In Flames entregou show com peso e muita energia para o público paulista

Por Pedro Viana

Foto: Andréia Takaishi

O In Flames pegou a todos de surpresa com o anúncio de sua vinda ao Brasil, que ocorreu poucos meses antes do espetáculo de fato. Diferente de 2017, a banda faria uma única data e obviamente (padrão já adotado em todas as turnês) já se tinha o conhecimento de que a cidade a ser contemplada seria São Paulo. No caso, o show rolou no dia 09 (quinta-feira) no Tokio Marine Hall com a abertura de uma banda brasileira.

Os paulistanos da Kryour iniciaram no palco às 19h45 com um som de P.A matador e presença avassaladora. A banda trouxe um death metal, por vezes melódico, melancólico e contemplativo, ainda que na mesma medida também empolgante, com fortes influências tanto old school, quanto mais atuais. Em meio a um estilo que parece tão óbvio aos que já acompanharam o mesmo ao longo dos anos, conseguiram fazer um show que fugiu do óbvio, respeitando o clássico e abraçando o moderno. Destaque para a maravilhosa “Why Should I Know?”, certamente o ponto alto do show.

Por volta das 21h10, com um pequeno atraso, o In Flames inicia seu espetáculo com a intro de seu último disco Foregone, “The Beginning Of All Things That Will End”, o que já arranca coros, gritos e muitas palmas do público que ansiosamente aguardava a entrada do quinteto. Na sequência, a potente “The Great Deceiver” chega com uma dose cavalar de adrenalina jogada ao público e mostra um In Flames bastante empolgado e também se sentindo à vontade em cima do palco. O som impecável faz com que seja um deleite ver os suecos, que pareciam ter disposição para a longa noite que aguardava a todos.

Eles já emendam com dois clássicos, “Pinball Map” e “Everything’s Gone”, mantendo a energia do público em alta e é somente ao final desta sequência que Anders Fridén finalmente se dirige ao público, dizendo que amanhã todos acordarão e lembrarão que este foi um bom show. Na sequência, a clássica “Ordinary Story”, diretamente do álbum Colony, deixa os fãs mais antigos da banda repletos de sorriso e empolgação. “Deliver Us” mantém a energia do show em alto e bom tom, mas com levadas mais cadenciadas, o que deixa o fã com espaço para descansar um pouco depois dos quatro ‘socos na cara’ anteriores.

Foto: Andréia Takaishi

Logo após, temos mais clássicos em um bloco bem old school, com “Behind Space”, “Graveland” e “The Hive”. O palco, mais baixo do que de costume em casas deste porte, dava uma impressão de uma conexão ainda mais próxima entre os fãs e os suecos. Diferente de outras apresentações de diversas bandas nos últimos tempos, em momento algum foi possível observar uma queda na empolgação ou conexão entre ambos.

Se por um lado, parecia impossível deixar este show mais empolgante, os suecos quebram esta impressão com “Cloud Connected”, “Only For The Weak” e “The Quiet Place”, levando o Tokyo Marine Hall à êxtase. Anders, Bjorn, Chris, Liam e Tanner cada vez mais soltos, esbanjavam felicidade a todo instante. O público constantemente bradava em alto som ‘ole ole ole ole In Flames In Flames’ e Anders, bastante carismático, dançava enquanto pareciam não se cansar de saudar a banda com gosto.

As mais recentes, “Foregone Pt.1” e “State Of Slow Decay”, parecem reduzir um pouco aquela euforia que já durava onze músicas seguidas, e ali o público encontra espaço para descansar e degustar destas belíssimas faixas do último álbum do quinteto. Vale ressaltar a presença de Chris Broderick, que parece finalmente ter encontrado seu porto seguro em meio a tantas bandas que já teve a honra de dividir palco. Com o sorriso de um jovem que conseguiu o emprego dos sonhos e a felicidade de alguém que está rodando o mundo fazendo o que ama, era notável o quanto a banda está fazendo bem para a sua carreira e também para sua realização pessoal. E sobre sua performance, bom, quem conhece o trabalho do mesmo sabe que é desde sempre impecável.

“Alias” abre o bloco final e, como já é de praxe nas apresentações da banda, se você vai ao show, esta é a hora de ficar rouco. Seu emocionante refrão, marca a memória de todos os presentes e já começa a deixar aquele misto de nostalgia com saudade que costuma sempre embalar encerramentos e despedidas. Mas antes que a emoção, ou memórias do passado, abalem a felicidade do fã, “The Mirrors Truth” vem para acordar com bastante headbanging e circle pits. 

Foto: Andréia Takaishi

É chegada a hora de apresentar a banda e o público responde com gritos eufóricos de ‘Anders Anders Anders Anders’, deixando o vocalista tímido e extremamente grato por estar ali. Antes que se esfrie, os suecos presenteiam a todos com a marcante “I Am Above”, cantada em uníssono e recebida de braços abertos. 

Para o grand finale, a esmagadora “Take This Life” mostra o auge do show, onde qualquer energia restante de banda e público são drenadas no mais puro suco do death metal melódico, executado com maestria, precisão e em meio a muita alegria e sorrisos.

Já é mais do que sabido que qualquer show do In Flames é um misto de sensações muito positivas e revigorantes. Diferente de outras bandas do estilo, que nos deixam esgotados e cansados em seus shows, o carisma das melodias de guitarra de Bjorn e Chris, bem como o peso da cozinha de Tanner e Liam somado a voz potente de Anders, nos transportam para um universo onde a vibe presente é empolgante como uma montanha russa, mas também feliz e carismática como o sorriso de alguém que acabou de encontrar quem ama. É um death metal não só melódico, mas também enérgico, que nos reabastece de felicidade revigorante. Todo show do In Flames o fã sai querendo mais, querendo o próximo, sorrindo pra tudo e todos. A pergunta que não quer calar: quando eles voltam?


Veja galeria de fotos do show (In Flames/ SP):



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