Por Danielle Barbosa
Lendário músico britânico mesclou hits de sua carreira solo com algumas pitadas do bom e velho Black Sabbath;
o guitarrista Zakk Wylde foi uma das atrações da noite.
Ozzy Osbourne. Só o nome já impõe respeito. Como começar um texto que permeia a história do heavy metal sem mencionar um dos maiores nomes do gênero musical? O último domingo, 20, foi a última vez que o músico se apresentou no Brasil com sua turnê de despedida, intitulada “The Farewell Tour” ou “No More Tours II”, já que ambos os nomes foram divulgados. Vale lembrar que em dezembro de 2016, Ozzy havia dado seu adeus com a última turnê com o Black Sabbath e, no Rio, o show aconteceu na Praça da Apoteose para grande público. Em maio de 2018, foi a vez de aposentar-se até da carreira solo e o show, que antes seria igualmente no Sambódromo, foi transferido para a Jeunesse Arena, na Barra da Tijuca, reflexo dos problemas de vendas nos recentes shows na capital fluminense.
Questões de vendagem e crise financeira à partes, mais de dez mil pessoas compareceram ao show, quase lotando a arena e, mais importante de tudo, dando tudo de si para o espetáculo ficar bonito de se ver e emocionar o cantor, afinal de contas, 50 anos de carreira definitivamente não é pra qualquer um. O Príncipe das Trevas, por sua vez, trouxe o que de melhor tinha para essa turnê: painéis de LED e um arsenal de equipamentos de iluminação de respeito, fazendo o espetáculo ser realmente sensorial e audiovisual. O primor e refinamento com que toda a produção foi feita, dando atenção aos mínimos detalhes, parecia se tratar de um show de pop e não de heavy metal. Isso porque os grandes investimentos em cenografia e palco tendem a ser da indústria do pop e não do metal. Ponto positivaço a favor de Ozzy, que soube combinar uma sonzeira digna de quem é considerado o Pai do Metal com um palco de dar ‘inveja’ em muito artista.
Outro fator que Ozzy merece nota dez é na pontualidade. Assim como estava marcado, o músico de 69 anos iniciou a turnê do fim na Jeunesse Arena às 20h30, nem um minuto a mais, ao som de “Bark at the Moon”. Antes de Ozzy e sua banda adentrarem o palco, no entanto, o telão ao fundo fez um passeio pelos momentos de destaque da carreira do inglês de Aston, dando ênfase para sua liderança extremamente bem sucedida à frente do Black Sabbath nos anos 70, configurando o grupo como um dos grandes influenciadores do heavy metal.
No quesito interação com os fãs, Ozzy também é diferenciado. Ainda que o vocalista não se movimente tanto pelas laterais do stage e se concentre em um único ponto focal – em frente ao microfone – grande parte do tempo, o roqueiro veterano sabe cativar seu público com gestos de carinho e agradecimento ao fim de cada música. Como um bom britânico, Ozzy opta pela interação mais visual e diálogos mais sucintos e direto ao ponto.
“Como vocês estão se sentindo hoje à noite?”, disse, já quase na metade do show, quando seis das quatorze músicas do set haviam sido executadas: “Bark at the Moon”, “Mr. Crowley”, “I Don’t Know”, “Fairies Wear Boots”, clássico do Black Sabbath e cantada em uníssono pelos fãs, “Suicide Solution” e “No More Tears”. A resposta do público foi afirmativa, ensandecida e com muito ímpeto. Estava tudo maravilhoso! Afinal, tudo o que um bom roqueiro gosta tinha ali. Boa música, boa bebida, bom espaço e um baita artista se apresentando bem frente aos seus olhos. Será que poderia melhorar?
A resposta é SIM, podia melhorar e MUITO. Ao lado de Ozzy, uma banda de estrelas. Adam Wakeman, nos teclados (seu pai é nada mais nada menos que Rick Wakeman), Rob Nicholson no baixo, Tommy Clufetos na bateria e, na guitarra, o icônico Zakk Wylde, que atualmente trabalha com carreira solo sob nome artístico de Zakk Sabbath e participa da poderosa banda de rock Black Label Society, a qual o norte-americano de Nova Jérsei fundou no fim dos anos 90.
Logo após a insana apresentação de “War Pigs”, com uma bela dose de guitarras e público batendo cabeça, foi a vez de Ozzy respirar e deixar que seus músicos (e amigos) brilhassem um pouco. O medley das faixas “Miracle Man” / “Crazy Babies” / “Desire” / “Perry Mason” teve a participação honrosa dos solos de Zakk Wylde, simplesmente um dos mais célebres guitarristas da atualidade. Mostrando total desenvoltura com o instrumento, o artista de 51 anos fez o que, para muitos, parece impossível com sua guitarra. Para ele, é só mais um típico dia de rock n’ roll. Não bastasse a amplitude que as notas da guitarra super estilosa de Zakk atingiam, o músico demonstrou completo carisma ao descer do palco e percorrer toda área do pit, meio que cumprimentando os fãs, enquanto ‘solava’ com a guitarra nas costas. De impressionar até o mais cético dos públicos.
Setlist:
1. Bark at the Moon
2. Mr. Crowley
3. I Don’t Know
4. Fairies Wear Boots (Black Sabbath)
5. Suicide Solution
6. No More Tears
7. Road to Nowhere
8. War Pigs (Black Sabbath)
9. Miracle Man / Crazy Babies / Desire / Perry Mason
(Medley instrumental + Zakk Wylde solo)
Drum Solo
10. Shot in the Dark
11. I Don’t Want to Change the World
12. Crazy Train
Bis:
13. Mama, I’m Coming Home
14. Paranoid (Black Sabbath)
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