The Kooks exalta indie rock britânico em show preciso no RJ

Por: Danielle Barbosa
Foto: Ana Clara Carvalho/Universodorock
Foto: Ana Clara Carvalho/Universodorock

Empolgação, sintonia e emoção são as palavras que descrevem a apresentação de Luke Pritchard e cia. no Rio.

Na última quinta-feira (27), o Metropolitan foi o palco escolhido pelo The Kooks, banda de britpop/indie, para o retorno à Cidade Maravilhosa. A última passagem de Luke Pritchard (vocais e guitarra), Hugh Harris (guitarra e teclados), Peter Denton (baixo) e Alexis Nuñez (bateria) pelo Brasil havia sido em 2015, em show exclusivo no festival de música Lollapalooza, em São Paulo. Os fãs do Rio, que ficaram de fora da ‘tour’ no ano passado, não tinham tido a oportunidade – até então – de assistir ao vivo a apresentação do quarteto com a turnê do álbum “Listen” (2014). Isso, é claro, gerou uma grande expectativa.

Para a abertura, a banda Folks – natural do Rio de Janeiro – foi a convidada dos britânicos para os shows nas duas capitais. O The Kooks fez questão de, pessoalmente, escolher quem deveria passar pelo palco antes deles dentre uma lista de grupos enviados pelos produtores da casa. Nada mais justo, afinal os rapazes da Folks já estão na estrada há mais de 10 anos e valorizam a cena do rock independente com um som bem sólido e letras cativantes – o que os faz ter um dos álbuns mais baixados na plataforma do iTunes e serem reconhecidos dentro do meio underground.

Em trinta minutos de apresentação, as canções mais populares dos cariocas como “Sei”, “Até o Mundo Cair”, “Carol” e o principal hit, “Muito Som”, foram executados com muita energia e sincronia entre os membros. Já no fim, a satisfação de cada um deles por estar tocando em uma casa de renome e antes de uma banda conceituada no cenário da música ficou evidente, especialmente pelas palmas e coros no refrão de “Muito Som”.

Foto: Ana Clara Carvalho/Universodorock
Foto: Ana Clara Carvalho/Universodorock

Da simpatia à sutil “marra” britânica
O The Kooks, formado em Brighton no ano de 2004, já lançou quatro álbuns de estúdio – “Inside In/Inside Out” (2006), “Konk” (2008), “Junk of the Heart” (2011) e “Listen” (2014) – e foi duas vezes o grupo vencedor na categoria “Revelação”, em 2006. Mas ainda assim, a banda não é das mais populares no ‘mainstream’ e o público que geralmente consome os discos e músicas do quarteto britânico é bem fiel e aderente ao movimento indie, inclusive no visual.

Com lendas como os Beatles, Rolling Stones e Bob Dylan dentre os principais influenciadores, o som alternativo e potente do The Kooks não poderia ser ruim. Algumas músicas, como “Sway”, iniciam mais ‘mornas’ e explodem completamente nos refrões. Outras, como “Seaside”, mantêm o ritmo lento até o fim e – ao invés de causarem tédio – entram na lista daquelas que são “difíceis de não chorar” ao ouvir. Toda essa variedade no repertório faz com que os músicos possam alternar e ir dos momentos mais comoventes aos mais explosivos em questão de minutos.

No Rio de Janeiro, o roteiro seguiu como em São Paulo. Pontuais, o grupo de indie rock da costa sul da Inglaterra abriu com a agitada “Eddie’s Gun” e já emendou direto na clássica “Always Where I Need to Be”. O público, predominantemente feminino, foi à loucura e não conteve os berros histéricos. Os coros de “do do do do” da segunda canção colocaram todo mundo pra dançar, como se as áreas de chão e camarote fossem pistas de dança. “Vocês são tão lindos”, repete Luke ao fim de quase todas as músicas da setlist.

Foto: Ana Clara Carvalho/Universodorock
Foto: Ana Clara Carvalho/Universodorock

Se a intenção era agradar a plateia, o tiro foi certeiro. A cada música, as pessoas estavam mais encantadas e apaixonadas pelo charmoso sotaque e simpatia do cantor. “Que fofo!”, ouviam-se muitas meninas dizendo várias vezes. Mas Luke não seria um britânico legítimo se não adicionasse uma pequena dose de “marra” em sua postura. Em canções menos conhecidas, como “See the World”, poucos fizeram coro ao lado do vocalista, que demonstrou um sarcasmo e leve mau humor ao apontar com os dedos para aqueles que o estavam seguindo e pedir “Mais alto, mais alto!”

