Foto: Erika Machado
No próximo dia 9 de novembro de 2024, o poeta, letrista e multiartista piauiense Torquato Neto (1944-1972) faria 80 anos. A partir de Belo Horizonte, o autor recebe da cantora Patrícia Ahmaral, homenagem simbólica, com gravação e lançamento em single, da faixa “Cajuína”, a icônica canção de Caetano Veloso, composta depois de uma visita do músico ao pai de Torquato, Heli da Rocha Nunes, alguns anos após a morte do poeta.
O projeto chega já está nas plataformas digitais trazendo duas colaborações pra lá de especiais: produção musical de John Ulhoa e feat de Fernanda Takai.
Patrícia comenta sobre a faixa: “Embora os versos de Cajuína retratem o momento do encontro de Caetano Veloso com o Sr. Heli, em Teresina, terra natal de Torquato, a letra nos conecta com a passagem breve e marcante de Torquato entre nós. E traz talvez uma metáfora da dualidade, a fragilidade e a força que marcaram sua vida: ´… apenas a matéria vida era tão fina/´. Achei que seria uma homenagem bonita, na sequência do songbook que lancei em 2023 com as suas parcerias (confira: https://linktr.ee/patricia_canta_torqua_duplo), e na perspectiva do octogenário.
Além de assinar a produção musical do single, John Ulhoa executa todos os instrumentos. O arranjo traz uma atmosfera poética, delicada e dramática ao mesmo tempo, no diálogo entre instrumentos tocados e efeitos eletrônicos, sem abrir mão das belezas melódica e harmônica originais da canção. Com dois especiais instrumentais incluídos, a letra da música é cantada duas vezes, uma por Patrícia e outra por Fernanda Takai. Ao final da música, elas dialogam com palavras chave do poema.
“A colaboração do John e da Fernanda na faixa é cheia de sentidos muito simbólicos pra mim”, explica Patrícia. “São dois artistas da minha geração que admiro demais, e que são linkados aos territórios mais inventivos da cena! E isso tem tudo a ver com Torquato Neto. Tanto John, na produção, quanto Fernanda, cantando, deslocam e criam um contexto muito especial para a canção! Sem falar que foi uma honra pra mim, tê-los junto no projeto!”
LANÇAMENTO SINGLE “CAJUÍNA”:
Faixa: Cajuína (Caetano Veloso)
Data de lançamento: 07/11, a partir da 00h, em todas as plataformas digitais.
Ficha Técnica single:
Artista: Patrícia Ahmaral
Feat: Fernanda Takai (artista gentilmente cedida pela Deck)
Produção musical, contrabaixo, guitarra, teclados, respiração, programações: John Ulhoa
Gravado, mixado e masterizado por John Ulhoa, no estúdio 128 Japs (BH)
Arte gráfica capa: Andrea Pedro
Foto capa: Marlon de Paula
Distribuição digital: Tratore
O SHOW TORQUATO 80
Já no show “Torquato 80”, dias 13 e 19 de novembro, no Atelier Artístico Casa da Voz, em BH, Patrícia leva para o palco pela primeira vez o repertório do álbum “Patrícia Ahmaral Canta Torquato Neto – Um Poeta Desfolha A Bandeira (1) & A Coisa Mais Linda Que Existe (2)”, projeto celebrado dentro da música brasileira, como o primeiro songbook de gravações dedicadas ao cancioneiro do autor. Com 19 faixas e divulgado nas plataformas em dezembro de 2023, o álbum duplo contou com direção artística do cantor e compositor Zeca Baleiro e produção musical do multi-instrumentista e produtor Rogério Delayon (BH) e da dupla de produtores Marion Lemonnier (Houfleur – FR) e Walter Costa (Niterói).
No show com ela, Rogério Delayon (cordas e direção musical) e Débora Costa (percussão eletrônica). A direção cênica é do ator, diretor e cantor Marcelo Veronez, que também faz participação.
Vendas antecipadas, pelo Sympla: R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia):
SOBRE PATRÍCIA AHMARAL
A cantora desenvolveu sua carreira a partir dos anos 1990, em efervescente cena cultural belo-horizontina. Artista reconhecida dentro da música produzida a partir de Minas Gerais, participou de projetos importante no país, como “Prata Da Casa” (Sesc Pompeia), “Novo Canto” (RJ), “Bem Brasil” (TV Cultura – SP) e, “Conexão Vivo” (MG e capitais no país), entre outros.
Com cinco álbuns lançados até o momento, dedica-se atualmente à divulgação de seu trabalho mais acalentado, um álbum duplo que gravou, reunindo as parcerias musicais do poeta e multiartista piauiense TORQUATO NETO (1944-1972), projeto inédito na música brasileira. O tributo contou com a direção artística do compositor ZECA BALEIRO e produção musical do multiinstrumentista ROGÉRIO DELAYON (Belo Horizonte) e da dupla de produtores MARION LEMONNER (Honfleur-FR) e WALTER COSTA (Petrópolis) e participações especiais da BANDA DE PAU E CORDA, de CHICO CÉSAR, JARDS MACALÉ, MAURÍCIO PEREIRA E TONHO PENHASCO, NÁ OZZETTI, PAULINHO MOSKA e ZECA BALEIRO. Com o trabalho, venceu o “PRÊMIO FLÁVIO HENRIQUE – 2024’, do BDMG Cultural, na categoria Intérprete.
