The Cranberries promove um emocionante retorno ao passado na “Cidade Maravilhosa”

Por: Juliana Guimarães

Foto: Paulo Cassio/Universodorock
Foto: Paulo Cassio/Universodorock

A noite de quinta-feira (28/01), certamente ficará marcada na memória de muitos que estiveram presentes no Citibank Hall, no Rio de Janeiro. O grupo irlandês The Cranberries apresentou-se pela primeira vez no Brasil e levou os fãs ao delírio com sucessos como “Linger”, “Ode to my family”, “Dreams” e “Zombie”, entre outras. A voz marcante de Dolores O’Riordan e sua impagável performance no palco deram o tom à apresentação.

A banda não se apresentava ao vivo desde 2003, mesmo sem ter oficializado a separação – Dolores afirma que se tratou de uma pequena pausa para cada um cuidar de sua vida –. Os integrantes se reencontraram em 2009 em uma Universidade de Dublin, onde se apresentaram. Foi então que perceberam que sentiam falta de estar reunidos enquanto banda, e decidiram voltar à ativa. Fazendo jus ao momento do Cranberries, a turnê ganhou o nome de Reunion Tour, que conta com a formação original: Dolores O”Riordan (vocal), Noel Hogan (guitarra), Mike Hogan (baixo) e Fergal Lawler (baterista), além do guitarrista e tecladista Denny DeMarchi, que participou do CD solo de O’Riordan.

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Com um atraso quase imperceptível, de apenas dez minutos, o grupo abriu o show discretamente com How, do álbum de estreia da banda. Em seguida, Dolores iniciou um diálogo com os fãs que, por sua vez, respondiam aos comentários da vocalista com manifestações calorosas. Emocionada, O’Riordan pediu desculpas em nome do grupo pela demora em se apresentar no Brasil e justificou a longa pausa tomada pela banda, além de ter contado as histórias por trás de suas composições.

Em seguida, a banda emendou com Animal Instinct, para logo após apresentar uma das músicas mais conhecidas da banda, Linger. O hit foi ovacionado já nos primeiros acordes. “Sei que cada um deve ter uma memória diferente desta música”, destacou a líder do Cranberries. A banda tocou ainda canções da carreira solo de O’Riordan, como Ordinary Day, Switch off the moment e the Journey.

Embalado por uma acalorada e numerosa plateia – a casa de shows estava lotada, restando algum espaço livre apenas no setor VIP -, o Cranberries demonstrou total entrosamento, mesmo com o longo período de pausa. A cumplicidade entre Dolores e os outros integrantes da banda era visível. A cantora interagia a todo instante com os irmãos Noel e Michel Hogan e com Fergal Lawler.

A energia e inquietude de Dolores O’Riordan, mãe de quatro filhos, também surpreendeu e contagiou os fãs, que iam ao delírio com a performance da vocalista. Corria de uma extremidade a outra do palco, pulava e fazia danças um tanto quanto peculiares, já bem conhecidas por seus fãs. A líder ainda tocou violão e guitarra em algumas músicas.

O show continuou com Wanted, seguida de You And Me – dedicada a seu primeiro filho – e Dreaming My Dreams. Dolores agradecia e elogiava o público a todo instante. “É bonito, não é? É lindo!”, dizia. Posteriormente, tocaram When You’re Gone. Durante a execução da música, era visivelmente perceptível a emoção da plateia.

Daffodil Lament foi uma surpresa para o público, já que não quase fora tocada em turnês anteriores. Em seguida veio I Can’t Be With You, acompanhada de um coro bem sincronizado do público, e Pretty, dedicada por Dolores a todas as mulheres presentes na casa de shows.

O’Riordan conversou com a platéia sobre seus filhos, para então dar início à emocionante Ode To My Family, mais um dos grandes sucessos da banda. Cantou agachada boa parte da música, cumprimentando os fãs. A plateia cantou em coro, incentivada por Dolores. “Sing it!”, ordenou a vocalista, prontamente atendida pelos fãs. Mães e filhas e casais de namorados cantando abraçados, sob uma atmosfera emocionante. Durante a música, Dolores desceu do palco e passou por entre os fãs, que mal podiam acreditar no que acontecia.

A libertadora Free To Decide animou o público, que gesticulava energicamente seguindo o ritmo e clima da música, que mais parecia um mantra pela liberdade. Outros sucessos, como Waltzing Back, marcaram presença na apresentação da banda, além das empolgantes Salvation e Ridiculous Thoughts, que animaram um público ávido por experimentar ao vivo o que, por tanto tempo, puderam curtir apenas por meio de CDs. Um dos pontos altos do show foi quando a banda tocou Zombie, música de protesto contra os conflitos presentes no país nas últimas décadas. O’Riordan aproveitou o momento e pediu paz.

Depois de uma pausa, The Cranberries retornou com Empty, que de vazia não teve nada. A música foi cantada com bastante paixão por Dolores, e contou com Noel no violão, acompanhados por uma plateia entorpecida e emocionada. A banda ainda surpreendeu o público ao tocar Promises, música muito solicitada durante o show, mas que não fazia parte do set list apresentado na turnê em outros países. A programação incluía Lunatic, mais uma música de trabalho do álbum solo de O’Riordan.

A vocalista do Cranberries não poupou agradecimentos e elogios ao público e à Cidade Maravilhosa. “Vocês são lindos!”, ela repetia. “Preciso voltar mais frequentemente!”, afirmou, fazendo ainda uma recomendação: “Cuidem-se!”. O carinho pelo Brasil pôde ser notado em diversos detalhes, como em um ursinho com um coração verde bordado “Brasil” em amarelo, preso à bateria de Lawler. Algumas serpentinas foram arremessadas pelo público, e serviram de acessório para a performance exótica da vocalista durante Dreams, uma das músicas mais esperadas, e que fecharia o show em grande estilo.

Set list:

01. How
02. Animal Instinct
03. Linger
04. Ordinary Day
05. Wanted
06. You And Me
07. Dreaming My Dreams
08. When You”re Gone
09. Daffodil Lament
10. I Can”t Be With You
11. Pretty
12. Ode To My Family
13. Free To Decide
14. Waltzing Back
15. Switch Off The Moment
16. Salvation
17. Ridiculous Thoughts
18. Zombie
19. Empty
20. The Journey
21. Promises
22. Dreams

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