Por Danielle Barbosa
Em noite de baladas mais românticas, o peso das guitarras do Alter Bridge falou alto.
Formado em 2004, o Alter Bridge é a fusão de três ex-integrantes do Creed com Myles Kennedy, que participou das turnês de carreira solo de Slash, do Guns N’ Roses. Mark Tremonti (guitarra), Scott Phillips (bateria) e Brian Marshall (baixo) são membros da formação original do Creed – que está em hiato desde 2012 -, ao lado de Scott Stapp. Por conta da recente trajetória do Alter Bridge enquanto banda por si, desvinculando-se dos ex-projetos de seus integrantes, não dava pra saber o que esperar mesmo da primeira vez dos músicos no Brasil. A única certeza, desde o princípio, foi que a data escolhida para a performance do quarteto não era a mais adequada: em um dia com Tears For Fears e Bon Jovi?! O lineup da última sexta, 22, tinha toda uma pegada romântica, o que atraiu muitos casais, e uma vibe mais leve na sonoridade – algo que, definitivamente, não é a onda do Alter Bridge. A decisão mais acertada, talvez, fosse colocá-los no dia seguinte, ao lado de Guns e The Who. Ainda que muitas pessoas não conhecessem tanta coisa, o som agradaria e instigaria mais. Até porque a relação de Myles e Slash poderia pesar a seu favor.
A responsabilidade de pisar no Palco Mundo era grande, é verdade. Mas a experiência de quem já lançou cinco álbuns de estúdio em 14 anos de estrada e esteve presente nos principais festivais ao redor do mundo davam base para que a banda liderada por Kennedy e Tremonti apresentassem uma performance acima da média e sólida. Em termos de som, foi a mais pesada da noite, sem dúvidas. Em São Paulo, o Alter Bridge tocou ao lado de The Who e The Cult, então o público que estava presente era mais condizente, o que facilmente coloca a apresentação na capital paulista com pontos à frente, onde a sinergia e sintonia entre artistas x multidão teve mais momentos de pico.
A ideia do grupo era de pesar a mão mesmo. Tanto “Watch Over You” quanto “In Loving Memory” seriam uma quebra de ritmo grande e dá pra entender o porquê de terem ficado de fora da lista, já que são canções mais suaves. “Broken Wings”, não consigo encontrar uma explicação lógica. A única coisa que dá pra afirmar é que o set repetiu músicas que vinham sendo tocadas em apresentações anteriores e passeou por todos os discos já gravados por eles. Das 10 músicas, uma foi do novo álbum, “The Last Hero”, lançado em 2016: “My Champion”; uma do “AB III”, de 2010: “Isolation”; duas do “One Day Remains”, de 2004: “Metalingus” e “Open Your Eyes”; três do “Blackbird”, de 2007: “Blackbird”, “Come To Life” e “Rise Today”; e três do “Fortress”, de 2013: “Addicted to Pain”, “Cry of Achilles” e “Waters Rising”. A potência foi tanta que os riffs de “Addicted to Pain”, segunda música da noite, podiam ser ouvidos da roda gigante – e para quem não conhece bem a geografia do espaço onde foi realizado o Rock in Rio, é uma distância relativamente grande.
Um fato curioso foi contado por Myles já na parte final do show. O músico, ao agradecer a experiência da banda no festival – a descrevendo como “linda” -, mencionou que ficou doente dias antes das apresentações no Brasil e que eles quase não conseguiram vir por conta da severa temporada de furacões que afetou os Estados Unidos no mês de setembro. “Espero que vocês tenham gostado!”, resumiu ao se despedir, e foi aplaudido pela multidão.
O primeiro contato e impressão do Alter Bridge conosco, certamente, foram bastante positivos e os credencia para voltar com uma turnê própria, com um público-alvo e em um espaço mais adequado para o som deles.
Setlist:
1. Come To Life
2. Addicted to Pain
3. Cry of Achilles
4. My Champion
5. Waters Rising
6. Isolation
7. Blackbird – trecho de “Blackbird” dos Beatles na intro
8. Open Your Eyes
9. Metalingus
10. Rise Today
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