Mas a animada “Oh La” veio e a adesão do público foi grande novamente, para a alegria de Luke Pritchard. Não dá pra dizer que o frontman do The Kooks não tenta trazer a plateia para participar do show, sempre puxando palmas, coros de “yeah”, “oooh” e com elogios um tanto quanto desconcertantes. “Olha pra essas moças lindas”, disse em certo momento. “Vocês sabem nossas canções melhor do que eu”, exagerou em um tom divertido. Sem contar, é claro, do divertido “obrigado” cheio de sotaque e, segundo a ala feminina, “fofo”.

A apresentação seguiu com a energia lá em cima até o momento “voz e violão” da noite. Em “Seaside”, Luke teve um momento íntimo com os fãs. A canção – curta, porém relaxante – foi acompanhada por projeções de luz que se espalharam pelo ambiente, enquanto o timbre gostoso e suave do músico preenchia o coração e marejava os olhos das jovens. A balada, do álbum de estreia do The Kooks, “Inside In/Inside Out”, foi sem dúvidas aquele instante em que toda banda usa como artifício para baixar os ânimos do público para que, logo em seguida, detonem no palco.

Foto: Ana Clara Carvalho/Universodorock
Foto: Ana Clara Carvalho/Universodorock

E foi isso que aconteceu. Sem muitas pausas até o bis, a sequência teve as populares “Westside”, “She Moves In Her Own Way”, “Sway” e “Bad Habit”, todas fortemente aplaudidas e seguidas pelos fãs. Os solos de guitarra e baixo, usados sem exageros, compunham os intervalos entre uma canção e outra. O frontman do The Kooks também não deixa a desejar em entrega e presença de palco. Até uns pulinhos e batidas de pé durante o refrão de “Sway” fizeram parte de sua desenvoltura corporal, demonstrando a identificação do cantor com o trecho.

Em “Bad Habit”, principal hit do álbum “Listen” (2014), os coros de “oh oh oh” deram o tom do single. O local não estava com lotação máxima, mas estava bem cheio – especialmente a pista comum. O clima de êxtase com a canção foi integral, com contagiantes gritos e vozes em uníssono do público – tão altas quanto a de Luke nos refrões -, o que pôs um sorriso no rosto de todos os membros da banda. Mesmo após o fim da música, o emblemático “oh oh oh” perdurou, como se fosse um pedido para que os artistas voltassem para o palco. Sem ter como negar o que acabara de acontecer, o vocalista apenas aplaudiu a todos e conduziu o restante da setlist com muito entusiasmo.

O show encerrou de maneira inesquecível, tanto pro The Kooks como pros fãs. Em “Junk of the Heart (Happy)”, o ritmo festivo da canção fez com que esta fosse uma das mais dançantes e animadas da noite. “Por favor, nos recebam de novo, voltaremos a qualquer momento. Nós amamos vocês, essa é a nossa última música.”, introduziu o britânico à música mais aclamada e aguardada – “Naïve”-, que encerrou com chave de ouro a apresentação – com uma casa inteira cantando a plenos pulmões o refrão e surpreendendo os músicos.

Antes de deixar o palco, Luke agradeceu aos fãs brasileiros por sempre serem tão receptivos e novamente os elogiou. Ele também não esqueceu de agradecer a presença da banda Folks, os quais descreveu como “os mais bem vestidos”.

Se depender dos fãs, eles estarão de volta logo logo!

 SETLIST:
1.    Eddie’s Gun
2.    Always Where I Need to Be
3.    See the World
4.    Ooh La
5.    Down
6.    Backstabber
7.    Around Town
8.    Gap
9.    Seaside
10.    See the Sun
11.    Tick of Time
12.    Taking Pictures of You
13.    Westside
14.    She Moves in Her Own Way
15.    Sway
16.    Bad Habit
17.    Matchbox
18.    Sofa Song
BIS:
19.    Forgive & Forget
20.    Junk of the Heart (Happy)
21.    Naïve


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