Por Gustavo Franchini
Depois de adiar a turnê por conta da pandemia, renomeando-a para MMXXII, o time de estrelas Sons of Apollo desembarcou na América Latina, contemplando quatro cidades brasileiras, dentre elas o Rio de Janeiro. Formado por integrantes conhecidos pela impecabilidade musical, o projeto conta com a dupla Mike Portnoy (bateria) e Derek Sherinian (teclado), ambos ex-Dream Theater, além do guitarrista Ron “Bumblefoot” Thal (ex-Guns N’ Roses), Billy Sheehan no baixo (Mr. Big, David Lee Roth e The Winery Dogs) e o vocalista Jeff Scott Soto (ex-Journey, Yngwie Malmsteen’s Rising Force, Talisman). Ou seja, o espetáculo estava garantido!
Apesar de o lendário baixista Billy Sheehan não poder comparecer na turnê sul-americana, sendo substituído pelo brasileiro Felipe Andreoli (Angra), o show praticamente não foi afetado, pois Felipe deu conta do trabalho com muita maestria. Afinal, não à toa é considerado um dos melhores do instrumento na cena, sendo um orgulho para o país!
A noite começou com a abertura da banda Lufeh, que possui membros brasileiros e americanos, realmente uma grata surpresa. Com um som que remete à era de ouro do Rush com uma pegada mais gentil de Incubus e até ritmos levemente tupiniquins, mesmo com músicas autorais recém lançadas, o público os recebeu de maneira calorosa, qualificando o aspecto técnico e original do projeto. Ponto positivo para eles!
Mesmo a chuva não atrapalhou os cariocas (que milagre!) a comparecerem ao show; a casa estava relativamente cheia, considerando as adversidades climáticas, e o que não faltou de maneira alguma foi empolgação da plateia que a todo momento se conectava a cada uma das canções, demonstrando energia já na introdução do tão aguardado quinteto americano, solidificado como Sons of Apollo.
Com dois ábuns lançados, Psychotic Symphony (2017) e MMXX (2020), a banda resolveu fazer um mix dos trabalhos em um setlist bem condensado, diria até curto, mas com muita técnica, feeling e que faz referência à carreira de cada um. Confesso que senti falta de algum “extra” ali, uma surpresa como um possível cover de uma das antigas bandas dos integrantes; acredito que faria a diferença, visto que os fãs ainda estão absorvendo o novo material produzido.
O palco já é aquecido com a paulada progmetal “Goodbye Divinity”, uma canção interessante que resume bem o estilo do Sons of Apollo, ou seja, virtuose com pegada de hard rock e muito peso, características bem evidentes durante todo o espetáculo. Na sequência temos a cadenciada “Fall to Ascend”, que preparou o público, já com o ânimo a todo vapor, pra chegada da paulada mais direta “Signs of the Time”. Com um solo de cair o queixo, é neste momento que percebo o quão exímio Bumblefoot é com as seis cordas. Ou diria doze? Na realidade até mais! O guitarrista utiliza a double neck guitar, ou seja, consiste em um instrumento com dois braços, cada um com sua afinação, número de cordas e até trastes distintos, produzindo timbres interessantes que podem ser alternados rapidamente durante o show. Simplesmente impecável, Bumblefoot demonstra que é muito mais do que apresentou na época que tocou com o Guns N’ Roses.
O momento mais hard rock chega com “Wither to Black”, “Alive” e “Asphyxiation”, todas representando bem a influência de Jeff Scott Soto na composição da banda que, além de ser um dos melhores vocalistas do estilo, ainda tem uma presença de palco maravilhosa. Carismático, não erra uma nota sequer e possui total controle nas melodias vocais em performances ao vivo. Impressionante! Depois da “Lost in Oblivion”, que marca a força da dupla The Del Fulvio Brothers (como são conhecidos os trabalhos em conjunto de Portnoy e Sherinian, já conhecidos pela qualidade absurda nos respectivos instrumentos, o que sinceramente dispensa comentários), e de algumas arriscadas no português, Soto visivelmente emocionado comunica que a próxima música foi dedicada ao baixista David Z (Adrenaline Mob), que faleceu no ano de 2017 em um acidente e, claro, ao seu recém falecido pai, na bela “Desolate July”, uma homenagem especial que celebrou o espírito de cumplicidade entre artista e fã, com o público abraçando a letra em um mar de celulares ligados.
“King of Delusion”, do segundo álbum, vem logo em seguida com uma renovação dos ares sentimentais presentes na apresentação, que continua com “New World Today”, “Figaro’s Whore” e um magnífico solo de teclado, que culmina no fechamento pré-bis, “Coming Home”. Após um breve intervalo, “God of the Sun” fecha a noite de maneira inesquecível!
SETLIST SONS OF APOLLO (RJ):
1 – Goodbye Divinity
2 – Fall to Ascend
3 – Signs of the Time
4 – Wither to Black
5 – Alive
6 – Asphyxiation
7 – Lost in Oblivion
8 – Desolate July
9 – King of Delusion
10 – New World Today
11 – Figaro’s Whore
12 – Solo de teclado
13 – Coming Home
BIS
14 – God of the Sun
GALERIA DE FOTOS (SONS OF APOLLO/ RJ):
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