Incubus entrega show maduro, recheado de grandes hits e chama atenção do público

Por: Danielle Barbosa
Foto: Ana Clara/UDR

O quinteto abusou da experiência para compor set interessante até mesmo para aqueles que estavam indiferentes à apresentação.

Em uma noite com The Who e Guns N’ Roses como os grandes headliners, era certo de que o público – em sua maioria esmagadora – estaria ali em função de um deles – ou de ambos. Por isso, a tarefa do Incubus no último sábado, 23, não foi nada fácil. Primeiro, abrir um show do The Who ou do Guns é uma grande responsabilidade para qualquer banda, por mais experiente que esta seja. O agravante para os californianos foi eles terem sido escalados justamente na penúltima noite do festival. Talvez se estivessem no domingo, 24, ao lado de Red Hot Chili Peppers, tivessem uma recepção mais calorosa e gentil. Não que o público tenha sido rude com os músicos – longe disso -, mas a quantidade de pessoas que sequer sabiam da existência de Brandon Boyd e cia foi até certo ponto assustador, afinal de contas, o Incubus é um grupo com mais de 25 anos de estrada, oito álbuns de estúdio e uma série de hits na bagagem. Definitivamente, o lineup não favoreceu os artistas.

Partindo dessa premissa, o jogo poderia estar perdido logo de cara e eles passariam despercebidos, como certamente era o que muitos ali previam. Mas não foi o que aconteceu de fato. O que a banda realmente fez foi entregar uma apresentação madura e sem se intimidar de estar frente a frente com amantes de uma sonoridade um pouco diferente da que eles produzem, que é uma nova abordagem – mais moderna e alternativa – ao rock n’ roll, com influências que vão do funk ao grunge.

Com cerca de dez minutos de atraso por conta da animada performance de Cee Lo Green no Palco Sunset, Brandon Boyd (vocais), Mike Einziger (guitarra), Ben Kenney (baixo), Jose Pasillas (bateria) e DJ Chris Kilmore (turntables/piano) subiram ao palco com uma trinca que dava a impressão de que o show seria monótono e um fracasso, o que era temido por todos. Não pela potência ou qualidade musical, mas sim por duas das três músicas serem do novo álbum de estúdio, “8”, lançado em abril deste ano. A terceira, “Circles”, apesar de já ter um pouco mais de rodagem – é do álbum “Morning View” (2001) –, não é um hit. Até então, nenhum grande sucesso havia sido apresentado e a plateia estava – quase em sua totalidade – completamente alheia e sem dar importância pro que acontecia no palco.

Foto: Ana Clara/UDR

Coube aos músicos mudar esse panorama, usando da maturidade de serem veteranos de festivais e guardando o melhor para o momento certo. Foi uma estratégia bastante inteligente – se for analisar – começar com três músicas menos populares. No começo de um show em um festival, exceto para os headliners, geralmente as pessoas ainda estão se movimentando, procurando o lugar que irão ficar durante a apresentação e há a troca de público de interesse no show. Usar um hit logo de cara poderia surtir um efeito bacana, mas seria um trunfo a menos para prender a atenção da multidão até o final.

“Oi! Rioooooo!”, gritou o bastante expressivo vocalista do Incubus, Brandon Boyd. A partir daí, foi hit após hit, fazendo com que muitos – se não todos, grande parte – comemorassem e cantassem junto. “Anna Molly” e “Wish You Were Here” levantaram o astral do público, com direito ao refrão de WYWH ter um belo coro de vozes de apoio e um pequeno trecho de “Wish You Were Here”, do Pink Floyd, na sequência. Foi aí que a banda ganhou respeito da multidão e mostrou que não foi convidada para o Rock in Rio à toa. Sabiam como conquistar espaço e cativar um público que definitivamente não era seu.

O frontman, no auge de seus 41 anos, é bastante ativo, demonstrou ótima forma física, amplitude vocal e se entregou do início ao fim – literalmente suou a camisa para entregar um show quase perfeito tecnicamente. O timbre de Brandon, inclusive, é marcante e é possível reconhecer de longe – para os que acompanham o trabalho, é claro! – que é ele que está no palco, mesmo sem um suporte visual. Os gritos, jogadas de cabelo, rodopios e presença do cantor são um diferencial inegável do Incubus, já que os holofotes vão todos para si e ele dá conta do recado de ser um ‘performer’ de respeito!

Foto: Ana Clara/UDR

“Love Hurts” e “Drive” foram as únicas baladas no repertório que a banda apresentou no Rock in  Rio 2017. Com vocais mais suaves, mas letras fortes e impactantes, os refrões pegaram o público de vez, causando a boa impressão que o Incubus queria deixar ao sair do palco. O trecho “Whatever tomorrow brings, I’ll be there”, de Drive, foi jogado pra galera, que não fez feio e proporcionou mais um belo coro em uníssono. A missão da banda já estava feita e o que viesse daí seria lucro. Mas o melhor é sempre pra fechar, né?! “Nice to Know You”, “Stellar” e “Megalomaniac” foram a catarse do Incubus no festival. Canções pesadas e marcas registradas da carreira da banda, energizaram e transformaram a atmosfera em jogo ganho para eles. O saldo? Mais positivo do que qualquer um pudesse apostar. Eles entraram no Palco Mundo como o ‘patinho feio’ da noite, pelo qual ninguém dava nada, e foi na expertise, coesão e solidez do trabalho, além da autoconfiança do grupo, que eles deixaram o Rio com muitos elogios da crítica e aplausos dos fãs de Guns e The Who.

“Tenham uma noite linda. Muito obrigado por nos receber!”, agradeceu cordialmente Brandon Boyd ao se despedir, com um sorriso no rosto e a visível sensação de dever cumprido.

Nota da redatora:

Por ter apenas uma hora para se apresentar, o  set foi bem curto e deixou de fora clássicos como “Dig” e “Promises, Promises”, bastante pedidas nas redes sociais. Uma pena!

Setlist:
1. Glitterbomb
2. Circles
3. Nimble Bastard
4. Anna Molly
5. Wish You Were Here / trecho de Wish You Were Here, Pink Floyd
6. Love Hurts
7. Pardon Me
8. Drive
9. Nice to Know You
10. No Fun
11. Stellar
12. Megalomaniac
13. Warning


VEJA A GALERIA DE FOTOS DO SHOW:

(Fotos: Ana Clara/UDR)

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