvir o sinal do vocalista. Insano!
“Vocês não tem ideia do quanto significa para nós estar aqui hoje à noite. É uma honra estar com vocês no Rock in Rio.” Corey Taylor, 25 de setembro de 2015/Rock in Rio.
A honra sempre será nossa, Corey! Voltem sempre!
SETLIST:
XIX
1. Sarcastrophe
2. The Heretic Anthem
3. Psychosocial
4. The Devil in I
5. AOV
6. Vermilion
7. Wait and Bleed
8. Killpop
9. Before I Forget
10. Sulfur
11. Duality
12. Disasterpiece
13. Spit It Out
14. Custer
Bis:
15. People = Shit
16. Surfacing
17. -Funny-
17. ‘Til We Die
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