Com muita ação e maior duração, Kingsman: O Círculo Dourado traz novidades à franquia

Por: Flavia Carvalho

A continuação da franquia Kingsman começa logo após os acontecimentos do primeiro filme. O filme mostra Eggsy (Taron Egerton) lidando com a nova rotina, dividindo-se entre sua vida pessoal e seus deveres como um kingsman. No início, vemos um Eggsy mais classudo e um pouco metido (afinal não é todo dia que se salva o mundo de um vilão megalomaníaco). O personagem precisa agora lidar com o luto enquanto enfrenta novos desafios.

O primeiro ato é intenso e fúnebre. Percebemos que não importa quantas vezes o mundo é salvo, sempre haverá uma nova ameaça. Em contrapartida, o segundo ato traz mais piadas (muitas funcionam bem) e referências (reparem nas ambientações), o que já era de se esperar, tratando-se de uma franquia que homenageia os filmes clássicos de espionagem. Ah, e por falar em referências, algumas aparecem quando Elton John está em cena. Sim, o cantor faz uma participação divertida no filme e é o responsável por uma piada/referência ao primeiro filme que é bem engraçada. O único problema é que algumas piadas ficam um pouco repetitivas e a aparição do cantor torna-se meio forçada.

O elenco é uma das novidades da franquia, agora, não se trata apenas da Kingsman, mas também da Statesman, organização americana à qual eles recorrem depois de sofrer um atentado contra a mansão dos agentes. A Statesman é uma organização tal qual a Kingsman, mas que, em vez de ter uma alfaiataria como fachada, tem uma destilaria de uísque. Diferentemente dos codinomes dos agentes da Kingsman, que fazem referência aos Cavaleiros da Távola Redonda, aqui a referência é mais direta à destilaria, afinal somos apresentados ao agente Champagne (Jeff Bridges), líder da organização que conta também com o agente Tequila (Channing Tatum), o agente Whiskey (Pedro Pascal) e a diretora Ginger (Halle Berry).

Com exceção do agente Whiskey, que é uma das gratas surpresas do elenco, os novatos não são tão desenvolvidos quanto aparentam nos trailers, sabemos pouco sobre eles, talvez isso signifique que pode haver uma continuação, o que seria bem interessante, mas não tira a frustração de querer ver mais sobre os Statesman. A sensação que fica é que com ou sem alguns desses personagens, o filme seria o mesmo. Uma das maiores frustrações é em relação ao papel do agente Tequila, que é apresentado de maneira superdivertida e que nos faz querer conhecer mais sobre o personagem, mas acaba tendo pouquíssimo tempo em cena.

O longa também traz a volta do agente Galahad, o Harry Hart (Colin Firth) e isso foi uma das surpresas do primeiro trailer e fez com que todos se perguntassem como aquilo era possível, mas calma, o filme explica (e convence) de forma satisfatória o que aconteceu. Por falar nisso, vemos um lado mais “humano” e menos “espião” do personagem, o que é bem interessante e ajuda a formar um arco digno para o agente. Outro personagem que tem o lado mais humano explorado no filme é o agente Merlin (Mark Strong) que entrega uma atuação impecável e emocionante.

Se por um lado, somos apresentados aos novos mocinhos, por outro, conhecemos a vilã Poppy Adams (Juliane Moore), CEO da organização criminosa Círculo Dourado. Poppy mora numa “ilha” só dela, que ela chama carinhosamente de Poppyland, e que dispõe de cinema, salão de beleza, lanchonete, entre outros, tudo ambientado nos anos 1950, mas com um ar futurístico, com robôs que servem para tudo, inclusive como empregadas e cães de estimação. À primeira vista, a vilã tem jeito doce e um ar delicado de mocinha, mas não demora muito para conhecermos a crueldade da personagem e a forma como isso é apresentado é, no mínimo, bizarra. Poppy tem como capanga é o ex candidato a Kingsman Charlie Hesketh (Edward Holcroft), que volta cheio de sede de vingança (e um braço biônico).

A direção é de Matthew Vaughn (que também dirigiu Kick-Ass e X-men First Class, além do primeiro filme da franquia). O diretor é bom em cenas de ação e deixa isso bem claro aqui. Logo no início do filme, nos deparamos com uma daquelas cenas de perseguição e pancadaria digna de 007. O longa contou com um orçamento maior e isso é perceptível, principalmente nas cenas de ação, que por sua vez são, visualmente, muito bonitas e bem coreografadas. Ao longo do filme, vemos alguns acessórios/dispositivos já conhecidos do público e outros novos.

O problema aqui é que, se por um lado temos mais ação, por outro parece que o filme é basicamente isso. Com muitas cenas exageradas e pouco críveis. Em alguns momentos, temos a sensação de estar assistindo a um filme puramente de quadrinhos, sem espaços para o charme que vimos no primeiro Kingsman. Apesar da maior quantidade de cenas de ação, não houve uma tão memorável quanto a polêmica cena da igreja no primeiro filme. Kingsman: O Círculo Dourado é menos charmoso e mais exagerado que seu antecessor.

O segundo filme da franquia tem maior duração, são pouco mais de 2:20 minutos de filme, o que pode tornar a experiência um pouco cansativa. Apesar de alguns problemas de ritmo (o segundo ato é um pouco arrastado), Kingsman: O Círculo Dourado cumpre o objetivo de divertir e apresentar novas histórias.

Kingsman: O Círculo Dourado estreia dia 28 de setembro nos cinemas brasileiros.

 

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