Seus álbuns anteriores são “Ah!” (1999), produzido por ZECA BALEIRO,“Vitrola Alquimista” (2004), produzido por RENATO VILLAÇA e “Superpoder” (2011), produzido por FERNANDO NUNES. Em 2021, após um período sem cantar e gravar, retoma a carreira e lança o álbum “Ah!Vivo!” registro do show celebratório do tempo de carreira discográfica, realizado no Grande Teatro Cine Theatro Brasil Vallourec, em 2019.
Em seus primeiros discos, ela celebra com paixão a obra de compositores como SÉRGIO SAMPAIO, WALTER FRANCO, RAUL SEIXAS, ALCEU VALENÇA, os associando a nomes da cena independente, como MATHILDA KÓVAK, SUELY MESQUITA, KALIC, LUIÍS CAPUCHO, EDVALDO SANTANA e a compositores expoentes de sua geração, como FERNANDA TAKAI, ZECA BALEIRO, VANDER LEE e CHICO CÉSAR. Gravou releituras inspiradas para clássicos, como “Não Creio Em Mais Nada” (Totó) e “A Volta Do Boêmio” (Adelino Moreira).
Entre seus trabalhos de maior visibilidade, destaque para a abertura da NOVELA “Xica Da Silva”, o tema “Xica Rainha”, e “Quenda” tema do personagem principal, na trilha de MARCUS VIANA para a trama (Rede Manchete).
Através de festivais e de seus projetos pessoais, já cantou ao lado de nomes como RITA BENEDITO, OTTO, VANDER LEE, TONINHO HORTA, PAULINHO MOSKA, TITANE, NÁ OZZETTI, CHICO CÉSAR, MAURÍCIO PEREIRA, entre outros.
Patrícia é também compositora e prepara álbum com canções suas e em parcerias, para 2025, através de projeto contemplado pela Lei Paulo Gustavo – editais Minas Gerais.
É formada em canto lírico pela UFMG e, paralelamente ao canto popular, tem atuações como solista em óperas e concertos.
Para histórico completo: https://patriciaahmaral.com.br/
https://www.instagram.com/patriciapereiraamaral
SOBRE TORQUATO NETO
O poeta, letrista, jornalista, cineasta e ator Torquato Neto nasceu em 1944, em Teresina (PI). Após seu aniversário de 28 anos, cometeu suicídio, na madrugada de 10 de novembro de 1972, abrindo o gás no banheiro do apartamento onde morava, no Rio de Janeiro, cidade para onde se transferiu em 1962. Parceiro e amigo de Gilberto Gil, de Caetano Veloso, de Jards Macalé, amigo do artista plástico Hélio Oiticica, interlocutor do poeta Décio Pignatari, do cineasta Ivan Cardoso e de outros nomes expoentes, foi defensor das artes de vanguarda como o cinema marginal e a poesia concreta e um dos principais mentores da Tropicália, segundo atesta Gilberto Gil: Ele, Capinam e Caetano formavam um tripé. Torquato figura na capa do álbum manifesto Tropicália Ou Panis Et Circensis e assina duas das faixas, Geléia Geral, com Gil e Mamãe Coragem, com Caetano.
Entre 1967 e 1972, escreveu colunas culturais, dentre elas, a mais famosa, Geléia Geral, que manteve por alguns meses entre 1971 e 1972, no Jornal Última Hora, inaugurando um estilo singular, numa impressionante crônica sobre a revolução que acontecia na música e nas artes nacionais naquele período. Torquato deixou um legado breve, fragmentário e plural, em jornalismo, poesia, cinema e composições, cada vez mais reverenciado em teses acadêmicas, documentários e compilações. Segundo o poeta e pesquisador Marcelo Dolabela (1957 – 2020), “Torquato Neto é um dos poucos que se inserem no seletíssimo grupo de artistas que, após a morte, tiveram mais obras lançadas do que quando em vida. Está ao lado de Carlos Drummond de Andrade, Paulo Leminski e Vinícius de Morais”. Em 2023, as obras de Torquato foram declaradas “Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil” pela Câmara dos Deputados. O ano de 2024 trará os 80 anos de nascimento do artista.
Site Torquato Neto: https://www.torquatoneto.com.br/
Referências:
Gilberto Gil em Torquato Neto – o vôo de fogo do poeta terminal, Tarik de Souza, 1984:
(Torquato) foi uma das pessoas mais influentes no sentido do levantamento ideológico da postura tropicalista. Ele, Capinam e Caetano formavam um tripé (…).
Cláudio Portella, no prefácio de Melhores Poemas, 2018:
Conforme (afirma) José Miguel Wisnik, ele é o primeiro a unificar a densidade entre a poesia escrita e a cantada.
Paulo Leminski, em Folha De São Paulo, Folhetim, 7/11/1982:
Torquato marca uma mudança radical, um salto quantitativo, na história disso que se chama, na falta de termo melhor, poesia brasileira. Poesia que, hoje, não apenas se lê nos livros, mas se escuta nas canções, nos discos, nos rádios, na TV, na vida, enfim. Torquato tem muito que ver com isso (…) Porque, com Torquato, começa a existir essa estranha estirpe de poetas: os letristas.
Tom Zé fala sobre Torquato Neto
Gilberto Gil fala sobre Torquato Neto
Documento Especial׃ Torquato Neto, O Anjo Torto da Tropicália Ivan Cardoso, 1992 Parte 1 de 2
Ouça o único registro da voz de Torquato Neto, áudio recuperado em 2014 pelo radialista Vanderlei Malta, que o entrevistou no festival da Record de 1968.
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