Symphony X: Mestres do prog metal em mais uma noite espetacular no RJ

Por: Gustavo Franchini
Foto: Bre Helvetia/Universodorock
Foto: Bre Helvetia/Universodorock

Show do Symphony X é como comida na casa da avó; garantia de fartura e qualidade. Em turnê pelo mundo todo, com passagem também pelo Brasil, para promover o mais recente (e excelente – rimou -, por sinal) Underworld, lançado ano passado, os “mestres do prog metal” americano deram um show à parte, o que não é nenhuma novidade. A cada apresentação só surpreendem os fãs antigos e novos, em uma sequência de belezas rítmicas, harmônicas, estruturais, regidas por um frontman que dispensa comentários.

O histórico Circo Voador, lotado de cariocas ávidos por música de bom gosto, foi o palco da vez, o que traz um clima mais intimista ao encontro. Sim, um encontro no qual tudo dá certo: o ambiente (casa de espetáculo) é propício, com o clima certo, a comida (show em si) demora um pouquinho pra sair, mas quando sai, é uma delícia. O beijo (sinergia entre fãs e banda) rola com a sincronia perfeita, sem mais nem menos, apenas o essencial para simbolizar que aquele momento se eternizou. E que momento!

Com o novo álbum tocado na íntegra, o setlist não fez muito a alegria dos antigos fãs, que já sabiam das músicas que seriam tocadas há bastante tempo, visto que se repetiu em todos os shows em outros países também, só trocando uma ou outra música (dos álbuns anteriores). Mesmo assim, considerando o estonteante trabalho em Underworld, que tem como tema central a obra-prima “A Divina Comédia”, do poeta italiano Dante Alighieri, mais especificamente a parte “Inferno”, além da mitologia grega de Orfeu no Submundo, não havia o que reclamar, pois apenas renovava o carinho do público com a banda. Apesar de o álbum não ser conceitual, há uma clara fluidez entre as faixas, cada uma com sua própria identidade, nos remetendo ao clássico The Divine Wings of Tragedy (1997), sendo coeso do início ao fim da audição, o que pode ser visto claramente ao vivo.

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Além do mais, esse show celebra a presença da linda “Out of the Ashes”, música esta tocada pela primeira vez em terras brasileiras, depois de mais de 20 anos de carreira do Symphony X, o que enlouqueceu a todos da plateia (incluindo o que vos digita). Como não poderia faltar, lá estava o hit “Sea of Lies”, com o refrão sendo cantado em uníssono, quase como um coro. Somado a essa “belezura”, o instrumental “The Death of Balance/Lacrymosa”, do sensacional V: The New Mythology Suite (2000), e “Set the World on Fire (The Lie of Lies)”, do Paradise Lost (2007), fechando o repertório de outros álbuns. Infelizmente, mesmo com os pedidos alucinados e frequentes dos fãs para tocarem a fenomenal “Evolution (The Grand Design)”, também do V, a banda não parecia muito inclinada a atender e, pelo jeito, fica para a próxima vez. Mas tudo bem, nada que tire o sorriso de todos, que se estampou durante a noite inteira!

O “maravilhososíssimo” (sim, criei esse adjetivo por falta de um existente que os caracterize com ainda mais ênfase) quinteto, encabeçado pelo monstro compositor/guitarrista Michael Romeo, nos apresenta uma performance impecável. A cozinha é tão impressionante que chega a ser difícil destacar um ou outro integrante, visto que tecnicamente são perfeitos. E aí você vem e pergunta: “Mas e o feeling?”. Ah, meu/minha amigo(a), isso eles tem de sobra, um dos muitos motivos de serem respeitados no mundo do prog metal. Completando a cozinha, temos nada mais, nada menos, do que Michael Pinnella nos teclados e Michael LePond no baixo. Uau! E esse pequeno gigante nas baquetas? Jason Rullo, um dos maiores bateristas do mundo, sem sombra de dúvidas.

Até separei um parágrafo inteiro só pra falar do Sir Russell Allen. Difícil de expressar o sentimento de vê-lo cantar. Simplesmente não há defeitos, não tem o que criticar, a única pergunta que fica no ar é: Como isso é possível? Seus quase 45 anos de idade só provaram que verdadeiros vocalistas são como vinho… Só melhoram com os anos. Não desafinou em nenhum momento. Não evitou nenhuma nota alta e de extrema dificuldade (e eram muitas). Não parou de interagir com o público por um minuto sequer, com um ótimo senso de humor. Presença de palco com direito à interpretações teatrais (sim, não esqueci das máscaras). Em algumas músicas chegou até a cantar uma oitava acima, a soltar uns agudos com tons mais altos. Em outras, a agressividade se coloca na medida certa, com um drive surreal, que nos remete ao lendário Dio (grande influência para ele, que inclusive o citou antes de tocar “Legend”), um verdadeiro showman, digno de constantes aplausos. É realmente uma bênção ter a honra de ouvir/assistir o mestre Allen, já consolidado como um dos maiores vocais do gênero.

Foto: Bre Helvetia/Universodorock
Foto: Bre Helvetia/Universodorock

Vamos aguardar o lançamento de um DVD (tão requisitado por todos) e, claro, a próxima turnê da banda pelo país. Que não esperem um novo álbum de estúdio para o fazerem, pois se depender dos fãs, é sempre certeza de casa lotada. “Let the gods sing my song”!

SETLIST :
1 – Overture/Nevermore
2 – Underworld
3 – Kiss of Fire
4 – Without You
5 – Charon
6 – To Hell and Back
7 – In My Darkest Hour
8 – Run With the Devil
9 – Swan Song
10 – The Death of Balance/ Lacrymosa
11 – Out of the Ashes
12 –  Sea of Lies
BIS
13 – Set the World on Fire (The Lie of Lies)
14 – Legend

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