Manowar celebra carreira com show empolgante dedicado aos fãs em São Paulo

Show contou com repertório que misturou clássicos com músicas de álbuns mais recentes, agradando o público de modo geral

Por Gustavo Franchini

Foto: Jake Owens/ Magic Circle Entertainment

Depois de exatos oito anos de espera por uma nova oportunidade para ver os “reis do metal”, como é conhecido pelos fãs, os nova iorquinos do Manowar celebram sua longa carreira de 40 anos com a turnê mundial Crushing the Enemies of Metal e, desta vez, finalmente passaram pelo Brasil presenteando São Paulo com única apresentação por aqui (23 de setembro), no Espaço Unimed, casa esta que ficou praticamente lotada com guerreiros e guerreiras do metal verdadeiro!

Contando ainda com dois dos membros fundadores e principal força motriz da banda, o baixista Joey DeMaio e o vocalista Eric Adams, além dos recentemente recrutados Michael Angelo Batio (guitarra) e Dave Chedrick (bateria), ambos bastante técnicos, somada a uma produção de palco nos moldes do que vinham fazendo em outros países, o show tinha tudo para ser memorável. E foi! Em especial, para os fãs da fase oitentista, que puderam presenciar músicas raramente vistas ao vivo em terras tupiniquins.

Após uma introdução muito bem vinda com “March of the Heroes Into Valhalla”, o quarteto entra com força total e esmaga o martelo da música verdadeira com a clássica “Manowar”; seu refrão cantado a plenos pulmões pelo público. Logo em seguida, sem pausa, o prenúncio de uma noite especial que estava por vir chega solidificado com “Kings of Metal” emendada com “Fighting the World”, músicas dos álbuns homônimos da fase oitentista da banda, algo que os fãs há muito pediam (e finalmente conseguiram). A grande surpresa veio com “Holy War”, canção que raramente aparece em apresentações da banda.

Como já era de se esperar, canções da fase mais atual marcariam presença no show, como “Immortal”, “Screams of Blood” e, até da fase de virada do século com as que abraçam os fãs em suas letras, “Call to Arms” e “Warriors of the World United”, esta última que contou com a participação de membros brasileiros de sua banda tributo oficial, a Kings of Steel, o vocalista Cleber Krichinak e, inclusive, dois ex-integrantes do próprio Manowar, o guitarrista EV Martel e o baterista Marcus Castellani. Que demonstração de respeito pela história da banda com os fãs brazucas!

Foto: Jake Owens/ Magic Circle Entertainment

Um detalhe do espetáculo não poderia passar em branco: a performance do vocalista Eric Adams, que desde o início de sua carreira, simplesmente nunca deixou de ser um excelente frontman e cantor de primeiríssima qualidade. Aos 71 anos de idade, o senhor de armadura e cabelos longos demonstra que quem nasceu com talento para cantar, vai morrer cantando como um pássaro. Chega a ser impressionante como, mesmo com canções em tom abaixo da gravação original, Adams canta como se fossem linhas fáceis, de maneira potente, enérgica, sem errar uma nota, sem fugir de nenhum agudo, com drive fenomenal, ainda mais considerando o desgaste natural das cordas vocais de um ser humano. É algo impressionante! Que honra ter o prazer de presenciar tal momento único.

Aliás, acho que uma ótima demonstração de sua qualidade e versatilidade vocal se resume em “Heart of Steel”, balada que mistura elementos representativos do som da banda, em conjunto com a espetacular “Hail and Kill”, provavelmente o auge da noite, que botou os ‘manowarriors’ pra pular, chorar, se abraçar e deixar bem claro o quanto cada minuto valia a pena. E, como se não bastasse, mais uma vez Eric Adams dá aula de vocal em “King of Kings” e especialmente no refrão de “The Power”, que assusta até jovens cantores profissionais, quiçá a maioria da atualidade.

Apesar dos momentos que poderiam ser encurtados, ou seja, as presepadas nos discursos, solos intermináveis em duelos de baixo/guitarra (com direito a interromper no meio e voltar do início por “falhas técnicas”, vulgo “vamos demonstrar pro público que nos importamos”) e até mesmo vídeos de homenagem a um membro brasileiro da equipe que fez aniversário no dia, isso tudo faz parte de um show do Manowar e todos sabem disso. E tá tudo bem, mesmo com algumas músicas deixadas de lado de três dos quatro primeiros álbuns de estúdio, como o sensacional Hail to England (1984), ainda assim foi de longe o melhor setlist desde o lendário festival Monsters of Rock de 1998 que, por sinal, Joey DeMaio pediu aos fãs (em português) para garantirem sua presença na próxima edição. Se considerar a diversão que proporcionaram, com certeza já tem seu lugar como headliners!

Encerrando no bis com a dobradinha “Battle Hymn”, o hit máximo da banda, e a speed “Black Wind, Fire and Steel”, o Manowar conquistou novamente a posição de glória para os que aguardavam ansiosos por uma nova passagem da banda pelo país. E, se as palavras forem verdadeiras, eles voltarão em breve para mais uma reunião da música que celebra não só o metal, mas também a positividade, a fé no sucesso e vitória, a vontade de ser sempre melhor e lutar as lutas que de fato são valiosas. Vida longa aos guerreiros do metal!

Foto: Jake Owens/ Magic Circle Entertainment


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