Texto e Edição: Gustavo Franchini

Foto: Paty Sigiliano
Sempre um sucesso toda vez que pisa em terras brasileiras, a cantora e pianista norte-americana Norah Jones, detentora de diversos prêmios internacionais de relevância como o Grammy e constantemente no topo das paradas da Billboard, além de milhões de vendas em discos de muita qualidade na mistura saudável dos gêneros pop/jazz/folk/country, no final do mês de maio se apresentou em três cidades aqui no país, Rio de Janeiro (27), Curitiba (29) e São Paulo (31 – no Popload Festival). Reunindo um público que lotou todas as casas, demonstrando carinho e reciprocidade a todo momento, o que nós tivemos a oportunidade de ver na cidade maravilhosa foi um verdadeiro espetáculo.
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É a segunda vez que Norah presenteia os fãs cariocas com o ar de sua graça (veja aqui fotos do outro show em 2019) e, exatamente como rolou da última vez, a plateia compareceu em peso para conferir a nova turnê que promove o álbum Visions (2024), que curiosamente foi contemplado quase que na íntegra; sendo executadas 10 das 12 músicas presentes no disco. Ao lado do produtor Leon Michels, que divide com ela a assinatura da maioria das composições, tal lançamento rendeu mais um Grammy para Norah e durante o show percebemos exatamente o por quê.
A abertura ficou por conta da ótima “What Am I To You?”, que assim como “Sunrise”, fazem parte de Feels Like Home (2004). O setlist permeou poucas canções de outros álbuns da artista, como Little Broken Hearts (2012), o de estreia Come Away With Me (2002) e The Fall (2009), esses dois últimos só tiveram a presença de uma canção, no caso respectivamente a homônima (que empolgou a todos) e “Chasing Pirates”. Teve espaço para covers de impacto como “Les Fleurs” (Minnie Riperton), que contou com o competente saxofonista Kazemde George, que também participou da mais atual “Swept Up in the Night”, de maneira mais sutil. Aliás, competência é o que a banda de apoio de Norah tem de sobra, pois chega a impressionar cada um dos instrumentos e vozes extras que construíram a estrutura harmônica beirando a perfeição.
Alternando entre gritos de ‘Norah, I Love You’ e ‘Linda’, o público foi bastante respeitoso durante a apresentação com clima mais intimista, todos sentados e só se levantando próximo ao bis, algo bonito de se ver. O curioso era ver que em alguns trechos, quando a canção reduzia o ritmo e tinha o mínimo de intervalo, a maioria dos presentes aplaudia como se já tivesse sido finalizada, quando na realidade foi apenas um interlude para encerrar logo após, tendo então uma segunda salva de palmas, desta vez mais enérgica. Definitivamente isso não mudou em nada a alegria estampada no rosto de Norah com todo o amor que recebia dos brasileiros.

Foto: Paty Sigiliano
Aliás, vale ressaltar que a musicalidade de Norah, ao percorrer diversos estilos, de fato é bem versátil ao explorar melodias e diferentes sonoridades, o que naturalmente a leva a tocar outros instrumentos além do piano. Contudo, acho que a partir do momento em que ela assumiu a guitarra elétrica para certas canções, talvez não tenha se encaixado tão bem, já que a questão técnica no instrumento, apesar dos arranjos mais simples, afetou um pouco o resultado final, algo que nunca acontecia no piano, por exemplo. É importante que os artistas entendam as suas limitações e que, caso tenham vontade de aprofundar o ‘tocar’ em um novo instrumento, que seja feito com plenitude para não se tornar menos do que poderia ser. Não que tenha afetado a performance como um todo, principalmente pela voz sempre ser o principal (e que foi maravilhosa do começo ao fim), mas é um ponto a ser observado, considerando que já havia uma guitarrista profissional no palco. Claro, essa brincadeira extra é muito comum em shows de música pop, mas chamou a atenção dos mais detalhistas e músicos de plantão.
Destaque vai para canções como “Queen of the Sea” e “Happy Pills”, que mostram dois lados bem distintos de Norah, ambas com muito bom gosto. No bis, duas versões famosas na voz dela, “Long Way Home” (Tom Waits) e, como não poderia deixar de ser, o encerramento com o hit “Don’t Know Why” (Jesse Harris & The Ferdinandos), que foi cantada em uníssono pelo público. Simpatia, carisma e reciprocidade são os três pilares que representam o que é ter a honra de estar em um show da Norah Jones, no qual a palavra ‘diva’ resume com mérito a estrela da noite. Agora nos resta aguardar qual será o próximo capítulo de sua carreira e se o Brasil fará novamente parte de um dos parágrafos da nova turnê!
Nossos agradecimentos a todos os responsáveis por tornarem o evento possível e, em especial, para a Midiorama e Move Concerts pela parceria, confiança e credibilidade dada mais uma vez à equipe do Universo do Rock.
Veja a galeria de fotos do show (Norah Jones/ RJ):














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