Symphony X presenteia público curitibano com grandiosidade e simpatia em show impecável

A banda de metal progressivo faz retorno à capital paranaense após 8 anos

Por Vic Heloise


Os curitibanos que se deslocaram ao Tork N’ Roll na noite fria do último domingo (28) tiveram a certeza que fizeram uma boa escolha: a performance do Symphony X foi poderosa, nostálgica e valeu cada centavo.

O público, primeiramente, recebeu Luiz Toffoli, projeto do guitarrista curitibano que dá nome ao grupo, e que tem como principais referências Dream Theater, Angra e o próprio Symphony X.

Acompanhado do vocalista Cassio Marcos, do baterista Pedro Tinelo, do tecladista Léu Carvalho e do baixista Marcos Janowitz, a banda se mostrou firme e pronta para alavancar um projeto autoral intenso. Com hits do álbum lançado em 2023, “Enigma Garden”, Luiz Toffoli tem uma qualidade técnica impressionante na guitarra, com solos bem elaborados e sonoridade complexa bem como o metal progressivo pede.

Infelizmente, apesar da banda estar visivelmente bem preparada e animada, não teve tanta atenção do público quanto deveria. A pista e a pista premium estavam relativamente vazias e só foram enchendo gradativamente a medida que o show se aproximava do fim. LO grupo, inclusive, começou o espetáculo 10 minutos mais cedo para tocar mais canções do seu repertório, uma atitude muito louvável da produção em valorizar a cena local.

Apesar de pouco público, o vocalista Cassio soube muito bem interagir com fãs e entusiastas que se surpreenderam com sua presença de palco e qualidade vocal. De agudos a graves, Cassio tirou de letra o repertório que exige um preparo cuidadoso.

Luiz Toffoli tem um futuro promissor à frente, e com certeza seus esforços – que incluem até crownfunding para ajudar no financiamento das turnês – vão gerar bons frutos em um futuro próximo. Basta agora que os próprios metaleiros tenham receptividade para um novo grupo do metal nacional.


Depois dos nossos brasileiros aquecerem o público, a vez agora é de uma das maiores bandas do metal progressivo subirem ao palco. Com a casa lotada e começando pontualmente às 21h, Mike Le Pond e Michael Romeo se posicionam, e são ovacionados pelos fãs. Logo atrás, Michael Pinnella e Jason Rullo completam o time de instrumentistas de alta qualidade, e que são muito admirados por músicos do mundo todo.

Russell Allen aparece nas primeiras linhas vocais de “Iconoclast” (Iconoclast, 2011), uma épica e excelente música para iniciar um show recheado de sucessos. O vocalista – com seu icônico óculos prateado e vocal rasgado – pode parecer um tanto quanto “rígido” em princípio, mas logo se descobre seus sorrisos para o público e uma clara gratidão por estar realizando o último show da turnê brasileira.

Seguindo com o single “Nevermore”, o público vai à loucura e canta com muito gosto o refrão da canção de abertura do álbum Underworld. O início do espetáculo teria uma pedrada atrás da outra: “Inferno (Unleash the Fire)” marcaria a única presença do álbum The Odyssey, e “Serpent’s Kiss” (Paradise Lost, 2007) viria logo depois para manter os ânimos nas alturas.

A todo momento podemos ver o principal compositor da banda, o grandioso Michael Romeo, concentrado em sua guitarra com uma precisão impressionante e uma rapidez inigualável. Do outro lado, Mike LePond portando seu Crocs preto deixa seu baixo num volume tão evidente a ponto de preencher cada centímetro do Tork N’ Roll.


“Acalmando” um pouco os ânimos, a bola da vez é a emocionante “Without You”, balada do álbum Underworld que conta com quase 5 milhões de reproduções do Spotify. E não é para menos: esse foi o ponto alto da noite, com direito a Russell Allen pedindo para o público dar “um pouco de amor” para cada membro da banda conforme ele foi os apresentando.

Mantendo Underworld como principal rédea do show, “To Hell And Back” viria a seguir como uma celebração para a banda. Russell pergunta como o público está, distribui sorrisos por onde anda e até cumprimenta o segurança. O vocalista comenta com bom humor – e com um copo que parece ser whiskey nas mãos: “Para vocês é domingo, mas para a gente é sexta-feira, porque este é o último show da turnê brasileira. Vocês têm que estar felizes por estarem aqui”.

E o público estava. Especialmente com o que estava por vir: “Evolution (The Grand Design)”, única música do álbum V: The New Mythology Suite da noite, eletrificou os fãs que prontamente sacaram seus telefones para recordar esse clássico. Voltando para Underworld, “Run With The Devil” promoveu mais um momento de apresentação da banda e um interlúdio cheio de energia do público. Allen até desafiou os curitibanos, alegando que o público paulista estava gritando muito mais ao seu comando.

O desafio foi aceito e o público caprichou. Tork N’ Roll ficou preenchido pela gritaria dos fãs que fizeram o seu melhor para impressionar o Symphony X. E os gritos vieram a calhar: “Set the World on Fire (The Lie of Lies)”, uma das músicas mais tocadas pela banda, viria logo depois. Entre olhos atentos e tentativas de cantar a linha vocal poderosa de Allen, os admiradores da banda puderam presenciar um ícone do metal em sua melhor forma.

Depois de uma breve pausa, Michael Pinnella retorna para o palco com um solo de teclado perfeito para abrir a próxima canção: “Paradise Lost”. Mais uma balada que mostra como uma música bem trabalhada pode emocionar com cada instrumento.

Para o fim, uma dobradinha do álbum The Divine Wings of Tragedy: “Out Of The Ashes” e “Of Sins and Shadows” encerram a noite. O setlist foi com apenas 12 músicas deu um gostinho de quero mais, especialmente porque alguns clássicos ficaram de fora. Entre gritos de Symphony X e súplicas para tocarem a música “Sea Of Lies”, o metal progressivo desliga seu som, se despede, e prepara seu retorno, como prometido pelo vocalista Russell Allen.


Veja galeria de fotos do show (Symphony X/ Curitiba):


Veja galeria de fotos do show de abertura (Luiz Toffoli/ Curitiba):



Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*